Sucessor de Punto e Bravo integra ações da FCA para reaproximar Fiat do recém-perdido status de líder
Dia 31 Fiat apresentará o Argo, novo hatch, para suprir vendas de produtos descontinuados, como Punto e Bravo, além de versões de maior preço da linha Palio. Integra o pacote de ações da FCA para conquistar vendas e lucros com os produtos Fiat, e reaproximá-la do recém-perdido status de líder.
Está focado na realidade, disse-me executivo confiável, significando evitar o entusiasmo e preço causadores do fracasso do Linea — ótimo produto, não fosse a errônea pretensão em concorrer com veículos maiores. No caso, segundo a mesma fonte, o foco da FCA com o Argo será o líder Chevrolet Onix. Para ser a opção, oferecer mais: bom projeto estético; conteúdo técnico, de conforto e comunicações; bom acerto mecânico com sensações de dirigir com prazer. Quer dar-lhe a categoria de compacto premium.
GM reagiu criando a versão Effect, posicionada entre LZ e LTZ, mas deixou flanco aberto no quesito segurança: nota zero em proteção a passageiro adulto nos teste de impacto lateral do Latin NCAP.
Versão Argo sedã será produzida na Argentina ao final do ano.
Buenos Aires, junho, Salón del Automóvel
Segunda maior mostra de automóveis na América Latina, o Salón del Automóvel de Buenos Aires iniciou vender ingressos. Será nas imponentes instalações da área La Rural, 10 e 20 de junho, e compras pelo sítio www.mercadolibre.com.ar. Custam 200 pesos – quase R$ 40.
Está em expansão, em segunda fase, em crescendo de expositores. Neste ano, grande presença de marcas chinesas, algumas desconhecidas no mercado nacional; das grandes fabricantes lá instaladas e filiadas à Adefa, associação classista e organizadora do Salão, e novidades como estreia da marca Lexus – a de luxo da Toyota -; o projeto de crescimento da marca DS; novo Fiat Argo e o conversível 124 em pesquisa de mercado. Produto de interesse ao Brasil, picape VW Amarok com motor V6 de 3,0 litros. Atrações maiores, dois Paganis Zonda F Roker, esportivo de estirpe e muito preço.
A JAC e seu Dia do Fico
Semana passada a importadora da JAC Motors mostrou continuar no país, revender produtos da marca chinesa, garantir sua assistência. Fora instigada por divulgação, via grupos sociais, de cancelamento de sua inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), a certidão de nascimento sem a qual não pode funcionar (imagem).
O cancelamento era real, mas de empresa não viabilizada, união pró negócios entre a chinesa JAC Motors e a representante no Brasil, aplicando US$ 200 milhões para construir fábrica na Bahia. Mas deu errado: chineses refluíram, encerrando negócio. A difusão sugeria ser decisão nova, tornando proprietários dos veículos da marca órfãos sem assistência. Mas era coisa antiga, de fevereiro.
Rápido, Eduardo Pincigher, diretor de relacionamento corporativo, enviou comunicado à imprensa. Coisa elegante, tangencial, falava dos seis anos de operação da marca; das já vendidas 80 mil unidades; do crescimento de vendas; de novos concessionários; de 10 lançamentos próximo ano; de novo produto, o JAC T40. Abduzia a dúvida. Importação, distribuição e assistência continuam pela SNS Importadora Ltda., sob o guarda chuva corporativo do Grupo SHC.
T40, hatch “aventureiro” com tração simples, 4,13 m de comprimento, motor de 1,5 litro, 125/127 cv de potência. Mantém diferencial da marca, conteúdo: controle eletrônico de tração, auxiliar de partida em subidas, tela com 20 cm, sensor de estacionamento. Em infodiversão, kit multimídia, tela com 20 cm. R$ 60 mil. Em julho.
Novo Ecosport começa com lobby
Ford apresentou novo motor reduzido em tamanho e peso. Tricilíndrico em alumínio, 1,5 litro. Tão surpreendente quanto a potência de 137,2 cv, quase 100 cv por litro de deslocamento, foi presença de Marcos Pereira, Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Falou sobre projeto Rota 2030, de regras industriais, sucessor do atual e polêmico Inovar-Auto, regressor dos índices de nacionalização ao nível dos anos 50.
Ford está ativa em lançar e retirar motores de produção. Este descartará o Sigma de 1,6 litro, maior, mais pesado, menos potente, em uso desde 2009. Apresentação sem dados maiores sobre o engenho, exceto ser projeto moderno, com coletor de escapamento incorporado ao cabeçote, duplo comando com balancins roletados para as válvulas, árvore de balanceamento, ao contrário da solução aplicada no Ka 1,0, equilibrado por desbalanceamento no volante motor. Tracionará versões de menor preço no Ecosport revisitado, cuja apresentação está em definição de agendas.
Roda a Roda
Só – O carro autônomo estará à venda em 2019, diz Elon Musk, o sul-africano enriquecido com seu negócio PayPal e dono da Tesla, a surpreendente fábrica de automóveis elétricos nos EUA. À época terão atingido o nível de autonomia 5 – hoje o pico é o 2. BMW havia previsto 10 anos para tal patamar tecnológico.
