Produção da Kombi, em setembro de 1957, marcava fim da montagem de conjuntos e começo de longa história
Visto o espelho retrovisor da história, passados seis décadas, a então pequena fábrica Volkswagen iniciou produzir seu primeiro veículo, a Kombi, em São Bernardo do Campo, SP, então município dedicado a atividade agropastoril e atividades de cerâmica. Foi produto único até novembro de 1958, quando iniciou montar o VW 1200 sedã.
Era o segundo passo da marca no país, agora de mãos dadas com o poderoso grupo econômico Monteiro Aranha, cujas providências e lobby convenceram a marca a se instalar aqui. A data assinala o fim da operação CKD – desmontada, em peças -, em instalação alugada à rua do Manifesto, bairro do Ipiranga, São Paulo, seu tíquete de ingresso para o projeto de motorização no país. O índice de nacionalização era baixo, contadas a mão de obra de montagem e algumas partes fornecidas pela nascente indústria de autopeças.
Fazer a Kombi foi o projeto mais longevo do país. Sem concorrentes – na origem alemã disputava clientes como a assemelhada Schnellaster Auto Union, não contratada pela Vemag, a credenciada local, para ser montada no Brasil. Sem provocação, nunca sofreu atualização relativamente ao modelo alemão. Aqui produziram-se as gerações T1 e T2, e ao final de sua carreira trocou o motor VW 1600 de cilindros contrapostos por um moderno 1400 de quatro cilindros em linha.
Como referência, além da longevidade, da passividade do mercado em não exigir atualização, sua história, princípio e fim estão marcados pela política. Para iniciar, financiamento do antigo BNDE e braços abertos pelo governo JK foram os definidores. Para encerrar, agradando a base política no ABC paulista, o governo petista dilatou o prazo de exigência de bolsas de ar e freios ABS, e por isto sua Última Série de 600 unidades foi levada a quase 1.500.
Governos tratam a indústria como evento de marketing, e a consequência pagaram a VW, revendedores e compradores. Ao não definir peremptoriamente o final na unidade 600, deixando rolar como conquista de pressão de funcionários, deprimiu o valor para vendas – um comprador processou a fábrica e ganhou, pois sua unidade, com preço superior pelo rótulo da exclusividade em quantitativo fechado, desvalorizou-se. Passados 4 anos do encerrar, ainda há exemplares OKm no mercado.
Uma Kombi especial, com 470 cv
Do milhão e meio de Kombis produzidas por 61 anos, em múltiplas aplicações – seis portas, oficina, gabinetes médico e dentário, escritório de advogado na implantação de Brasília, picape, carro de preso, micro-ônibus, entrega de jornais… – a mim há unidade bem característica de suas características e habilidades. É de penúltima série e pertence ao tricampeão de Fórmula 1 Nelson Piquet.
Para normal, não serve – nenhum dos dois… Piquet, car guy assumido, envolvendo-se direta e diuturnamente com sua enorme frota, mandou mudar o interior, bancos, isolamento acústico, e desenvolveu e montou a mecânica: poderosos freios a disco nas 4 rodas; suspensão revista; amortecedores a gás; rodas de Porsche; motor Audi 20-válvulas, turbo, 420 cv; transmissão ZF de cinco velocidades. Segundo diz, na hora de deixar os boys para trás, remapeia o sistema de injeção e o turbo salta de 1,0 para 1,3 atmosferas de pressão. A potência a 470 cv, e chega a 200 km/h bem rapidinho.
Os 50 anos do Patinho Feio
O apelido é honesto: o protótipo nascido há 50 anos em Brasília sobre um VW 1200 capotado, em carroceria de chapa fina, moldada à mão, estruturada por eletrodutos é, digamos, descompromissado em linhas, estilo ou design, e mesmo repaginado manteve a essência.
