Acrônimo de veículo para atividade esportiva, a princípio visto
como carimbo publicitário, mostrou diferenças aos SUVs tradicionais
Antigamente automóvel se dividia em poucas versões: sedã, cupê, station-wagon — ou perua, camioneta. Depois tipo jipe e picape pequeno. Agora, o leque se ampliou. Por razões de mercado mudou a morfologia, criando o SUV — Sport Utility Vehicle, veículo utilitário esporte —, com andar tentativamente confortável e habilidades superiores em serviços duros. Inspiraram-se no Jeep Station-Wagon — no Brasil dita Rural, pioneira na especialidade. Conteúdo como a tração nas quatro rodas foi mantido, e a decoração espartana foi incrementada em confortos e implementos de veículos de luxo.
O desenvolvimento dos sistemas de tração, o surgimento do diferencial intermediário, o uso da eletrônica tornaram seu uso mais amigável e fácil. Houve, também, a mudança de óptica quanto ao uso dos sistemas de tração. Antes apenas de engranzamento constante, ou acionando-se o eixo dianteiro, sempre com caixa de câmbio manual, os novos usuários não precisavam de tal adjutório no dia a dia sobre asfalto. Daí o sistema para fazer força, arrancar toco, descer à grota, carregar transformador elétrico morro acima tornou-se, pela falta de uso, componente desnecessário e caro.
SAV
A BMW, ao lançar o X5 em 1999, identificou-o em novo conceito, o SAV, acrônimo de Sports Activity Vehicle, veículo para atividade esportiva. Na prática o parágono de dinâmica esportiva, interior premium, robustez, agilidade e baixos consumo e emissões. A princípio visto como mero carimbo publicitário, o tempo cuidou de mostrar as diferenças com os SUVs, incluindo outra medida, a relação entre tamanho externo e área interna. Ou seja, quanto mais compacto, usável diuturnamente e versátil, mais adequado ao rótulo.
O SAV, ao contrário do SUV, não é feito para puxar trailer, barco, rebocar, andar fora de estrada, deslocar tralha pesada, nem tem grande altura livre do solo. Com tais diferenças visuais e de aplicativo, o sonho dos projetistas do SAV é tê-lo visto pela clientela como SUV, como ocorre. Sujeito compra um monovolume mais alto e com partes pintadas em preto e se sente poderoso, como se dirigindo Land Rover 90 na selva amazônica.
Jipinho?
No Brasil a imprensa simplifica e público trata qualquer versão de monovolume com maior altura do solo como jipinho, mesmo sem qualquer habilidade intrínseca. Jeep é do departamento de valentia, um dos poucos a criar caminho novo na história do automóvel, e jipinhos nacionais aí não se enquadram.
Assim, se lhe interessa compra de um destes veículos, verifique a ficha técnica para saber se a tração é para trabalho ou apenas uma questão de dirigibilidade em pistas molhadas e piso irregular. Se é um Jeep enfeitado como automóvel, ou automóvel querendo parecer Jeep por decoração e suspensão elevada.
Outro goiano, o Lancer
Após importar e vender para formar frota para manutenção e torná-lo conhecido, a MMCB — empresa nacional fabricando Mitsubishis em Catalão, GO — iniciou produzir o sedã Lancer no País. Período permitiu desenvolve-lo às peculiaridades local: piso e gasolina.
Bem formulado — motor em alumínio, 2,0 litros, 16 válvulas, 160 cv e importantes 20 m.kgf de torque. Tração frontal nos modelos básicos e total no GT, cinco marchas manuais ou seis virtuais pela caixa automática CVT, comando por alavanca no piso ou sob o volante. Suspensão independente nas quatro rodas, McPherson frontal e multibraço traseira. Cuidada administração de espaços, incluindo dobradiça pantográfica no porta-malas, para não subtrair espaço à bagagem. Atrativo interno, sistema multimídia e tela de 18 cm. E sensores para chuva e acendimento dos faróis, controle de áudio no volante, ar-condicionado automático.
É o mais novo e o mais nacionalizado dos Mitsubishis, pois motor agora tem partes feitas na planta de Catalão. R$ 1 bilhão aplicado em implantar fundição e nova pintura, dobrando a capacidade produtiva a 100 mil unidades/ano entre picapes L200 Triton, SUVs Pajero TR4, Dakar e crossover ASX. Lancer goiano tem coragem ao uso de rodas de 18 pol e pneus 215/45. Sua lateral, uns 9,5 cm de altura, andará na fina linha separando charme visual e as possibilidades de danos e cortes em nossa vergonhosa malha urbana e viária. Garantia de três anos, sem limite de quilometragem.
Preço, de R$ 66.490 (básico, manual) a R$ 97.490 (GT, tração AWD, câmbio CVT).
Curiosidade
Fazer o carro em Catalão, sem os custos dos importados — cara e burocrática logística de vir do Japão a Goiás, pagar 35% de imposto de importação e mais os 30% adicionais — não reduziu o preço ao consumidor.
