Versão estrelada da Nissan Frontier traz desafio: como vender picape com três marcas diferentes?
Mercedes-Benz mostrou a jornalistas sul-americanos a picape Classe X produzida na Espanha, a ser replicada pela Nissan na Argentina, junto com a Frontier e a cópia Renault Alaskan. Porta a essência do mercado brasileiro no segmento: cabine dupla, motor diesel, opção de tração total e simples.
Não é igual a Frontier e Alaskan, com diferenças inculcadas por seu DNA em isolamento termoacústico, bitolas maiores, permitindo melhor composição com as caixas de rodas, e rodar mais confortável. Ao lançamento, em 2019, três versões de decoração e motorização – o engenho Nissan 2,3-litros com um ou dois turbocompressores.
Como vender uma picape quase igual com três marcas diferentes?
Esta é a missão das diretorias comerciais das três marcas. Nissan, já presente no mercado, terá mais facilidade – apesar de resultados tíbios em vendas e da má fama de tirar produtos de fabricação. Renault deve contornar a falta de tradição no produzir e vender picapes com a maior rede revendedora, mas seu Presidente diz ser o maior desafio entender quem é o comprador da Alaskan. Mercedes não imagina ver sua versão estrelada arrancando toco ou levando transformador de energia nas grimpas do morro. Daí diferenciou-a em rolagem, uso e decoração, pretendendo o comprador para o qual o uso extremado das capacidades é coisa secundária. Pretenderá o conforto, a boa decoração, e o intangível valor de ter uma estrela na grade frontal.
Um SUV para Nissan e Renault. Mercedes?
A operação da Nissan na Argentina – dentro da pioneira fábrica Ika e agora Renault em Córdoba – não será apenas o tosco processo industrial de fazer picapes. Mas projeto para o futuro, onde picapes e utilitários esporte prometem presença palpável e rentável.
Leitor da Coluna soube por antecipação mundial, a Nissan produziria uma picape com sua marca e montaria outras para a associada Renault e a avençada Mercedes. Fábrica iniciará produzir em 2018. Inicialmente com a Frontier adequada ao Brasil – atual versão mexicana se ressente da falta de ajustes -, a Alaskan ao meio do ano e a Mercedes ao final, como modelo 2019.
Operação ambiciosa soma evidências ao projeto de instalar a marca na Argentina, transformada em fornecedor de picapes para a América do Sul. Produto adicional pode ser utilitário esporte construído sobre o chassi da Frontier, recentemente apresentada na China. Leva o nome de Paladin – em mandarim nada significa… Seria produzido na Espanha pela fábrica Nissan que, além da Frontier e da Alaskan, iniciou há dias fazer a Classe X. Pode ser igual opção na operação América do Sul – exceto Mercedes, pois nas entrevistas de apresentação tal possibilidade foi negada.
Vindo à produção, reeditaria o fugaz e mal acertado XTerra, então construído sobre a Frontier de duas gerações anteriores (e que foi vendido na China com o mesmo nome do novo SUV). A fórmula é simples, mas é apenas adotada pela Toyota no fazer seu lucrativo SW4 sobre o chassi da Hilux.
VW resgata Taigun – será T-Track
Condições diversas – projeto de ter um SUV em cada segmento do mercado; busca por retomar vendas e participação no mercado doméstico; surpreendente demanda pelo recém-lançado Renault Kwid – instigaram a Volkswagen buscar nos recônditos de sua fábrica de São Bernardo do Campo, SP, o protótipo do Taigun. Foi mostrado no Salão do Automóvel de 2012, prometido para produção – e sumiu.
Mercado é dinâmico, mutante, e atuais condicionantes, como novos projeto de gestão; presidente, Pablo Di Si no maior desafio de sua carreira, e presença no Brasil de Marco Antonio Pavone, projetista do Up, facilitam o projeto. O então dito Taigun será construído sobre o próximo Up, com mudanças incluindo pequeno aumento de comprimento seguindo o mercado, e alteração frontal para absorver a tralha periférica do novo turbo aplicado ao motor 1,0-litro para gerar 123 cv.
Pela atual denominação dos SUVs da VW, teria a inicial T e a complementação Track. No segmento o grande diferencial estará no motor TSI, patrono de grandes alegrias no conduzir. Tração dianteira; possibilidade de caixa automática de seis marchas; produção em 2020.
Corajoso projeto de retomada da Nova Volkswagen, contando com um representante com cara aventureira em cada segmento, formaria uma escada: T-Track; T-Cross, sobre o Polo, produção no Brasil em 2018; Tharu, sobre o Golf na Argentina; Tiguan mexicano, 7 lugares; Atlas, com mesma lotação; Touareg.
