Donos admitem que estilo é ponto negativo, mas elogiam consumo, espaço e outros fatores racionais
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Existem carros que conquistam pela beleza. Outros são comprados não pelo desenho, mas apesar do desenho, e acabam cativando os proprietários por outras qualidades. O Toyota Etios está no segundo grupo, pelo que mostrou a pesquisa do Best Cars com donos do hatch e do sedã.
O Etios foi desenvolvido para mercados emergentes, como o indiano, e chegou ao Brasil em 2012. O hatch oferecia as versões básica, X e XS com motor de 1,3 litro, potência de 84 cv com gasolina e 90 cv com álcool (torque de 11,9 e 12,8 m.kgf, na ordem), além da XLS de 1,5 litro (92/97 cv com 13,9 m.kgf em ambos os casos). O sedã podia vir como X, XS e XLS, sempre com motor 1,5. Transmissão manual era a única disponível.
Todos eram equipados com bolsas infláveis frontais. O X trazia direção com assistência elétrica e freios antitravamento (ABS), enquanto o XS recebia ar-condicionado e controle elétrico de vidros e travas. No XLS vinham faróis de neblina e rodas de alumínio. O porta-malas era um destaque do sedã (562 litros), mas apenas razoável no hatch (270).
Diante das críticas iniciais ao acabamento, a Toyota adotava seções do painel em preto brilhante e detalhes cromados para 2014, assim como volante esportivo no XLS. O motor do hatch XS passava a ser de 1,5 litro. Outra novidade era o “aventureiro” Etios Cross, um hatch com o mesmo motor, molduras de plástico preto e elemento dianteiro que simulava um quebra-mato. Pneus e altura de rodagem, porém, não mudavam.
Suas maiores qualidades são racionais e de satisfação ao dirigir: a mais citada é a economia de combustível, seguida por espaço interno, direção e desempenho
Pouco depois surgia o Etios de luxo, o Platinum, com bancos de couro e sensores de estacionamento traseiros. Podia ser hatch ou sedã. Na linha 2016 o XLS e o Cross ganhavam sistema de áudio com tela tátil de 7 pol, conexão HDMI e espelhamento de celular. Para o Platinum o aparelho era outro, com navegador, TV digital e toca-DVDs, mas sem espelhamento.
Novidades muito esperadas chegavam na linha 2017. Todo Etios agora podia ter transmissão automática, uma caixa simples de apenas quatro marchas. O quadro de instrumentos, ainda em posição central, passava a ser digital e a ter computador de bordo. Os motores recebiam variação de tempo de abertura das válvulas e ganhavam potência e torque. O 1,3 passava a produzir 88/98 cv e 12,3/12,8 m.kgf, enquanto o 1,5 atingia 102/107 cv e 14,0/14,4 m.kgf, na ordem. Outras mudanças eram caixa manual de seis marchas, fixações Isofix para cadeira infantil, controlador de velocidade, cinto de três pontos e encosto de cabeça para o passageiro central atrás.
Modelos iniciais do Etios, de 2012: hatch e sedã com motores de 1,3 e 1,5 litro e caixa manual; o painel ainda não havia recebido tom preto
A versão Platinum aparecia pouco depois com novos para-choques e grade dianteira, que buscavam modernizar seu estilo. Em seguida a Toyota lançava o Etios Ready, edição limitada do XS hatch automático, que recebia os para-choques do Platinum e áudio com TV e DVD. Enfim, na linha 2018, esse novo desenho era estendido a todas as versões, salvo a Cross. A caixa manual ficava restrita aos Etios X e XS: para os demais só havia a automática.
Itens racionais são destaque
Quando analisamos concorrentes como Chevrolet Onix e Prisma e Hyundai HB20, o estilo foi o ponto positivo mais destacado pelos donos. Com o Etios a situação é diferente: suas maiores qualidades são aspectos racionais e de satisfação ao dirigir. A mais citada é a economia de combustível (58%), com ambos os motores e tipos de transmissão. O espaço interno, mesmo no hatch, vem em segundo lugar (50%).
Na sequência aparecem citações à direção (39%) e ao desempenho com qualquer dos motores (37%). Os donos também elogiam a estabilidade (32%), o conforto da suspensão (29%), a dirigibilidade de maneira geral (24%) e o porta-malas do sedã (18%). Registramos ainda menções à transmissão manual, à automática, ao diâmetro de giro e ao nível de ruído (empatados em 16%).
O interior começava a evoluir para 2014, quando surgia o Etios Cross; o pacote “aventureiro” não afetava pneus ou altura de rodagem
“Bom espaço interno, economia de combustível com bom desempenho, direção elétrica leve, baixo custo de manutenção, ótimo diâmetro de giro facilitando muito as manobras. A suspensão alia bem conforto e estabilidade”, destaca Luiz Souza, de Niterói, RJ, dono de um XS 1,5 hatch manual 2016.
Qual o maior ponto negativo do Etios para os donos? É o acabamento, apontado por 29% dos participantes. O estilo aparece em segundo (24%), um fato incomum em nossas pesquisas: o usual é que esse item conste apenas como ponto positivo. Depois vêm o quadro de instrumentos usado até 2016, com leitura difícil e imprecisa, e a falta de aviso para faróis acesos ao sair do carro, já corrigida (13% cada).
Cinco itens foram citados com o mesmo percentual (11%): consumo de combustível com qualquer motor, facilidade de raspar a frente ou o fundo em obstáculos e as faltas de computador de bordo, levantamento automático dos vidros ao travar o carro e travamento das portas ao rodar.
Bancos de couro, áudio com tela de 7 pol e câmera de manobras constavam da versão Platinum, que mais tarde seria a primeira com visual renovado
“O motor é fraco. Em aceleração é muito ruim, bem como em consumo. Tudo parece ter saído de uma fábrica chinesa de quinta categoria. O acabamento é só plástico duro. Tudo está batendo. Instável em curvas, não passa segurança. Toyota, não entre na onda do mais barato”, lamenta Luiz Gerber, de Blumenau, SC, a respeito do Etios X 1,3 hatch manual 2017.
A ocorrência de defeitos no Etios tem sido das mais baixas entre os Guias de Compra. Os mais frequentes são ruídos internos (18%) e na suspensão (16%). Outros problemas foram citados por um só dono de cada vez, como caixa de direção, rolamento de embreagem, o travamento das portas a distância e vibração nas pastilhas de freio (3% cada).
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