Três modelos a virem de Monterrey, que podem somar 15 mil veículos em 2016, trarão sobrevivência à importadora
Maior importadora do país, pagando pelo segmento não se ter feito representar institucionalmente em Brasília, a Kia Motors foi a maior penalizada pela legislação do Inovar-Auto. Criada para incentivar produção local, na prática inibiu a produtividade, pela ausência da arrasada concorrência.
A legislação impôs aos importados espécie de imposto-multa, 30 pontos percentuais aplicados sobre o IPI, insuflado sobre o Imposto de Importação. A diferença, entre importados e nacionais, é de 80% na formação do preço. Tal delta, com a base de cálculo em dólar elevado, catapulta preços, muda produtos de segmento, tornando-se sem competitividade, reduz vendas, arrisca as importadoras em perigo, faz fechar concessionárias. Aos importadores resta a esperança de, ao revisar o Inovar-Auto, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior amplie cotas sem o imposto-multa.
Kia desenha acelerada curva descendente. Emplacou 29.139 unidades em 2013; 23.793 ano passado; e presumidas 15.000 em 2015 — 50% de perda em dois anos. Ou seja, não há capacidade de sobrevivência no depender apenas da onerada produção coreana. José Luiz Gandini, representante da marca, vê 2016 com esperança, e chances de manter-se à tona com início de produção de 300 mil Kias/ano em enorme fábrica, em terreno sáfaro, próximo a Monterrey, México. De lá, três modelos destinados ao Brasil.
Sem números, quanto mais receber, melhor. Afinal, por conta de acordo comercial, parte destes veículos será importada sem ônus do Imposto de Importação. Modesto, acomodado, Gandini diz: se conseguir trazer 15 mil veículos em 2016 — mesmo número de 2015 —, terá condições de sobrevivência, detendo a queda de negócios para a importadora e para a rede de concessionários, contraída no período de 180 para 135 lojas.
Los mexicanos
Com mecânica padronizada em motor 1,6-litro flexível com potência de 139 cv, câmbio automático ou manual com seis marchas, coincidindo com o ano dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, chegarão três modelos Rio — compacto, concorrente de VW Fox e Ford Fiesta. Tal fato, automóvel batizado Rio em data importante à cidade, ocorreu em 1965 pela Vemag com a linha DKW nas comemorações do quarto centenário. Curiosamente a família Gandini revendia DKW-Vemag à época — mera coincidência, pois a denominação do novo carro vem de fora.
Outro produto será o sedã Cerato. Fechando o leque, novidade maior, agora apresentada pela Coluna como primícia: o KX3 (foto), pequeno utilitário esporte, concorrente do próximo Renault, abaixo de Ford Ecosport e Renault Duster. Lançamentos entre junho e dezembro.
FCA: Ketter novo nº. 1; Belini em posto sob medida

Fiat Chrysler Automobiles N.V. informa ascensão de Stefan Ketter, brasileiro, engenheiro, 56, à Presidência da FCA América Latina em 1º de novembro.
Antecessor Cledorvino Belini, paulistano, administrador, 66, coautor no escrever a história de lucros e liderança das empresas Fiat no Brasil, terá cargo honroso, criado sob medida: Presidente de Desenvolvimento América Latina, para relações institucionais. Reportar-se-á ao CEO mundial da FCA e será conselheiro gracioso para a Fiat no Brasil. Período de permanência nessa diretoria será decisão pessoal.
Aposentadoria previsível. Aos 66 ultrapassara a linha marcada por Sergio Marchionne, CEO da FCA, declarando sua retirada quando atingir 65.
Ketter, como a Coluna previu, seria o sucessor. Antes a sucessão pendia para Vilmar Fistarol, mas em 2013 ele assumiu a presidência da Fiat Industrial na América Latina. Ketter tem 10 anos menos que Belini, é brasileiro, mescla duas diferentes culturas empresariais, a flexível latinidade e a rigidez germânica. Responde a demanda clara — a presidência da FCA no Brasil seria, mandatoriamente, de brasileiro.
Como currículo, aqui construiu a fábrica da Volkswagen no Paraná; na Fiat, em todas as suas marcas, aplicou o WCM, World Class Manufacturing, de apuro de qualidade, e saiu-se muito bem respondendo pela construção da fábrica da FCA para fazer Jeeps em Pernambuco. Nela foi o anfitrião da festa de inauguração, efeito público de unção anterior, sedimentada por não ser transferido ao término da construção. Perguntei isto a ele em Milão, no jantar de relançamento da marca Alfa, mas se escafedeu à desnecessária resposta.