Roda a Roda
Correção – Chery QQ sofreu aumento de preço a R$ 27 mil, ainda o mais barato do país. Marca enfrenta séria oposição do sindicato dos metalúrgicos, detendo seriadamente a produção de automóveis, a mais irregular do país.
Revisão – Suzuki reviu e melhorou seu Jimny, no país o 4×4 com menor preço. Na mecânica, pinças de freios a discos frontais foram elevadas. Conforto por volante com três raios; painel de instrumentos com novo grafismo, tela digital na versão 4Sport – R$ 76.690; 4Work Off Road, R$ 75.290; 4All, R$ 68.890.
Posição – Ante vendas, em torno de 200 unidades mensais – volume não justifica operação industrial -, fica clara uma verdade: se quem diz entender de jipe realmente o fizesse, vendas seriam muito maiores.
Desacerto – Após anos de concreta parceria, azedou o relacionamento entre a FCA e a Abracaf, associação dos revendedores Fiat: desentendida com a nova direção da companhia, intentou demanda judicial. Quer ressarcimento pelo corte de produtos, não substituição, e ausência por esvaziar vitrines, vendas, lucros. Também, por operação legal pela Fiat, com redução de impostos, sem diminuir o preço final dos veículos. Atual gestão Fiat inicia desacelerar e, assim, eventual condenação recairá sobre resultados operacionais de sucessor(es).
Lembrança – Jornal Folha de S. Paulo na 27ª edição do prêmio Top of Mind – pesquisa nacional onde se pergunta marcas de produtos mais lembradas. Em carros Volkswagen ganhou com melhor resultado em relação a 2016. Em caminhões, deu Mercedes-Benz; motos, Honda; Pirelli como pneu; Petrobras como gasolina e o seu lubrificante Lubrax.
Luxo – Final do mês Ford anunciará importação do Mustang. Hoje já não é tratado nos mercados extra-EUA como exceção, mas como Carro Universal, apto a clientes em todo o mundo, como o foi seu pioneiro antecessor Modelo T.
Idem – GM busca traçar ações para vender o concorrente Camaro. Contratou Carlos Ferreirinha, festejado consultor de luxo, para desenhar apresentação e colocação do produto no mercado.
Questão – Marcas não têm continuidade nos programas de importação. Trazem um lote, vendem, desistem, e proprietários ficam sem apoio. Tomara mudem.
Mudança – Aparentemente Ford rompeu o perigoso ciclo de prejuízos na América do Sul: tem lucros há quatro trimestres. Último, US$ 1,5 bilhão antes dos impostos, significa ter vendido 14% a mais.
Gente – Célio Galvão, jornalista, sai da Ford após 40 anos de serviço e invejáveis resultados para a marca. Quer continuar no ramo. / Carlos Eugenio Dutra, engenheiro, deixa Diretoria de Estratégia de Produto América Latina na FCA Fiat/Chrysler. Aposentadoria após 38 anos na empresa. Substituído por Bruno Kamei, 36, na Fiat desde 2003. Missão: planejar próximos veículos Fiat e Jeep para América Latina. / Erick Boccia, gerente de imprensa da Toyota, outro telefone. Deixou a japonesa. Mistérios corporativos.
Kwid puxará fila na Renault
Fábrica paranaense surpreendida e satisfeita com os bons resultados das vendas iniciais do subcompacto Kwid projeta-o como o futuro líder de vendas da marca, superando o Sandero. Para facilitar tal definição e criar espaço industrial, empresa agiu paralelamente: alterou o fornecimento do Duster para o mercado argentino. Em vez de enviá-lo do Brasil, fa-lo-á com os de produção colombiana – montados com peças brasileiras. Além do mais, dá retoques finais em fábrica para injeção de alumínio para motores 1,6 e os 1,0, estes empregados no Kwid.
No pacote está o atingimento da meta definida há alguns anos, ter 10% do mercado nacional de veículos leves. Marca hoje tem 7,8% no universo dos carros 0-km, prevendo atingir 8% nos próximos meses. Um décimo do mercado doméstico brasileiro equivale superar a Ford, sempre em 4ª posição, atrás de Volkswagen, Fiat e Chevrolet. Atual percentual situa-a atrás de Hyundai e Toyota.
Mercado nacional ainda é indefinido, e as vendas do primeiro mês do Kwid, elevando-o. Hoje demanda continua plena, sem disponibilidade para recebimento imediato; as encomendas são para dois meses de espera. O lançamento, entretanto, enfatiza Luiz Pedruccii, o primeiro brasileiro a presidir a Renault, foi de maiores atração e maior retorno de mídia espontânea no mercado nacional em 2017. Para 2018 o executivo projeta o Kwid correspondendo a 1/3 da capacidade de produção da fábrica.
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