Salão, ainda
Negócio – A fim de ser revendedor de marca pequena e elegante? A DS, antes divisão da Citroën e agora marca própria, busca nomear distribuidores nas principais capitais — São Paulo, Rio, Curitiba, Belo Horizonte e Brasília. Na foto, DS6, possível próximo lançamento no Brasil.
Caminho – Jörg Hoffmann, presidente, garantiu ser flexível o motor 1,4-litro turbo, injeção direta, a utilizar no SAV Q3 a partir de 2015, quando ambos serão produzidos na Brasil. Motor em São Carlos, SP, Q3 no Paraná, em fábricas da Volkswagen.
Credo – Hoffmann, mandado para fazer mercado, e François Dossa, da Nissan, dobrar participação e alcançar o primeiro posto em qualidade, exudam tratar o negócio como a tropa de elite e seu dístico: missão dada, missão cumprida.
Na cola – Mercado tem maior briga no segmento médio premium, entre Audi A3, BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C, marcas vendendo umas 12 mil unidades em 2014. Número indica crescimento. Mercedes 25%, segundo Dimitri Psilakis, diretor. No geral mercado cairá uns 9%.
Entusiasmo – Apresentação mais entusiasmada do Salão foi a do Jeep Renegade, por Sérgio Ferreira, diretor geral da marca. Avisou, será líder — ultrapassando Ford Ecosport e Renault Duster. Disse, a Jeep redefinirá o segmento no Brasil e, para tirar dúvidas, enfatizou “não tem pra ninguém.”
Depois do Renegade, um picape Fiat em Pernambuco
A Fiat construiu, mas será uma das inquilinas do novo espaço industrial em Goiana, PE. Entre moldar o projeto e demarrar a atividade industrial, assumiu a corporação Chrysler, unindo-se sob a razão social FCA. Tantas alterações reformataram o projeto para produzir veículos das marcas associadas. O pioneiro é o Renegade, menor na família Jeep, marca também absorvida. Logo após, um modelo Fiat.
Não é apenas adicional endereço fabril, mas iniciativa corajosa, grande, ampla, cara em seu investimento de R$ 4 bilhões, parte de projeto de políticas públicas de dispersão das atividades industriais a outros estados. Jeeps já foram montados em Jaboatão, PE, no distante 1965, pela então detentora da marca, a Willys-Overland. O ampliar do leque industrial muda a feição do empreendimento. Não será unidade fabril adicionando produção à marca Fiat, mas, em nova óptica, ao raiar do próximo ano resgatará e implantará duas marcas com pegadas no país, a citada Jeep e Dodge/Chrysler.
O espaço em Goiana, próximo ao porto de Suape, facilita importar insumos e exportar veículos, segue a vitoriosa estratégia da Fiat em atrair fornecedores ao seu entorno — sob seu teto. A grande área de 12 milhões de m² — 12 km² ou três km de frente com lateral de 4 km — recebeu 12 galpões para 17 fornecedores-parceiros, operando a logística de produção ou finalização de componentes ao lado das linhas de montagem de veículos. Reduz custos, fortalece parceria, escapa dos problemas da entrega de componentes. Capacidade industrial plena será de 250 mil unidades/ano — quatro vezes a soma da Audi, da Mercedes, em implantação, e da BMW em início de operação.
Quanto aos produtos, o pequeno Renegade foi apresentado como próximo líder do segmento. Opções de motores 1,8 flexível e 2,0 turbodiesel, câmbios manual de cinco marchas e automático com seis e nove marchas, e diferenças no padrão decorativo. Sucesso no Salão do Automóvel, quer reescrever a história do Jeep no Brasil e transformar a linha de produção pernambucana em base de exportações à América Latina.
Segundo produto terá marca Fiat. A empresa resolveu focar nos picapes, sua área de maior competência e liderança, com novo modelo, situado no espaço vago entre o líder Strada e os picapes médios. Motorização diesel fornecida pela associada FPT, tração dianteira, focando em mercado de entrega urbana e aplicações em asfalto. Quem foi ao Salão o viu, mascarado sob a capa de um sedã/cupê apresentado como FCC4 (foto). Sob as linhas instigantes está a plataforma do novo picape, com 5 m de comprimento e 2 m de largura.
Roda-a-Roda
Mudança – Processo de defenestração de Luca de Montezomolo da condução da Ferrari se desdobra: a FCA, união de Fiat, majoritária no controle da Ferrari, e Chrysler, decidiu levar a Ferrari à situação anterior, de empresa independente, fora da FCA.
A público – Lançará em bolsa 10% das ações Ferrari para captar US$ 1,5 bilhão; emitirá ações para obter US$ 2,5 bilhões; distribuirá restante aos acionistas da FCA, exceto os 10% pertencentes a Piero Lardi, herdeiro de Don Enzo e novo presidente da empresa. Ferrari, extremamente rentável, é atrativo investimento e charmosa aplicação.
Mico caro – Hyundai e Kia pagarão US$ 350 milhões — uns R$ 800 milhões — para encerrar investigação do governo dos EUA a respeito de dados falsos de consumo dos carros da marca. Lá, jogo duro quanto a consumo e emissões.