Manterá a Vice-Presidência Mundial de Manufatura e assumirá o lugar pioneiramente ocupado por Belini no board mundial da FCA NV, o GEC.
Ecosport, novo fôlego
Surpresa, perdendo histórica liderança, caindo à quarta posição em vendas com a chegada do Renault Duster e recentes Jeep Renegade e Honda HR-V, Ford reagiu com lentidão. Sem mudanças externas — sequer a opção do pneu de estepe sob a carroceria, adotada na Europa —, optou oferecer ganho mecânico: o bom motor Sigma 1,6 16V com variação do tempo de abertura das válvulas e 126/131 cv (gasolina e álcool), identificado pela sopa de letrinhas Ti-VCT, somado à caixa automatizada de seis marchas, antes conhecida pela agora banida denominação Powershift.
Processo comercial, diferencia-se no oferecer câmbio automático (ou equivalente) a preço dos concorrentes com sistema manual e, em manobra positiva, com a versão de entrada SE Direct, bem-equipada, em vendas diretas a R$ 69 mil. Quer clientela latente: portadores de necessidades especiais, aptos a adquirir veículos com caixa automática, com redução tributária, sob teto legal de R$ 70 mil. Acima do SE Direct, versões SE a R$ 71.900, Freestyle a R$ 76.900 e a Freestyle Plus por R$ 80.300.
Segurança
Momento atual, consumidor começa a se preocupar com eficiência energética e segurança, Ford homologou cadeirinhas Britax, sistema Isofix, para transportar crianças. Importou-as, vendendo nos distribuidores a R$ 2 mil.
Roda a Roda
Conversível – Em elegante volta às origens, a 1948, quando o primeiro jipe Land Rover foi apresentado com capota removível em lona, o Evoque terá versão Cabrio, conversível.
Evento – Mostrou-o em pontos de Londres, de grande concentração, em especial turistas: Harrod’s, Burberry, Brompton Road, Mayfair e Knightsbridge. Criou modelos com linhas e contornos por frisos de alumínio, como esculturas. Lançamento em 2016 e preço projetado em 36.600 Euros.
Recall – Convocação mundial da Volkswagen para trocar o chip da injeção de combustível nos motores a diesel, fora de especificações, tem data e período previstos ante a monumentalidade dos números: janeiro de 2016 a dezembro de 2017.
Tentativa – Num mundo em afunilamento contra os automóveis, Mary Barra, presidente mundial da General Motors, declarou sua empresa companhia de mobilidade pessoal. Sinaliza o futuro: veículos autônomos, programas de uso compartilhado, motores e transmissões alternativos. Aplicará US$ 5 bilhões para enfrentar novos competidores, os carros da Apple, Google e Tesla.
Autônomo – O autônomo, espécie de carro contra o carro, transformando ativo motorista em passivo passageiro, chega rápido. Para o seu, Nissan coleta dados sobre culturas, cidades, meios de transporte, etnografia e desenho.
Caminho – Quem viu, garante: Volkswagen prepara novo Gol — espécie de Golf em escala menor e conteúdo rico em conectividade. No Salão do Automóvel, outubro de 2016. Próximos dias, Golf produzido no Paraná e versões do Gol.
Freada – Estoque de automóveis e comerciais leves superam 50 dias. A partir da próxima semana este é o número de dias úteis faltantes para acabar o ano. Assim, aritmeticamente, exceto japonesas e coreana, as demais podem parar a produção para vender o estoque antes que se transforme em encalhe. Tempos difíceis para os revendedores, hora de comprar.
Aliás – Vontade de importado? Compre agora! Estoque com valor em dólar abaixo da cotação atual para viabilizar negócios. Logo iniciará galgar novos patamares até o valor praticado nas importações.
Agilidade – Aproveitando ocasião e fatos geradores de divulgação no Salão Duas Rodas, Mitsubishi se compôs com a fábrica de motos KTM. Criou versão KTM Series sobre a picape L200 Triton, na cor laranja KTM até nos pontos da costura dupla dos bancos, e extensor de caçamba com rampa de acesso, para transporte de motocicleta. 200 unidades. R$ 123.900.
Festa – Fábrica Honda no município paulista de Sumaré comemora 18 anos. Produção de Civic, Fit, City e HR-V arranha 4 milhões de unidades.
Marca – Em Curitiba Volvo produziu unidade 300 mil, caminhão extrapesado FH 4×2, motor de 540 cv, iniciando em 1979 com ônibus. Caminhões depois, com o modelo B58 e 260 cv. Diz, investimentos dão-lhe liderança tecnológica.