Chegou em segundo na corrida de estreia, a 500 Km de Brasília edição 1967, muitas voltas atrás do Alfa Romeo primeiro colocado. Mas a distância se perdeu ante o impacto da surpresa, e o improvisado veículo e seu feito ganharam a mídia, iniciando simpática carreira.
Mas tem característica ímpar. Colocou no cenário nacional o nome da Camber, pequena oficina brasiliense criada por quatro jovens amigos – Alex Ribeiro, Heládio Monteiro, Jean-Louis Fonseca e José Álvaro Vassalo. Dentre seus feitos é imbatida a relação entre produção de pilotos de Fórmula 1 por m². Do pequeno espaço saíram Alex Ribeiro; Roberto Pupo Moreno, o Mirim; e Nelson Piquet, único a vencer com ele, e depois tricampeão.
Ainda existente, o Patinho estará em destaque na festa de cinquentenário para saudar seu aparecimento, na noite do dia 12, no Brasília Palace Hotel, na Capital Federal. Convites a 500 pessoas do universo automobilístico da época. Uma festa no tempo, com direito a recordações e livro para marcar o inusitado momento.
O Honda Fit 3 e 1/2
Honda finaliza preparação das mudanças de meio de ciclo da terceira geração do Fit (na foto o modelo japonês). Alterações contidas: para-choques, faróis, agora com leds. Foco principal, aumentar o nível de equipamento da versão de topo. Em segurança, muita eletrônica e aplicação de sistemas existentes em veículos de faixa superior: controle eletrônico de estabilidade e tração, auxílio para partida em rampas, direção por motor elétrico sem escovas. Parte mecânica intocada, motor de 1,5 litro, 16V, 115/116 cv, flex, transmissão por polias variáveis, CVT.
Apresentação quase inovadora, por circuito virtual a 800 (!) jornalistas especializados, de surpreendente existência. Quanto ao contato físico com o produto, apresentações regionais. Como referência, apresentação virtual com tecnologia de época, dos anos ’80 a Fiat apresentou seu curioso produto Panorama por circuito interno da Embratel.
Roda a Roda
Jogo duro – Para participar do segmento de ônibus escolar com tração 4×4, para transportar alunos em estradas ínvias nas compras do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Agrale criou versão sobre seu jipe militar Marruá.
Maquiagem – Apto a disposição vencer caminhos difíceis por construção, com ângulos de entrada e saída para fora de estrada. Oferece Dispositivo de Poltrona Móvel – uma das poltronas se desloca até o nível do piso, atendendo aluno com dificuldade especial. Na mesma trilha faz versão para 10 adultos, criada para Bombeiros, mineradores, policiais ambientais.
Assunto – Por décadas há movimento cíclico no Brasil para a adoção do óleo diesel como combustível em automóveis. Haverá mercado? Os motores do ciclo Diesel oferecem melhor rendimento térmico e, isto permite menor consumo. Entretanto custam muito mais relativamente aos de ciclo Otto, a gasolina ou Flex. O uso mais econômico permitiria pagar a diferença de custos?
Exemplo – Mercado vizinho, muito assemelhado ao nosso, responde: vendas de veículos leves a diesel caíram 80% em uma década.
Porquê – Questões várias: qualidade do diesel ante os novos motores; fator Brasil, onde seu uso é proibido veículos leves. Sendo maior cliente dos carros argentinos, os projetos locais deixaram de desenvolver tal opção. Se o Brasil permitir uso de diesel nos leves, a Argentina voltará a oferecer a opção. Hoje, lá, apenas Citroën e Peugeots.
Dividindo – Mais vendida dentre as picapes no Mercosul, Toyota prepara nova linha Hilux para apresentar em outubro – como a Coluna antecipou. Poucas mudanças, muitas versões. Empresa trilhará o caminho ora adotado pela Ford, criando variáveis sobre cada produto para reduzir preços e aumentar vendas.
