Novos faróis rejuvenesciam a frente do Mustang 1987, que já não oferecia
motor turbo; com injeção eletrônica, o clássico V8 302 desenvolvia 200 cv
Mais 30 cv — chegando a 205 — vinham no SVO para 1985, graças a alterações no turbo, no escapamento e no comando de válvulas. Os faróis eram montados menos recuados, mas só acompanhariam a inclinação da frente no ano-modelo seguinte. O aerofólio duplo, que não fazia unanimidade, podia dar lugar a um mais discreto defletor à escolha do comprador. Nas demais versões a frente de quatro faróis era mantida, mas as rodas e pneus TRX desapareciam; em contrapartida, o GT ganhava a opção de 15 pol com pneus 225/60 e o motor 302 chegava a 210 cv. Um pacote Twister II estava disponível para o GT.
A grade desaparecia no GT — tendência
estética da Ford já empregada no
Sierra e no Taurus e que chegaria ao Escort
A versão turbo só durou até ao fim de 1986, quando a Ford resolveu se concentrar no V8 para as versões de alto desempenho. Nesse ano o V8 302 havia recebido injeção multiponto sequencial na opção mais potente (agora com 200 cv), que deixava para a história o carburador, mantido apenas no 2,3-litros básico.
Para 1987, faróis trapezoidais substituíam os antigos quatro recuados e a grade desaparecia, no GT, ou tornava-se um vão estreito no LX — tendência estética da Ford já empregada no Sierra e no Taurus e que chegaria a outros modelos, como o Escort. A aerodinâmica foi a grande beneficiada, com o Cx do hatchback baixando de 0,44 para 0,36, mas a grade frisada aplicada às lanternas traseiras dividiu opiniões e ganhou o apelido de “ralador de queijo”. Por dentro vinha um painel redesenhado. Simplificada, a gama de motores preservava apenas o 2,3 com injeção (90 cv) e o V8 302, que passava a 225 cv — uma enorme lacuna entre duas opções tão diversas.
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Os preparados
Um carro carismático como o Mustang não poderia deixar de ter versões modificadas das mais variadas formas. Muitos preparadores ofereceram e oferecem receitas para o estilo e a mecânica desse Ford que o levam a níveis espantosos de desempenho.
Com base no GT 500 de 1967, Carroll Shelby desenvolveu em exemplar único o Super Snake para uma prova promocional da Goodyear, marca de pneus que o texano vendia. O modelo recebeu motor V8 427 de competição, com cabeçotes de alumínio e bielas da versão usada em Le Mans, além de transmissão reforçada e pneus Goodyear Thunderbolt em medida 7,75-15. Restaurado, o carro foi leiloado pela Mecum Auctions, autora das fotos.
O projeto McLaren M81 surgia em 1980. O motor turbo de quatro cilindros e 2,3 litros foi preparado para fornecer estimados 175 cv, ante 132 cv do modelo de série; o carro ganhou ainda amortecedores ajustáveis Koni, rodas BBS de 15 pol com pneus 255/55, freios especiais e visual bastante esportivo com para-lamas alargados. Consta terem sido fabricadas 250 unidades.
No começo dos anos 80, empresas como a American Convertible Corporation e a Contec ofereceram transformações do carro-pônei em conversível para suprir a ausência dessa opção no catálogo da Ford. Em 1987 era apresentado o ASC McLaren, um conversível com acabamento interno em couro, rodas de 15 pol e detalhes visuais próprios.
Uma homenagem aos Mustangs de Shelby dos anos 60 era feita em 1992 pela SAAC Car Company, originária do Shelby American Automobile Club. Como Carroll estava trabalhando para a Chrysler, não poderia assinar uma preparação de carro da Ford, mas consta que o SAAC Mk II foi desenvolvido sob sua aprovação. O motor V8 302 foi modificado para fornecer 295 cv, assim como a transmissão e o chassi. Foram feitos 65 carros, sendo 17 conversíveis e uma versão R com 450 cv (a foto é da MW Classic).
A preparadora de Steve Saleen começou a fazer Mustangs bastante rápidos em 1984, quando apresentou um hatch com motor V8 302 de 175 cv, suspensão revista, rodas de 15 pol e anexos aerodinâmicos.
A mesma empresa apresentava em 1994 seu S-351, número indicativo das 351 pol³ (5,75 litros) do tradicional V8. O cupê atingia 370 cv para acelerar de 0 a 96 km/h em 5,9 segundos. A foto à esquerda mostra seu Cobra S-281. Com a reformulação de 1999, um novo S-351 era mostrado, dessa vez com compressor e 495 cv, para 0-96 em 4,6 segundos e máxima de 275 km/h.
A Roush foi uma das preparadoras mais ativas. O compressor aplicado a seu Stage 3 (estágio 3) de 2001, com o V8 de 4,6 litros, resultava em 360 cv e 51,8 m.kgf. Rodas de 18 pol, freios Brembo e anexos aerodinâmicos completavam o conjunto. Outra empresa, a Steeda, levava no mesmo ano o Mustang GT a 437 cv, também usando compressor no V8 4,6.
No evento de carros especiais Sema Show de 2003 a própria Ford revelou um Mustang fastback 1965 com o novo motor “Cammer” V8 de 5,0 litros, oferecido como item de preparação. Obtinha 420 cv com quatro carburadores Weber de corpo duplo, tinha suspensão atualizada, câmbio de cinco marchas e rodas de 15 pol com pneus 235/60 atrás.
A Roush apresentava em 2006 seu 427 R, referência à potência do V8 4,6 após a preparação com compressor e escapamento esportivo. As rodas de 18 pol combinavam-se a um pacote aerodinâmico e a suspensão era refeita. O 428 R, do ano seguinte, vinha limitado a 200 unidades com motor de 435 cv.
Também de 2006 é o Steeda Mustang Q 525. O compressor levava o motor V8 4,6 até 500 cv e 73,2 m.kgf. O conjunto recebia rodas de 18 pol e suspensão revista.
Da Alemanha, a Geiger sugeria um Mustang GT 2007 com novos para-choques, grande aerofólio e rodas cromadas de 20 pol. O motor V8 passava de 4,6 para 5,2 litros, ganhava compressor e chegava a 520 cv. Mais forte que o Shelby GT 500 da época, o carro acelerava de 0 a 100 km/h em 4,2 s.
Lee Iacocca, um dos “pais” do Mustang, revelava em 2009 uma série especial pelo 45º. aniversário do modelo. A Iacocca Silver 45th Anniversary Edition, com 45 exemplares, vinha em prata e com alterações em para-choques, grade e rodas, além de acabamento interno exclusivo. O V8 de 4,6 litros recebia opção de compressor para 400 cv.
Para comemorar os 50 anos dos primeiros trabalhos de Carroll, a Shelby lançava em 2012 a edição limitada 50th Anniversary de seus Mustangs preparados — GT 350, GTS e GT 500 Super Snake. Este último era o mais potente Mustang já feito pela empresa, com opções entre 650 e 800 cv no motor V8 e carroceria cupê ou conversível.
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