Outra – Também no Paraná, em Ponta Grossa, a DAF, ex-holandesa e hoje do norte-americano Paccar, festeja segundo ano de produção do extrapesado XF 105. Linha de produção terá modelo pesado, o CF 85.
Parceiro – Chandon, de champanhes e espumantes, novo co-patrocinador da equipe McLaren Honda na Fórmula 1. Quer promover-se, aderir seu espírito de abordagem espontânea ante a vida e influenciar consumo de seus produtos feitos na França, Argentina, EUA, Brasil, Austrália, Índia e China.
Especialidade – Renault calçou picape Duster Oroch com pneus Michelin LTX Force, oferecendo frenagem em distâncias menores em pistas molhadas e maior durabilidade — 35%. Diz a Michelin, traduz o compromisso da empresa: mais segurança, durabilidade e eficiência energética.
Salvação – Coleção Bertone, desta secular casa turinesa de estilo, foi arrematada pelo ASI — Automóvel Histórico Italiano. Os 79 veículos, de carruagens aos ícones recentes de estilo — Lamborghinis, Alfa Giulia Sprint e SS, Montreal, Lancia Stratus Stradale —, estavam em leilão após desentendimentos familiares, crise econômica, fatiamento da empresa e decretação de falência.
Caixa – O ASI arrematou o acervo no quadragésimo lance de emocionante e tenso leilão, ante a possibilidade do importante registro histórico da evolução do desenho e patrimônio italiano fosse exportado. Pagou 3,44 milhões de Euros e comprometeu-se com o Ministério dos Bens e Atividades Culturais a mantê-lo uno, sem vender veículos separadamente.
Exemplo – Belo ato, impensável no Brasil, onde museus se esboroam sob os narizes públicos, e acabam sob o olhar ignorantemente omisso das entidades de antigomobilismo.
Aliás – Em clima de risco de candidatura e eleição de Marta Suplicy, mudando radicalmente de partido, desconsiderando os eleitores em seu projeto pessoal de voltar à prefeitura de São Paulo, informação a antigomobilistas eleitores paulistanos: quando ministra da Cultura, nunca abriu agenda para receber o Museu Nacional do Automóvel, sofrendo ataques e ameaçado de extinção.
Gente – Fernando Malvezzi, coordenador de pós-graduação em Engenharia Automotiva do Instituto Mauá de Tecnologia, Destaque em Educação no Congresso SAE 2015, maior fórum de mobilidade do Hemisfério Sul. / Rafael Schvinger, ex-aluno do Mauá, prêmio Destaque Novos Engenheiros. Criou sistema eletrônico embarcado para monitorar comportamento de motoristas, reduzindo possibilidades de acidente./ Wilson Bricio, presidente da ZF América do Sul, generosidade. Foi explicar, no Best Practice Day, promovido pelo Lean Management, sua experiência no implantar métodos Lean. ZF reduziu idade das máquinas, melhorou uso dos ativos, qualificação e know-how de colaboradores. Caminho mandatório nos dias atuais.
Audi de volta
Vinte e cinco meses e R$ 500 milhões de investimentos após, germânica Audi volta a produzir no Brasil. Local, ala que construiu e aplicou equipamentos na fábrica do grupo Volkswagen nos arredores de Curitiba, PR. Desde o início do mês a empresa iniciou montar o sedã A3, acelera a produção, forma estoques para distribuir à rede revendedora.
Na linha de produção curitibana terá outro produto, utilizando a versátil plataforma MQB, o utilitário esporte Q3, hoje dividindo com o A3 a preferência dentre os clientes da marca. Surgirá no primeiro semestre do próximo ano.
Decisão de voltar a produzir no Brasil está baseada nos crescentes números de vendas da marca observados há alguns anos, na necessidade estratégica de ter presença industrial em mercados com capacidade de expansão, no Programa Inovar-Auto — retirando o imposto extra de 30 pontos percentuais e ausente o imposto de importação — e pela decisão do grupo Volkswagen em produzir no Brasil o motor 1,4 TFSI, com turbo e injeção direta, um dos responsáveis pelo excelente equilíbrio entre rendimento e economia. Certeza está nos números de vendas assinalados neste ano, igualando o total de 2014, sem as perdas observadas no setor.
Pretensão da Audi, baseando-se no maior mercado da América do Sul, é ocupar espaço local e fomentar presença no segmento premium. Em início de ganho de velocidade industrial, Audi pretende montar 1.500 unidades até o final do ano, e a capacidade de produção instalada é para 26.000 A3 sedãs e Q3 ao ano. Além da versão 1,4 a Audi terá como segunda variável o A3 sedã com motor de 2,0 litros.
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