Super-Super – Mercedes e associada AMG levarão ao Salão de Frankfurt, Alemanha, 14 a 24 setembro, novo produto, tipo supercupê. Rótulo indica veículo de elevadíssimas prestações esportivas, o Mercedes AMG Project One.
O quê – Gente próxima ao projeto diz ser um Fórmula 1 estradeiro, concorrente para Ferrari La Ferrari, Bugatti Chiron, Aston Martin One-77, Pagani Huyara, McLaren P1, Porsche 918. Mecânica pretenciosa, 750 cv, da soma entre os produzidos por motor 1,6 litro e motores elétricos embutidos nas rodas.
Retomada – Marcas Peugeot, Citroën e DS, que operam sob o guarda chuva PSA, querem retomar presença, vendas, faturamento e lucros no Mercosul. Nas iniciativas, além de Citroën C3 na Argentina combinando motor 1,6 aspirado e transmissão automática 6M, no Brasil Peugeot promove testes nos 208 e 2008 e, se cliente optar por carro concorrente, ganha R$ 500.
Calço – Para viabilizar negócios, acena com programa Renova Peugeot, ação de fidelidade – entrada flexível; parcelas fixas; recompra garantida. Peugeot não enfatiza item diferencial nestes produtos: a sensação de conduzir, melhor da categoria, por acerto em direção, suspensão, freios.
Abril – Vendas de veículos leves recuaram 17,1% em abril, com 152.383 unidades. Em automóveis Onix abriu liderança sobre HB20. Depois Sandero, Gol e Corolla. Mobi acelerou com vigor, da 15a para a 9a posição.
SUV – Em utilitários esporte, Jeep Compass mantém-se líder com 3.940 vendas. Honda HR-V 3.576; Hyundai Creta 3.056 ultrapassando Jeep Renegade, 2.745. Nissan Kicks desabou – alega-se fim de estoque mexicano – e Renault Captur vendeu 793. Fábrica diz 7% acima de seu planejamento.
Picapes – Com 3.470 unidades Fiat Toro liderou vendas, com Strada vendendo 10% a menos. Após, VW Saveiro, Toyota Hilux e Chevrolet S10.
Kwid – Renault veicula filmetes sobre seu próximo produto, o Kwid. Menor da linha, foca no concorrente Up, em especial a baixa altura do solo e o pequeno espaço traseiro. Criou slogan para o modelo: o SUV dos compactos. Aposta em espaço interno e boa disposição por conta de novo motor 3-cilindros e de baixo peso – uns 800 kg. Aqui: Corcundas e Lombada. Veiculação é para provocar, pois vendas apenas em julho.
Frase – O carro é o dispositivo móvel mais importante do futuro, e o futuro está sendo escrito no Vale do Silício. Thilo Koslowski, diretor da Porsche Digital, querendo se enturmar com a mescla mecânico/digital. Adere à tese da Coluna: fabricantes tratam automóveis como se fossem telefoninho esperto com rodas.
In loco – Marca alemã criou empresa digital para saber rumos e tomar o bonde certo para o futuro, criando filial no Vale do Silício para medir os ventos do tema.
Guinness – Air France e Porsche estão no livro de recordes Guinness. Primeira cedeu avião Airbus A380, 285 t de peso bruto, 73 m de comprimento; a alemã o rebocou com SUV Cayenne S diesel, 385 cv, Aeroporto de Paris, 42 m. Imagine o sofrimento das longarinas, parafusos e pneus.
Ducati – Duas empresas negociam compra da Ducati de motos com assessoria indicada pela dona VW: SAIC Motors, sócia da VW e de meia dúzia de fabricantes na produção de veículos na China, e Hero Motor Corp, da India, de motos até 250 cm³ e motociclos. SAIC poderia ter negociado direto com a sócia.
Paura – Ducatistas mundo afora receiam perda do espírito da marca, ante a diferença de origens e a influência de chineses ou indianos num negócio com tecnologia de pico, como a Ducati. Pouco provável. Chinesa Geely comprou a Volvo; indiana Tata, a Land Rover Jaguar; a própria VW adquiriu Ducati e Lamborghini, e todas ganharam em produtos, vendas e lucros.
Gente – Herlander Zola, executivo paulista, troca. Deixa direção de vendas da Audi e vai-se à FCA. Nova diretoria em torno de publicidade e mídias digitais. Experiência ímpar, vem de teutonicamente regradas VW, BMW e Audi e aprenderá significado do latino Ordo ab Chaos – a ordem no caos -, como os concorrentes dizem funcionar a Fiat. / Nicholas Parkes, chileno, executivo, diretor de vendas FCA América do Sul. Empresa foca em aumento de exportações. /Werner Schall, suíço-brasileiro, engenheiro e marqueteiro, mudança. Deixou Mercedes-Benz, assumiu Direção de Vendas na Porsche. Das marcas Premium lidera crescimento. / Federico Goyret, argentino, novo diretor de marketing da Renault. Alejandro Botero, mexicano, novo VP Comercial. Prata da casa.
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