Os modelos 207A Spider e 209A cupê da Abarth, desenhados por Boano em 1955, e o
Alfa Romeo 1900 Primavera, cupê sem coluna central, que teve pequena produção
Outro cliente ilustre encomendava, em 1955, mais um trabalho notável: o Lincoln Indianapolis, criado para Henry Ford II, filho do fundador da Ford. Um destaque estava nos escapamentos saindo dos para-lamas dianteiros. Ainda naquele ano saíram da Boano projetos como o OSCA 1100 com linhas compactas e arredondadas e faróis duplos, um cupê dois-lugares sobre mecânica Fiat 600 e diversos carros com mecânica Abarth.
O Ferrari 250 GT-b Genève, um conversível com “rabos de peixe” como os carrões norte-americanos da época, pertenceu ao mesmo dono por mais de 50 anos
Entre esses estavam o Abarth 209A cupê, com uma traseira afunilada como na série Bertone BAT; o Abarth 210A roadster, com um farol central como o do Tucker; e o Abarth 207A Spider, em versões com um e dois lugares e motor Fiat 1100 preparado. Sobre o último existe a lenda de que, não conseguindo construir as 25 unidades mínimas para homologação em competições, foram construídos 13 exemplares e tirada uma fotografia em frente a um grande espelho para aparentar que a quantidade necessária fora atingida. Mas o principal feito do ano foi o projeto do Alfa Romeo 1900 Primavera, um cupê com portas sem coluna central, produzido em 286 exemplares até 1957.
O ano de 1956 foi bastante movimentado para o encarroçador. Mais uma vez um cliente famoso aparecia na Boano: Gianni Agnelli, presidente da Fiat, encomendava um cupê de dois lugares sobre o chassi do Chrysler 300B, cujo estilo lembrava alguns carros britânicos da época. Outro Chrysler foi o Special Corvair II, cupê de grandes dimensões com chassi construído por Enrico Nardi, carroceria bicolor e frente que chegava a lembrar os Ferraris da época. Boano também construiu um carro desenhado pelo norte-americano Raymond Loewy, um cupê dois-lugares bastante futurista e aerodinâmico, apresentado no Salão de Paris, com chassi de Jaguar XK 140C e motor de 210 cv para alcançar 235 km/h.
Bob Lee com o Ferrari 250 GT-b Genève que ele possuiu por 50 anos; embaixo o
250 GT Boano de produção, o 410 Cabriolet e o Jaguar feito em parceria com Loewy
No Salão de Genebra a empresa apresentava o Ferrari 250 GT-b Genève, um conversível com traseira “rabo de peixe” como a dos carrões norte-americanos da época. O motor V12 de 3,0 litros permitia alcançar 252 km/h. O carro pertenceu ao mesmo dono — Bob Lee — por mais de 50 anos e, entre os detalhes exclusivos, trazia um símbolo da Ferrari em ouro no porta-luvas. Uma versão mais potente com carroceria muito semelhante foi construída, o Ferrari 410 Superamerica Cabriolet, que existiu também em versão cupê.
Além desses Ferraris feitos em exemplares exclusivos, Boano construiu 63 unidades do 250 GT por ele desenhado. Ainda nesse ano surgiam os cupês Alfa Romeo 1900 Super Sprint e 2000 Sports Coupe, ambos com desenho inspirado no carro de Perón, e outros Abarths — o cupê 215A e o 750 Spider, este um conversível de dois lugares com frente bicuda.
Outros carros de destaque foram o SporT.V. Fiat 1100, cupê arredondado e aerodinâmico com carroceria de alumínio e motor preparado pela Giannini; um cupê com mecânica Lancia Appia e disposição de 2+2 lugares; e o Fiat Torpedo Marina, derivado do monovolume Multipla de motor traseiro da linha 600. Produzido até 1958, ele era construído pela Savio (embora desenhado por Boano) e tinha capota aberta e bancos de vime, sendo três lugares na frente e dois bancos paralelos nas laterais para três passageiros cada.
O Fiat Torpedo Marina, um Multipla aberto para o lazer com bancos de vime,
e os sedãs 124 e 130, que Boano desenhou enquanto trabalhava na Fiat
Mais dois automóveis sobre base Fiat foram construídos em 1957: uma limusine conversível com mecânica do 1900 e o Gran Turismo, um cupê com mecânica do 1400, cuja tampa do porta-malas tinha o formato do estepe como no Lincoln Continental. Outros carros surgiam no mesmo ano: mais um cupê Alfa Romeo 1900, com colunas muito estreitas, pintura em preto e rosa e capô revestido com náilon; o Ferrari 250 GT Coupe Speciale, com traseira em “rabo de peixe”; e o Alfa Romeo Tipo 750 Corsa Abarth, um roadster com extensão aerodinâmica do apoio de cabeça do motorista, como no carro do Speed Racer.
Em 1958 Boano desenhava o Fiat 500 Spiaggina, que foi construído por Savio seguindo o mesmo conceito do Torpedo Marina — um carro aberto com bancos de vime —, mas com disposição de assentos convencional, dois lugares na frente e três atrás. Apesar do sucesso de seus carros, Boano manteve-se à frente de sua encarroçadora apenas até aquele ano, quando a vendeu, passando a empresa a se chamar Ellena. Com o filho Giampaolo, Mario foi trabalhar então no Centro de Estilo da Fiat, do qual acabou se tornando diretor até sua aposentadoria. Entre os carros que desenhou enquanto lá trabalhava estão os Fiats 124 e 130. Boano faleceu em Turim em 8 de maio de 1989.