O 220 Coupé da série W187 adotava o seis-cilindros de 2,2 litros à plataforma do modelo simples 170S
W187: alternativa mais econômica
O sedã 220 (código W187) foi lançado pela Mercedes em abril de 1951 como opção mais acessível ao 300: combinava um novo motor de seis cilindros em linha e 2,2 litros, com comando no cabeçote e 80 cv, a plataforma e carroceria mais simples, basicamente as mesmas do popular 170S — mas com faróis nos para-lamas em vez de ao lado da grade, uma decisiva contribuição para a aparência pós-guerra. Esse motor M180 se provaria tão robusto e confiável que seria mantido em produção até os anos 70, com uso até mesmo no utilitário Classe G.
Um cupê não era algo que a Mercedes pretendesse desenvolver sobre a mesma base: esse tipo de carroceria sugeria um glamour que não combinava com as origens singelas do 220. Mas a ideia foi reconsiderada e, em maio de 1954, entrava em produção o 220 Coupé como opção mais cara dessa linha, baseada no chassi de madeira que já servia ao Cabriolet A e com teto 1 cm mais baixo que o desse conversível. Um teto solar de aço estava disponível.
Chassi do conversível, opção de teto solar e motor de 85 cv em um cupê que teve só 85 exemplares
Com peso de 1.440 kg, o 220 Coupé mantinha o entre-eixos do sedã, mas elevava a potência do motor para 85 cv, com os quais alcançava 140 km/h. O interior tinha conveniências como aquecedor com ventilação forçada, para atingir mais rápido uma temperatura confortável, e os freios dianteiros a tambor eram do tipo Duplex (com duas sapatas para cada roda). O câmbio manual de quatro marchas era padrão. Apenas 85 unidades do cupê foram fabricadas até 1955, uma fração dos 18.500 carros da geração W187, incluindo sedã e conversíveis.
Entre os avanços do 300 SE estavam cintos de segurança de três pontos, freios a disco nas quatro rodas e suspensão com molas pneumáticas
W180/W128: a estreia do monobloco
Enquanto o exclusivo 300 SC mantinha sua limitada produção, a Mercedes apresentava uma linha de cupês atualizados e mais acessíveis em outubro de 1956. Os modelos 220 S Coupé e 220 SE Coupé (códigos W180/W128) eram derivados dos sedãs conhecidos como Ponton, com a novidade da estrutura monobloco, mas recebiam linhas simples e mais elegantes, que incluíam para-lamas integrados ao conjunto, para-brisa e vidro traseiro envolventes e friso cromado lateral com uma quebra junto aos para-lamas posteriores.
Os 220 S e SE vinham com para-lamas integrados, vidros envolventes e o motor 2,2 com 100 cv
Além do monobloco, as novidades técnicas da série passavam por suspensão dianteira com subchassi e arrefecimento dos freios a tambor. O 220 S era menor que o 300 SC em entre-eixos (2,70 m) e largura (1,79 m), embora mais alto (1,53 m) e com o mesmo comprimento (4,70 m), e pesava 1.350 kg. O 220 S Coupé usava o mesmo motor de 2,2 litros e seis cilindros em linha do antecessor, com 100 cv e 16,5 m.kgf pelo emprego de dois carburadores — o bastante para alcançar 160 km/h. O câmbio manual de quatro marchas trazia a alavanca na coluna de direção e podia ser associado a uma embreagem automática Hydrak. No 220 SE, lançado em outubro de 1958, a injeção levava o motor a 115 cv. Essa versão foi feita até novembro de 1960.
W111/W112, os primeiros com um V8
A nova série de cupês e conversíveis, de códigos W111/W112, era apresentada em fevereiro de 1961 para marcar os 75 anos desde a criação do Benz Patent-Motorwagen, em 1886. Em busca de menor custo de produção que nos exclusivos 300 S e SC da década anterior, o processo artesanal era abandonado e decidia-se por maior compartilhamento de componentes com os sedãs da linha.
Em produção desde 1959, esses sedãs eram conhecidos como Heckflosse em alemão ou Fintail em inglês em alusão às aletas ou “rabos de peixe” nos para-lamas traseiros. O apelido, porém, não foi atribuído aos modelos de duas portas, que tinham desenho mais discreto nessa seção. Os faróis continuavam verticais com unidades de neblina incorporadas, atrás de uma lente única de plástico (abolida para exportação aos Estados Unidos, onde eram aplicados dois faróis circulares de cada lado por questão de legislação), ladeando a imponente grade, e não havia colunas centrais.
O elegante 220 SE, ou W111: faróis alongados, colunas mais finas na base e sem as aletas do sedã
Chamava atenção o vidro traseiro envolvente, que deixava as colunas finais mais estreitas na base que no topo. Era mais um elegante trabalho do projetista Friedrich Geiger, autor também do 300 SL. Embora compartilhassem o chassi, o cupê era 5 cm mais largo e 8,5 cm mais baixo que o sedã e tinha todos os painéis de carroceria exclusivos — a rigor, apenas faróis e grade eram aproveitados. Em comparação à série anterior W180/W128, o carro era mais longo (4,88 m), largo (1,85 m) e tinha maior entre-eixos (2,75 m), mas estava mais baixo (1,45 m). O peso começava em 1.410 kg.
O interior trazia bancos revestidos de couro, painel com aplique de madeira com conta-giros e formato convencional (sem o velocímetro vertical dos sedãs), inspirado no do 300 SL, e banco traseiro razoavelmente confortável para até três pessoas com apoio de braço retrátil no centro. A montagem mais baixa dos bancos, associada à menor altura do teto, contribuía para uma sensação mais esportiva ao volante — que era grande e com aro de buzina, como habitual.
O mesmo projeto ramificava-se em duas versões, que a Mercedes tratava como séries diferentes, distinguindo-as nos catálogos e nos saguões das concessionárias. O inicial 220 SE, com o conhecido motor de 2,2 litros ajustado para 120 cv e 19,3 m.kgf, levava o código W111. Um ano depois vinha o 300 SE ou W112, com um 3,0-litros de 160 cv e 24,2 m.kgf — ambos com seis cilindros em linha e injeção mecânica —, que oferecia opção conversível. O câmbio automático de quatro marchas (com alavanca na coluna, enquanto o manual oferecia a alternativa do console central) era novidade na linha.
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O 600 quase teve seu cupê
Este artigo teria mais um capítulo, e dos mais especiais, se um projeto da Mercedes na década de 1960 tivesse chegado ao mercado. Quanto o modelo 600 (código W100) lançado em 1963 representava o máximo em tamanho, requinte e potência para a marca da estrela, houve o estudo de um modelo de duas portas com entre-eixos mais curto (2,98 m) e comprimento de 5,32 m. Com o mesmo motor V8 de 6,3 litros e 250 cv do sedã e menor peso (ainda assim, imponentes 2.450 kg), seria outro carro de prestígio da Mercedes, mas foram construídas apenas duas unidades.
Para ler
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Mercedes-Benz S-Class – 1972-2013 – por James Taylor, editora The Crowood Press. O livro destaca os sedãs Classe S desde a geração W116, mas os cupês das séries C126, C140, C215 e C216 também são abordados em algumas das 192 páginas. Lançado em 2014.
Mercedes-Benz, The 1950s – por Bernd S. Koehling, editora Create Space. O autor fez uma série sobre a marca, da qual destacamos o volume 1 dos anos 50 (com modelos de códigos W136, W187, W186, W188 e W189) e o volume 2 (com as séries W120, W121, W180, W128 e W198), cada um com 126 páginas. As obras de 2012 anunciam amplos dados técnicos e fotos exclusivas.
Mercedes-Benz, The Modern SL Cars – por Bernd S. Koehling, Create Space. Do mesmo autor é um novo livro (2015) sobre os conversíveis SL da geração R107, o que inclui os cupês SLC (C107). Contém história e guias de compra e de restauração em 212 páginas.
Mercedes-Benz SLs & SLCs Ultimate Portfolio – por R.M. Clarke, editora Brooklands. Publicada em 2005, a compilação traz testes, comparativos e outras matérias de revistas da época da produção dos modelos R107 e C107, ou seja, de 1971 a 1989. Inclui versões 350, 380 e 450 com ambas as carrocerias, além de 500 SL e 560 SL. São 208 páginas.
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