Mais – Após tímida entrada no país, marca Lexus, Toyota de topo, quer ampliar negócios com NX, novo SAV compacto. Mira assemelhados alemães VW Tiguan, Audi Q3, BMW X3. Motor 2,0-litros, injeção direta, 238 cv, caixa automática de seis marchas. Entre R$ 200 mil e R$ 230 mil. Projeta vender 600 unidades em 2015. Concorrentes, 20 vezes mais.
Profissional – Lastreado, respeitado, do ramo — foi da Petrobrás na nacionalização dos equipamentos de perfuração e do governo federal à abertura das importações, presidente da Ford —, Antônio Maciel Neto, agora nº. 1 do grupo CAOA, defende a manutenção do IPI reduzido. Sem choro, argumenta, seria compensação à queda do mercado em 2014.
Vermelho – Até setembro Ford perdeu US$ 975 milhões na América do Sul. Problemas foram em seu maior mercado, o Brasil: baixo desempenho da economia e interrupções pela Copa do Mundo e Eleições; Argentina e Venezuela, em credo comum, também perderam atividade.
Atestado – Inmetro, de metrologia, certificou o Centro Tecnológico da Mahle Metal Leve em Jacareí, SP. O laboratório, um dos 10 da empresa no mundo, desenvolve anéis de pistão, camisas de cilindros e filtros para motores flexíveis.
Imagem – Pirelli, de pneus, é marca favorita aos homens no Brasil, diz pesquisa Folha Top of Mind, com 46% das indicações. Vista por patrocínios esportivos, bons produtos, institucionais — como manter o monumento ao Cristo Redentor, Rio de Janeiro — e equipar metade dos automóveis e SUVs nacionais.
História – 85 anos no Brasil; ligada aos resultados de corridas com os carros nacionais nos anos 60, com o pneu Cinturatto, primeiro radial aqui produzido, divisor de águas em comportamento.
Mudança – Diz portal PIA, Intercar, tradicional (desde 1962) revenda carioca de automóveis Mercedes-Benz, foi comprada pelo grupo AB Paulo Simões, com bandeiras VW, Nissan, Volvo, Honda e GM. Ao nome acrescerá prefixo AB; manterá loja em Copacabana e oficina em São Cristóvão. Novo show-room possivelmente no Leblon.
Festa – MAN Latin America, dos caminhões e ônibus Volkswagen, comemora 18 anos de fábrica em Resende, RJ. Pioneira, nela aplicou o Consórcio Modular, sistema produtivo com fornecedores trabalhando na linha de montagem.
Mais – Responsável por 65% da receita do município, a presença da MAN, então VW, viabilizou ida de outras fábricas e empresas no entorno — Peugeot/Citroën, Nissan e futuramente Jaguar Land Rover.
Mudança – Fortaleza aplica sete ônibus articulados em corredor exclusivo Antônio Bezerra/Centro. Mercedes-Benz, a exemplo de Brasília, São Paulo, Rio, Vitória, Curitiba e Porto Alegre. Tem 67% do mercado de ônibus no Brasil.
Incentivo – Fenabrave, entidade dos revendedores autorizados, e Caixa Econômica fecharam ação de vendas. Correntistas tem crédito pré-aprovado, pagamento pós-Carnaval, juros de 1,35% a.m. e 36 vezes. Até final do ano.
Enzima – Neste mês promove o Salão Auto Caixa, na rede revendedora. Último, em setembro, fomentou vendas em 18%. Tático, Flávio Meneghetti, presidente da Fenabrave, não calcula impacto sobre vendas de varejo ou danos do aumento dos juros e a inflação do medo. Ação interessa às duas partes.
Também – Banco do Brasil, também oficial, busca ampliar-se na área. Oferece aos clientes BB Estilo, de maior renda, financiamento em até 60 vezes, juros a partir de 0,79% mensais, primeira parcela em 180 dias, troca com troco… Momento atual sobra dinheiro, faltam clientes.
Mercado – Querem navegar no barco da reação, findas eleições, com 13º. salário, desconto de IPI até o final do ano — e mostrar resultados ao novo de novo governo federal.
Expansão – Outra fábrica do atrevido Grupo Randon: Araraquara, interior paulista. Crê no futuro e atacará dois mercados: semirreboques canavieiros e vagões ferroviários. Início de produção em 2016. Governo paulista concedeu incentivos e fará ligação rodoviária à área, fazenda com 122 ha.
Fim – Após 26 anos acabou a TAS, Torcida Ayrton Senna. Família sem interesse em apoiar, pediu o imóvel da sede. Acervo à venda, R$ 100 mil.
Enfim – Felipe Nasr, brasiliense, chegou à Formula 1. Estará na equipe Sauber. Nasr é melhor que o team, mas era a única opção. Tem talento para acertar o carro.
Gente – Boris Feldman, jornalista, desafio. Após 35 anos no Estado de Minas, onde colocou o caderno Veículos em liderança nacional, vai-se ao jornal Hoje em Dia. Razões desconhecidas. Mercado diz, dificuldades financeiras do grande jornal mineiro atrapalham o presente, arriscam o futuro.
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A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars