Transmissão automática e melhorias em conforto buscam compradores em descenso pela situação econômica
Toyota deu um bom trato no Etios, produto de entrada no mercado. Ultrapassou mudanças cosméticas e maquiagem para assinalar nova modelia ou criar ocasião para divulgar o produto. Fez ação muito maior, a de elevar o Etios para ampliar a fatia de clientes — e conquistar os em descenso pela situação econômica. A estes migrantes, o atrativo de encontrar produto com bom recheio. Quer vender mais ampliando a faixa de compradores.
No produto, intervenções amplas. Motores de 1,3 e 1,5 litro agora nacionais, dispensam o tanquinho de álcool para partida, e construídos em nova usina, em Porto Feliz, SP, centro-oeste do estado, a 120 km de São Paulo e a 20 de Sorocaba, onde está a fábrica do Etios. Com sistema de abertura e fechamento de válvulas de acordo com a demanda, o VVT-i, ganharam mais potência e torque. Parece, a Toyota absorveu tecnologia para obter melhores resultados com o uso de álcool. Com ele, o pequeno 1,3 produz 98 cv e 12,8 m.kgf de torque; o 1,5-litro, 107 cv e 14,4 m.kgf. Com gasolina tais medidas são 88 e 12,3 ou, no 1,5-litro, 102 e 14 m.kgf.
Transmissão manual evoluiu. Agora são seis marchas com relação de diferencial mais longa. Na prática consegue-se mais rendimento, reduz-se consumo, torna-o mais agradável ao uso em estradas. Para atender demanda e instigar novos compradores chegando a esta faixa, aplicou-se antiga transmissão automática de quatro marchas a ambos os motores. É o único senão das intervenções: câmbio é antigo, pobre, sem recursos. Mecânica revista e atualizada em assistência de direção, acerto geral de suspensão.
Implementou o conteúdo com painel de instrumentos digital e função no computador de bordo capaz de, alimentado com o preço do combustível, oferecer valor final gasto. Em conforto, melhorou o isolamento acústico para melhor isolar cabine e meio ambiente. Referência importante, contém cinto de segurança com três pontos e apoio para cabeça a todos os passageiros e fixador Isofix para cadeira infantil. Garantia de três anos e custo de revisões no período de R$ 2.400. Vendas a partir de 28 de abril, preços entre R$ 44 mil e R$ 60.895.
Se buscas bom negócio, barganhe para comprar versão ora substituída, ainda encontrável nos revendedores. Dependendo da diferença de preço valerá a pena.
Roda a Roda
Começou – Sempre adiado, dia 19, segunda-feira, saiu da fábrica de Cassino, Itália, o primeiro Alfa Romeo Giulia, versão de topo da linha, ferramenta para a marca voltar ao mercado. Preço mundial, sedã esportivo com motor V6 de base Ferrari, US$ 70 mil. Sem perspectivas de chegar ao Brasil.
Freio – Terremoto na cidade de Kumamoto, Japão, atingiu 6,4 a 7,3 graus na escala Richter, responsável por morte de 42 pessoas, destruição de edifícios, estradas, pontes, infraestrutura urbana. Ante danos Toyota, Honda e Nissan detiveram produzir automóveis. Prazo curto, uma semana.
Padrão – Jaguar Land Rover apoia iniciativa dos países da União Europeia pela padronização da tecnologia empregada aos carros autônomos. Facilitará interconectividade entre marcas, produtos e controle oficiais, reduzirá possibilidades de erros – e acidentes.
Compass – Leitor da Coluna viu aqui, em antecipação mundial, o nome do terceiro produto da fábrica da FCA em Pernambuco. Substituirá dupla Patriot e Compass, e deste ficará com o nome. É utilitário esporte de tamanho superior ao Renegade, e tamanho assemelhado ao do Hyundai IX35. Seria mostrado no Salão de Nova York, mas leve despriorização no projeto postergou apresentação. Agora no Salão em São Paulo, novembro. Estrutura mecânica igual à de Renegade e Toro, tipo motor flexível de 1,75 litros e diesel de 2,0 litros, transmissões automáticas.
Jeep – Linha Jeep é a de maior demanda e lucratividade sob o guarda-chuva da FCA. Acaba de inaugurar fabrica na China, com o Renegade, e Compass deve seguir o mesmo caminho, feito na Itália, Índia e China. Utiliza o atualizadíssimo processo de World Class Manufacturing, no qual o presidente da FCA no Brasil, Stefen Ketter, é doutor. Também fará picape Jeep, em criação.
Atraso – Planos da Kia para iniciar importar do México seu modelo Rio lançando-o às vésperas dos Jogos Olímpicos, em agosto, sofrem adaptação. Trará unidades da Coreia para aproveitar a data. Mas importação sem pagar impostos, apenas a partir de outubro.
Rio – Nissan fará apresentação estática do Kicks, utilitário sobre a plataforma do March, dia 2. Quer tê-lo como carro oficial dos Jogos Olímpicos, obtendo enorme divulgação.
Para fora – BMW anunciou exportar 10 mil unidades do novo modelo X1, feito em Araquari, SC, ao mercado norte-americano. Boa declaração de qualidade, boa solução para incrementar vendas. Contratará 300 pessoas para a operação.
Para baixo – Depois do HR-V, segundo mais vendido na misturada em seu segmento, Honda prepara o WR-V. Será menor – mesmo usando a plataforma de HR-V, Fit e City – com motor 1,5. No Salão do Automóvel, outubro. No mesmo Salão, concorrente de mesmo porte pela Renault.
Negócio – Para aumentar faturamento em meio aos prejuízos da gestão partidária, Correios venderão cotas da BB Consórcios, associada ao Banco do Brasil. Quer dispor do serviço em 3.200 agências até o final do ano. Fórmula de autofinanciamento, consórcio cresceu 14% ano passado.
Sai – Nova área expositiva abrigando o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo será inaugurada dia 26. Investimento do grupo francês GL, promete novidades como ar-condicionado, estacionamento coberto, auditório. Fica próxima à rodovia dos Imigrantes, feito sobre a antiga Expo SP.
Melhor – Deve funcionar bem, pois é coisa com dono. No caso do Parque do Anhembi, empresa pública, falhas operacionais gritantes e sem reparos.
Joia – Skoda, a marca checa da VW com design atrevido, levou ao Salão de Pequim sua criação com a Preciosa, de cristais: pequenos cristais incrustados nas rodas em liga leve e no emblema.
Ecologia – Câmara Baixa do Parlamento holandês aprovou proibição de licenciamento de veículos movidos por gasolina e diesel a partir de 2025. Proposta seguirá à Câmara Alta, tipo Senado.
Mais – No pacote, proposta ao governo para investir mais na estrutura para viabilizar os carros autônomos, forma de organizar o trânsito.
Antigo – Hillary Clinton, candidata a candidata nas próximas eleições presidenciais dos EUA, tem antigo carro seu à venda. Oldsmobile Cutlass Ciera, 1986, com 33 mil milhas – uns 50 mil km. Como registro de costumes, carro era dela, mas o motorista da Casa Branca usava para as missões da antiga Primeira Dama. Costumes diferentes. Aqui teria uma frota de carros e uma leva de serviçais — e cartão corporativo.
Comparativo – Mike Lawn, então motorista, adquiriu o carro, deu-o à filha recém-habilitada, que refugou: vidros acionados por manivela, estilo dúbio… Quer US$ 8.700 – uns R$ 28 mil. Se eleita valerá mais.
Retífica RN – Coluna passada, focando o novo Hyundai HB20 Turbo, comparou diferença de preço com versão aspirada e com o VW Up TSI, usuário do equipamento. Entre os VW R$ 4 mil, não R$ 3 mil como dito.
Brasil: Mercedes ultrapassa os 60
Próxima semana Mercedes-Benz inicia o ano de comemorações de seis décadas instalada industrialmente no Brasil. Chegou antes, em 1951, no Rio de Janeiro, por representante bem articulado e bem assistido. Vendas de veículos, a conquista do mercado carioca de lotações — micro-ônibus — para transporte mais rápido, e elevados lucros, instigaram a marca a associar-se à operação e, após, adquirir as ações às herdeiras do sócio. Implantou a atual fábrica no município de São Bernardo do Campo, em pequena fazenda, com um dos lados beirando a então recém-inaugurada pista descendente da Via Anchieta, ligando o Planalto Paulista ao porto de Santos.
Foi uma das autoras da mudança de perfil da pequena São Bernardo. A posição geográfica entre o porto e o maior mercado haviam atraído outras fábricas de veículos. No setor ali estavam as pioneiras Brasmotor, montando Volkswagens e produtos Chrysler; Varam, com montagem sucessiva de norte-americanos Nash e depois Fiat; em instalação paralela a Willys-Overland. No mais, chácaras e cerâmicas. A chegada alavancou a mudança do perfil da cidade.
A chegada da Mercedes constitui-se verdadeiramente na factibilização da indústria automobilística brasileira. Àquela época pouco havia de definições quanto a produzir itens de mobilidade. De todos os operadores no setor — Ford, GM, International por si só; Chrysler por representante; VW dividindo montagem com a Brasmotor; Vemag montando Studebakers; Varam, bem instalada entretanto mudando de parceiros, e Willys surgindo em sociedade com distribuidores —, nenhum possuía operação verdadeiramente imbricada com o país. Não faziam seus motores ou peças de maior elaboração tecnológica, mas apenas montagem de componentes importados, tentavam nacionalizar alguns componentes, induzir criar uma indústria de autopeças. Na prática a operação brasileira de todas as marcas era operação superficial, sem nacionalização.
A Mercedes mudou isto e, em meio à aura de renovação política, da chegada de Juscelino Kubitschek ao poder, fez desafio e encomenda a grande empresa de fundição, a Sofunge: queria fazer motores no Brasil.
Desafio grande. Tais unidades não eram feitas na América do Sul, ante a malévola alegação de interessados em manter o país subdesenvolvido, que o calor tropical influenciaria negativamente na fundição dos blocos, dando-lhe pouca resistência e estrutura. A encomenda da Mercedes foi desafio e surpresa geral quando, ao final de 1955, anunciou a fundição do primeiro bloco — levando JK, ainda não empossado, para fazer verter o metal líquido sobre os moldes de produção.
A ação mudou o desenho de implantação da indústria. Quando da posse de JK na Presidência da República logo após, e a divulgação das providências para atrair marcas interessadas em fabricar caminhões, tratores, ônibus, jipes, e automóveis no país, a grande referência do projeto e sólido argumento do governo era ter aqui a Mercedes fazendo motores. Serviu de atrativo e de provocação às marcas já instaladas a seguir o exemplo e produzir seus motores, em vez de trazê-los das matrizes.
Outro pioneirismo foi produzir os ônibus monobloco, muito mais confortáveis, e a coragem de produzir o automóvel Classe A, o melhor dotado dentre todos os nacionais. Empresa hoje opera em três grandes fábricas: São Bernardo do Campo, SP; e Juiz Fora, MG, produzindo caminhões. E Iracemápolis, SP, em recém-inaugurada operação para fazer automóveis.
A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars