Na escolha dos melhores carros pelos leitores, lançamentos
nem sempre à frente e um marco nas categorias Fora de Linha
Para nós do Best Cars, é uma forma de comemorarmos cada aniversário deste site que já tem 15 anos. Para os fabricantes e importadores de veículos, é uma importante ferramenta de pesquisa para saber como anda sua imagem — e a dos concorrentes — em cada segmento diante dos internautas. Para aqueles que produzem ou vendem os produtos vencedores, é um excelente argumento publicitário: quem não gosta de obter o primeiro lugar na preferência de um público apaixonado pelo assunto? E para você, leitor ou leitora, estou certo de que é uma agradável oportunidade de mostrar o que pensa sobre os carros que estão — ou já estiveram — no mercado ou que povoam seus sonhos.
O assunto, claro, é a Eleição dos Melhores Carros. Desde que a realizamos pela primeira vez, em 1998, com apenas oito categorias e algumas centenas de votos, percebemos que os leitores tinham um prazer especial em escolher seus modelos favoritos, em torcer para que fossem os vencedores. Já eram várias as sugestões para que a Eleição ficasse ainda melhor: mais categorias, novos critérios para segmentar os carros, mais espaço para modelos fora de produção. Cada ideia foi estudada e muitas delas foram aproveitadas nas edições seguintes.
Certa vez, um clube do Opala parabenizou o vencedor da Eleição: via-se a foto do Tempra, até que um pesado Diplomata “despencava” sobre ele, assumindo seu posto
Na edição de 2003 já eram 16 categorias e, na de 2007, havia 20 delas. Poderiam ser mais de 27 hoje, mas sempre tivemos o cuidado de evitar um processo de votação longo demais, que pudesse afastar alguns eleitores. Vários sugeriram, por exemplo, a criação de categorias para as peruas. Só que esses modelos existem em segmentos diversos e seria preciso abrir mais duas ou três classes, que acabariam com poucas opções, dada a pouca oferta de peruas no mercado atual. Como em geral elas derivam de hatches e sedãs já existentes na Eleição, a escolha não seria tão interessante assim.
Por outro lado, algumas categorias apontam para a necessidade de nova subdivisão. É o caso dos sedãs pequenos, que há 15 anos representavam uma fatia mínima do mercado, mas ganharam espaço e hoje são um segmento bastante disputado. O resultado é haver 17 opções (e vêm outras por aí) que se distinguem em termos de motorização, conteúdo, preço e até tamanho — são vários os “compactos crescidos”, quase tão compridos quanto carros médios. É provável que uma nova categoria precise ser aberta na próxima edição.
A análise desses 15 eventos permite constatar outras mudanças no cenário do automóvel no Brasil. Entre as 16 categorias de 2003 havia apenas duas dedicadas a utilitários esporte, que somavam 25 modelos. Dez anos depois, os SUVs ocupam quatro categorias que acumulam 54 opções. Por outro lado, naquela quinta eleição havia quatro modelos de minivans médias e grandes, o suficiente para constituir uma classe própria. O encolhimento do número de opções nos anos seguintes levou à extinção da categoria.
Embora não se possa mensurar o setor de carros antigos pelos produtos disponíveis no mercado, fica evidente que cresceu muito o interesse dos brasileiros por esse tipo de automóvel — veja-se o sucesso dos eventos e encontros realizados por todo o País e, aqui no site, a grande audiência da seção Carros do Passado. Assim, na nona eleição (2007) foi segmentada por décadas de produção a categoria Carros Fora de Linha, de início com três classes e hoje com cinco.
O prestígio que damos a esses veículos sempre foi bem recebido na internet: clubes, fóruns e sites dedicados a marcas e modelos fazem campanhas para que seus membros ajudem a eleger determinados carros. Mesmo que 500 ou 1.000 votos sejam uma pequena parcela do total — recebemos mais de 32 mil nesta edição —, podem até decidir um resultado quando se trata de competição equilibrada.
Sobre essas campanhas, gosto de lembrar a rivalidade que existia entre fãs do Chevrolet Opala e do Fiat Tempra quando a categoria era uma só. Ambos os grupos promoviam intensa movimentação, que não cessava ao ser divulgado o resultado — e, para decepção do segundo time, o primeiro foi o vencedor em todas as edições. Certa vez, um clube do Opala publicou uma divertida animação na qual parabenizava o vencedor da Eleição. Para surpresa geral, o que se via era a foto do Tempra… até que, de repente, um pesado Diplomata “despencava” sobre o sedã da Fiat, assumindo o posto que sempre foi seu.
Os novos, nem sempre à frente
Memórias à parte, o que a 15ª. Eleição dos Melhores Carros trouxe de mais relevante?
É comum que os lançamentos do ano tenham bom desempenho na votação: são carros com sabor de novidade, costumam refletir as últimas tendências do mercado e, por serem (ou terem sido) alvos de intensa campanha publicitária, estão frescos na mente dos leitores. Este ano, nota-se essa vantagem em vencedores como o Chevrolet Cruze hatch, os BMWs Série 1 e Série 3, o Hyundai Azera, a Ford Ranger e o Lamborghini Aventador.
Surpreendeu a vitória do Ford Maverick, deixando para trás o maior campeão da história do evento: pela primeira vez a GM não teve hegemonia entre os modelos fora de linha
Só eles? Não: há mais um caso que merece destaque, o do Range Rover Evoque, lançado em 2011 quando a 14ª. Eleição já estava em disputa. O ousado utilitário esporte da marca inglesa chegou e venceu com nada menos que 52,9% dos votos, um total nunca visto em categorias numerosas como a sua, que conta com 16 competidores. Não é à toa que o Evoque foi o 2ª. colocado na prestigiada categoria O Carro dos Meus Sonhos, seguindo de perto o eterno campeão Porsche 911.
Entretanto, o fator novidade está longe de ser decisivo, como comprovam outras categorias. O Ford Fiesta hatch venceu quatro novos adversários, e sua versão sedã, cinco oponentes inéditos; o Audi A1 manteve a dianteira apesar da chegada do Citroën DS3; o Ford EcoSport não pôde superar o Kia Sportage e a Chevrolet Spin foi apenas 3ª. colocada. Isso mostra que os leitores, mesmo que estimulados pelos lançamentos mais recentes, continuam a prestigiar os carros que consideram melhores.
As categorias de Carros Fora de Linha não costumam reservar surpresas, pois é rara a entrada de modelos: valem apenas os produzidos no Brasil e não são considerados peruas, picapes, utilitários esporte e minivans. Mesmo assim, este ano a Eleição surpreendeu a nós mesmos com a vitória do Ford Maverick na década de 1970, deixando para trás justamente o maior campeão da história do evento e seu grande rival nos tempos de mercado, o Chevrolet Opala. Pela primeira vez a General Motors não conseguiu a hegemonia entre os modelos fora de produção — e não foi a única derrota, pois o Honda Civic se tornou o favorito na década de 2000.
Enfim, temos muitas curiosidades para lhe apresentar no resultado da 15ª Eleição, que você confere ao clicar aqui. Se tiver sugestões para que a próxima edição seja ainda melhor, convido a enviá-las pelo espaço de comentários, abaixo, ou diretamente para mim.
Fale com o editor | Editorial anterior |