A Ranger dos asiáticos aparecia em 2012 no Brasil com avanços em conforto, mais itens de segurança e motor turbodiesel de cinco cilindros com 200 cv
A esperada nova geração
A Ranger global chegava ao Brasil em julho de 2012, depois de 17 anos de mercado da geração anterior. Mais uma vez fabricada na Argentina, adotava um desenho moderno. O comprimento aumentava em 208 mm, a largura em 54 mm, a altura em 83 mm e a distância entre eixos em 28 mm. A caçamba tinha capacidade de 1.180 litros com cabine dupla (bem mais que os 844 de antes) e nada menos que 1.800 litros com cabine simples (antes, 1.455).
As versões eram XL (para frotistas), XLS, XLT e Limited — a de topo vinha com bolsas infláveis laterais de tórax e cortinas. No interior estava um painel mais atraente, com visual típico de automóvel. Conveniências incluíam ajustes elétricos do banco do motorista, faróis e limpador de para-brisa automáticos, controle de áudio pelo volante, ar-condicionado automático com duas zonas e compartimento refrigerado no console. O sistema de áudio trazia tela de 5 pol e navegador na Limited. Imagens da câmera traseira de manobras apareciam no retrovisor interno.
O interior evoluía tanto quanto o estilo; controles eletrônicos cuidavam de estabilidade, tração, oscilação de reboque e velocidade em descidas
A linha compreendia motores turbodiesel de quatro cilindros (2,2 litros, 125 cv, 32 m.kgf) e cinco cilindros (3,2 litros, 200 cv, 48 m.kgf) e o flexível em combustível de quatro cilindros e 2,5 litros (168 cv e 24 m.kgf com gasolina, 173 cv e 24,7 m.kgf com álcool). Dessa vez as unidades a diesel eram da própria Ford, não adquiridas de terceiros. Como antes, havia opções de cabine simples ou dupla e tração traseira ou 4×4. Inédita era a transmissão automática de seis marchas para a 3,2.
Chassi e suspensão também eram novos. A dianteira substituía as barras de torção por molas helicoidais, que favorecem um rodar mais suave. Inédito no modelo, o controle de estabilidade incluía monitoramento da inclinação da carroceria para afastar o risco de capotar, controle de velocidade em descidas, assistente de partida em rampa, controle de oscilação de reboque e assistência em frenagem de emergência. Era um bom pacote de novidades contra picapes modernas como a Chevrolet S10 de segunda geração e a Volkswagen Amarok — a Toyota Hilux ainda demoraria a ser reprojetada.
O Best Cars avaliou a versão XLT 3,2: “O espaço interno é bastante bom para o tipo de veículo. O silêncio dentro da cabine é digno de um sedã de luxo. O motor tem grande capacidade de aceleração de forma muito suave e linear. O funcionamento nem de longe faz lembrar os motores a diesel barulhentos e vibrantes de anos atrás. A 120 km/h a sensação de segurança é plena, com bom controle das oscilações pela suspensão e respostas precisas da direção. O que causa estranheza é o câmbio manual com acionamento duro e impreciso. Com a tração 4×4 e a reduzida acionadas, a picape mostrou grande capacidade de superar os obstáculos”.
A versão Sport tinha cabine simples e motor de 2,5 litros flexível com até 173 cv; mesmo o turbodiesel de entrada, de 2,2 litros, chegou a 150 cv
A Ranger XL ficava mais potente na linha 2014: passava a 150 cv e 38 m.kgf. Em seguida aparecia a versão Sport, com cabine simples e acabamento mais jovial, baseada na XLS 2,5. Tinha aplique frontal no para-choque, faixas laterais, faróis de neblina, rodas de alumínio de 17 pol, estrutura tubular (“santantônio”) e controlador de velocidade. O sistema Sync com comandos de voz para áudio e telefone, leitor de mensagens de texto e assistência de emergência vinha para 2015, ao lado de novos equipamentos de série e da versão XL chassi, com motor 2,2 a diesel e tração 4×4, destinada à instalação de implementos no lugar da caçamba.
Com controle de estabilidade que monitorava a inclinação da carroceria e a oscilação de reboque, havia boas novidades contra Chevrolet S10 e VW Amarok
A reestilização feita na Ásia chegava ao Brasil na Ranger 2017. A frente mais imponentes usava faróis elipsoidais nas versões XLT e Limited; nesta as rodas passavam para 18 pol. O interior tinha painel e volante refeitos e sistema Sync com tela tátil de 8 pol na Limited, que também recebia seções configuráveis no quadro de instrumentos e chave programável My Key. Na Limited havia controlador da distância à frente, monitor da mesma distância com alerta de proximidade, assistentes de faróis e de faixa e monitor de pressão dos pneus.
O motor 2,2 turbodiesel ganhava 10 cv para 160. A Ford adotava assistência elétrica de direção, reforçava o chassi e ampliava a garantia para cinco anos. Toda Ranger vinha de série com controle de estabilidade, sete bolsas infláveis (frontais, de joelhos para o motorista, laterais dianteiras e de cortina), encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos os ocupantes e fixação Isofix para cadeiras infantis, um pacote de segurança sem igual na categoria.
A remodelação para 2017 incluía seções configuráveis nos instrumentos, tela de 8 pol para áudio e navegador e assistências ao motorista; em cinza, a série Sportrac
Em comparativo com a Hilux SRX, o Best Cars destacou o desempenho da Ranger Limited 3,2: “A sensação ao dirigi-las no trânsito é parecida, com torque abundante e aptidão para alcançar velocidade com rapidez. Quando se exige tudo dos motores, os 23 cv a mais da Ranger falam alto e a levam de 0 a 100 km/h em 11,6 segundos contra 13,5 s da Hilux, que tem a seu favor o menor consumo em cidade. Os motores são bastante suaves para o tipo; contudo, o da Hilux se torna barulhento em rotações mais altas”. A Ranger terminou em primeiro lugar com vantagens também em itens de conveniência, caçamba e direção.
Novidade para 2018 era a série Sportrac, derivada da XLS 2,2 a diesel de cabine dupla com caixa automática de seis marchas. Trazia acabamento sem cromados e rodas de 17 pol em cinza. Na linha 2019 a XL retornava com cabine simples ou dupla, além do chassi sem caçamba, e a XLS combinava caixa automática e tração simples — ambas com o 2,2 turbodiesel. A XLT recebia banco com ajuste elétrico.
Já são 23 anos de história da Ranger no Brasil e 36 no mundo desde a primeira norte-americana, uma tradição respeitável de uma das mais relevantes picapes médias. E, afinal, a marcha pela globalização está concluída.
Mais Carros do Passado
Ficha técnica
Ranger STX V6 gasolina, cabine estendida (1995) | Ranger XLT 4×4 turbodiesel, cabine simples (1998) | Ranger Limited 4×4 turbodiesel, cabine dupla (2013) | |
Motor | |||
Posição e cilindros | longitudinal, 6 em V | longitudinal, 4 em linha | longitudinal, 5 em linha |
Comando e válvulas por cilindro | no bloco, 2 | no cabeçote, 4 | duplo no cabeçote, 4 |
Cilindrada | 4.011 cm³ | 2.505 cm³ | 3.198 cm³ |
Potência máxima | 160 cv a 4.800 rpm | 115 cv a 4.000 rpm | 200 cv a 3.000 rpm |
Torque máximo | 31,1 m.kgf a 2.750 rpm | 29 m.kgf a 1.600 rpm | 47,9 m.kgf a 1.750 rpm |
Alimentação | injeção multiponto sequencial | injeção direta, turbo e resfriador de ar | injeção direta, turbo e resfriador de ar |
Transmissão | |||
Tipo de caixa e marchas | manual, 5 | manual, 5 | automática, 6 |
Tração | traseira | integral | integral |
Freios | |||
Dianteiros | a disco ventilado | a disco ventilado | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor | a tambor | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim | sim | sim |
Suspensão | |||
Dianteira | independente Twin-I-Beam | independente, braços sobrepostos | independente, braços sobrepostos |
Traseira | eixo rígido | eixo rígido | eixo rígido |
Rodas | |||
Pneus | 225/70 R 14 | 235/75 R 15 | 265/60 R 18 |
Dimensões e peso | |||
Comprimento | 5,03 m | 5,08 m | 5,35 m |
Entre-eixos | 3,18 m | 2,99 m | 3,22 m |
Peso | 1.580 kg | 1.730 kg | 2.261 kg |
Desempenho | |||
Velocidade máxima | 171 km/h | 153 km/h | ND |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,0 s | 17,8 s | ND |
ND = não disponível |