Fórmula – Não há mágica, mas a providência prática de olhar a prateleira de acessórios e equipamentos, escolhendo para embonecar versões mais simples, as de tração 4×2. Opção da transmissão automática também se ampliará.
Idem – Ford Ranger 2018 lidera na receita: opção de motor diesel menor, 2,2 litros, e tração 4×2 mais equipada – com a referencial caixa automática de marchas. Também traz série especial Sportrac, 2,2, automática, 4×4. Linha dispõe de três motores: 2,2 e 3,2 diesel e 2,5 Flex.
Tacada – Em época de retração no mercado dos veículos comerciais, Volkswagen vendeu 417 caminhões para Ambev renovar frota de entregadores de bebidas. Maior venda do ano, modelos Delivery 13.160 e Worker 17.190 e 23.230. Compra é medida de confiança na retomada da economia.
Caminho – Aliança Renault-Nissan e Dongfeng Motor Group criaram terceira empresa – EGT New Energy Automotive Co, Ltd. Soma competências para fornecer veículos elétricos ao maior mercado do mundo, o chinês. Aliança, com conhecimento veicular; Dongfeng com o saber fazer carros a baixo custo.
Abertura – Primeiro modelo sobre plataforma de utilitário esporte Renault-Nissan focando interconectividade inteligente. Junção das empresas em torno do mesmo objetivo é tratada como Triângulo de Ouro. Mercado chinês para elétrico prevê 330 mil unidades em 2017.
Catarata – Brasil, leia-se os formuladores de políticas públicas, mormente o Ministério do Desenvolvimento, não enxerga a enorme mudança do mercado, onde o carro elétrico puxa a preferência mundial. Não olha o futuro.
Reincidência – Já perdemos o bonde da história com o álcool combustível. Desenvolvemos tecnologia para ganho de produtividade litros x hectares plantados, mas não reduzimos o consumo dos motores a álcool.
Desempenho – Quer melhorar o rendimento do seu carro? Importadora FW sugere aplicar o Sprint Booster e filtros de ar K&N. Primeiro reduz o tempo de resposta entre a demanda via acelerador e a resposta do motor. Possui função acessória Valet, limite de rendimento para evitar entusiasmo de manobristas. Filtros K&N reduzem resistência á admissão de ar ao motor, permitindo ganhos em rendimento e consumo.
Interpretação – Mercado de usados tem vocabulário próprio. Nele, citar BMV pode não significar aportuguesamento da marca bávara BMW, porém Brasília Muito Velha… E a indicação ABS pode diferir do poderoso sistema de equilíbrio nas freadas viris, apenas descrevendo o método frenante em carros velhos e descuidados: Aperte: Bombeie; Segure…
Espaço patrocinado
Compass em edição especial
Fato auxiliar para manter a liderança no segmento, após vender 35 mil unidades em oito meses de mercado, FCA definiu nova versão sobre a de entrada do Jeep Compass. Combina o bom motor Tigershark 2,0 litros, 4 cilindros em linha, com transmissão automática Jeep Active Drive, com nove velocidades e tração nas 4 rodas. Torna-o detentor da inédita posição dentro da linha Jeep, de oferecer tração total com motor flex.
Carro tem outros predicados complementares, além do bom comportamento permitido pela combinação motor 2,0 litros, transmissão automática com 9 marchas tomada emprestada à versão diesel, e tração total. Também oferece o sistema Stop/Start, desligando o motor nas paradas, e bomba de combustível e alternador funcionando sob demanda.
Aspecto ir ao encontro do cliente para entender suas exigências também foi contemplado pelo uso de tela plana e 17,5 cm, sensível a toque, compatível com sistemas Android Auto e Apple Car Play. Outros itens, equipamentos de série, como o ar condicionado digital de duas zonas, controles de estabilidade e anticapotamento, câmera de ré, freios a disco nas 4 rodas, freio elétrico para estacionamento, auxiliar de partida em subida. Seu valor de venda sugerido é R$ 117.900.
A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars