Saem os faróis ovais, entra o vidro traseiro em curva no topo, e o cupê CL permanece requintado
C216, inovações em segurança
Uma nova geração do CL (código C216) era o destaque da Mercedes no Salão de Paris de 2006, reunindo em um formato menos formal todo o aparato tecnológico do Classe S (W221) lançado no ano anterior. O estilo incluía arcos destacados nos para-lamas, uma silhueta harmoniosa e lanternas traseiras que saíam do tradicional formato triangular. O cupê era mais um Mercedes a abandonar os quatro faróis ovalados. O vidro posterior era original, com forma curva na parte de cima, e a extremidade da tampa do porta-malas criava um sutil defletor.
As dimensões aumentavam um pouco: 5,06 metros de comprimento, 1,87 m de largura, 1,42 m de altura, 2,96 m entre eixos. O porta-malas crescia 40 litros, para 490. Sofisticado como sempre, o interior fazia farto uso de couro e madeira nobre, oferecia cinco opções de cores para o acabamento e o padrão Exclusive Passion para o CL 600 com revestimento do teto em camurça sintética e bancos especiais Designo. O sistema Comand no console controlava funções como áudio e navegador; os bancos tinham apoios laterais automáticos nas curvas, ventilação e massagem. Toca-DVDs, ar-condicionado com quatro zonas e chave presencial para acesso e partida eram itens de série.
No painel do CL 63 AMG, câmera de visão noturna; sob o capô, um novo V8 de 6,2 litros e 525 cv
O CL 500 oferecia o novo V8 de 5,5 litros com quatro válvulas por cilindro, variação de tempo de válvulas e coletor de admissão variável, que fornecia 388 cv e 54 m.kgf. No CL 600 vinha o conhecido V12 de mesma cilindrada com dois turbos, 517 cv e 84,7 m.kgf, para 0-100 em 4,6 s e máxima limitada a 250 km/h. A versão assinada pela AMG agora era a CL 63, com o V8 de 6,2 litros aspirado desenvolvido em Affalterbach pela divisão de alto desempenho. Seus 525 cv e 64,3 m.kgf empurravam todo o peso de 0 a 100 em 4,6 s. O pacote abrangia alterações em suspensão, rodas (de 19 ou 20 pol) e pneus, freios e câmbio, além de visual externo e interno.
O CL 65 AMG comemorava 40 anos da divisão esportiva com o V12 biturbo de 6,0 litros e 612 cv, que produzia torque de 102 m.kgf
O câmbio automático do CL, que passava a sete marchas no 500, trazia a alavanca na coluna de direção. O controle ativo da rolagem da carroceria agora mantinha o carro nivelado também sob forte aceleração ou frenagem e, a partir de 60 km/h, abaixava-o em 10 mm para melhor aerodinâmica. Como no Classe S, o controlador de distância à frente por meio de radar tinha alcance de 150 metros e podia retomar o movimento após a parada total. Outro recurso avançado era o Pre-Safe, que detectava a iminência de uma colisão e preparava o carro para reduzir os riscos aos ocupantes, incluindo frenagem automática com até 40% da intensidade máxima. Os faróis de xenônio autodirecionais contavam com cinco modos, do mais largo ao de maior alcance, e um sistema indicava vagas de estacionamento nas quais ele coubesse.
Avaliado pela Road & Track, o CL 63 AMG mostrou-se dócil e suave até ser provocado: “Empurrar o pé direito significa mudar seu caráter: alcançando rapidamente 145 km/h em terceira a 7.000 rpm, o carro rosna e seus pneus traseiros tentam patinar com todo o torque. Desligue os controles eletrônicos e músculos brutos serão a resposta a qualquer ação. Não é um carro esporte, mas um estradeiro de luxo e muito potente que faz bem em qualquer tempo, em qualquer velocidade”.
O CL 65 AMG retornava em 2007 com 612 cv no V12, rodas de 20 pol e edição de aniversário
O CL 65 AMG era incorporado à nova geração em abril de 2007, a tempo de comemorar 40 anos da divisão esportiva. Como no anterior, o V12 biturbo de 6,0 litros produzia 612 cv e 102 m.kgf para 0-100 km/h em 4,4 s. O pacote incluía rodas de 20 pol em alumínio forjado, freios e suspensão modificados e novo acabamento interno. O câmbio automático de cinco marchas oferecia três programas — esporte, conforto e manual —, que também alteravam a resposta do acelerador e a firmeza da suspensão. Uma série de 40 exemplares foi vendida como a 40th Anniversary Edition.
A Car and Driver aprovou o CL 65: “Ele tem um motor que amamos em cada carro no qual o experimentamos, do SL 65 AMG ao Maybach 62S. Afunde o acelerador e é melhor haver estrada livre à frente, pois toda sua força se faz abundantemente. Para não visitar a loja de pneus toda semana, alguma disciplina no pé direito deve ser exercitada. Ele é estúpido de tão rápido. Mesmo com apenas cinco marchas, há poucas velocidades de rodovia nas quais não se tenha o torque máximo à disposição. Em curvas a direção move-se com precisão fluida, mas toda estrada parece estreita em um carro tão grande”.
O CL ganhava uma edição especial em abril de 2009: a série 100 Years of the Trademark, alusiva aos 100 anos da estrela de três pontas, registrada pela Daimler em 1909. O cupê vinha com para-choques esportivos AMG, rodas de 20 pol e acabamento interno Designo em bege. Com motor V8 de 5,5 litros e 388 cv, podia ter tração integral 4Matic — oferecida desde o ano anterior para o CL 500, uma primazia entre os grandes cupês da marca.
Retoques de estilo para 2011 marcavam os novos motores; nas fotos, a série Grand Edition
Quatro anos após o lançamento, o CL passava por uma atualização no modelo 2011 — grade, para-choques, faróis e lanternas — que destacava as mudanças sob o capô: novos V6 e V8 da linha Blue Direct, com injeção direta e parada/partida automática. O V6 de 3,5 litros do CL 350 obtinha 306 cv e 37,4 m.kgf. O V8 que fazia sua estreia na marca pelo CL 500, com 4,7 litros, dois turbos, 435 cv e 71,4 m.kgf, substituía o aspirado de 5,5 litros com consumo reduzido em 22%. Vigor adicional também para o CL 63 AMG: com o novo V8 biturbo de 5,5 litros, rendia 544 cv e 81,6 m.kgf ou, com pacote AMG Performance, 563 cv e 91,8 m.kgf. De 0 a 100 bastavam 4,3 segundos e a máxima podia passar a 300 km/h com o pacote opcional.
Para a Motor Trend era o bastante para “mover o C63 com tanto gusto quanto uma lancha de corrida Cigarette. A potência surge em uma onda proverbial a baixas rotações. Igualmente impressionantes são os enormes freios — há carros de 450 kg a menos que gostariam de frear em tão pouco espaço quanto ele. O rodar é tão suave e confortável quando se pode ter do lado de cá de um Rolls — ou um iate. Desabilite as babás eletrônicas e você terá muita ação com a traseira saindo, cortesia de todo aquele torque. Mas este é um carro para cobrir distâncias com confiança e facilidade, um carro de chofer para quem na verdade não gosta de ser conduzido”. Os 60 anos de cupês Classe S eram comemorados em 2012 com a série especial CL Grand Edition das versões 500 e 600, com pacote visual AMG, rodas de 20 pol e couro em três opções de cores.
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Nas telas



Há mais de 60 anos, os cupês e conversíveis de luxo da Mercedes são usados no cinema quando o papel envolve requinte e elegância. Da geração W187 foi comum o emprego dos conversíveis 220 em filmes, como o drama Cine Majestic (The Majestic, 2001), a ação francesa Visitantes na Noite (De la Part des Copains, 1970), o drama italiano O Medo (Non Credo più all’Amore, 1954), os dramas alemães Schloß Hubertus (1954) e Ferien auf Immenhof (1957) e o drama francês Les Assassins du Dimanche (1955). Um 300 S cabriolet W188 está na comédia francesa Primavera, Outono e Amor (Le Printemps, l’Automne et l’Amour, 1955), enquanto versões 300 S roadster aparecem nos dramas Nasce Uma Estrela (A Star Is Born, 1954) e A Fonte dos Desejos (Three Coins in the Fountain, 1954).



Da série W180/W128 merecem registro os cupês 220 S da aventura O Agente do S.S. Serviço de Segurança (Agent for H.A.R.M., 1966) e do drama Direito de Amar (A Single Man, 2009), bem como os conversíveis 220 S do drama italiano Renúncia de um Trapaceiro (I Magliari, 1959), dos dramas O Nono Mandamento (Strangers When We Meet, 1960) e Bom Dia, Tristeza (Bonjour Tristesse, 1958), do suspense francês O Código é: ‘Tigre’ (Le Tigre aime la Chair Fraiche, 1964), do policial A Arte de Matar (The Big Sleep, 1978) e do policial A Morte Não Manda Aviso (The Quiller Memorandum, 1966). Versões 220 SE, também abertas, estão no drama O Dossiê de Odessa (The Odessa File, 1974) e no policial alemão Das Rätsel der Roten Orchidee (1962).



Entre os modelos W111/W112 são destaques o 280 SE do drama italiano A Amiga (L’Amica, 1969) e os conversíveis 280 SE 3.5 das comédias The Magnificent Seven Deadly Sins (1971) e Clifford (1994). Cupês SLC da geração C107 podem ser vistos nas comédias User Friendly (1990) e Car Wash, Onde Acontece de Tudo (Car Wash, 1976), no suspense francês La Menace (1977) e na aventura Running From The Guns (1987), que usa um exemplar “tunado”.



Apreciadores dos elegantes cupês C126 os encontrarão no policial Jennifer 8 – A Próxima Vítima (Jennifer Eight, 1992), nos filmes de ação Matador de Aluguel (Road House, 1989), Blitz (2011) e O Ano Mais Violento (A Most Violent Year, 2014), na aventura Big Shots (1987), nas comédias Jersey Girl (1992), Quero Ser Grande (Big, 1988) e Guerreiros Buffalo (Buffalo Soldiers, 2001) e no drama O Dublê do Diabo (The Devil’s Double, 2011). Até um 560 SEC adaptado para conversível está presente no filme policial Jogos de Adultos (Consenting Adults, 1992).



Entre as participações da geração C140 estão o filme de ação Estranhos Prazeres (Strange Days, 1995), a comédia francesa Harry Chegou para Ajudar (Harry, un Ami qui Vous Veut du Bien, 2000), o policial Um Crime Perfeito (A Perfect Murder, 1998) e a ação Shottas (2002), que usa um CL 600.



Os cupês posteriores são menos comuns nas telas. Modelos C215 aparecem no drama inglês Luminal (2004) e na comédia American Pie 2: A Segunda Vez é Ainda Melhor (American Pie 2, 2001), que usa um CL 55 AMG. A série seguinte, C216, consta da comédia As Mil Palavras (A Thousand Words, 2012) e da comédia francesa Incognito (2009). O novo C217, por enquanto, só teve participações relevantes em séries de televisão.
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