Desempenho ao alcance de todos

Plymouth Road Runner – continuação

 

O motor de topo permanecia o V8 440 com carburador quádruplo, que agora produzia 280 cv e 51,8 m.kgf ou, com o capô especial, 290 cv e 52,5 m.kgf. No estado da Califórnia o Air Grabber não estava disponível e a potência era pouco menor por força dos limites de emissões. O leque de opções, agora mais enxuto, levava embora o motor Hemi 426, o revestimento dos bancos em couro e o controle elétrico dos vidros. Até mesmo o pacote Track Pack, disponível apenas com motor 440 e câmbio manual, não durou todo o ano-modelo.

 


“A classificação-padrão de seguro é de série”; “um carro de desempenho sem um preço

premium”: anos após o lançamento, o Road Runner ainda se apoiava no custo-benefício 

 

A versão 440 com três carburadores foi testada na Performance Car Guide, que a anunciou como “praticamente o único verdadeiro supercarro para 1972”, já que diversos “musculosos” haviam deixado o mercado ou sido convertidos em cupês de luxo com potência modesta. O carro alcançou máxima de 193 km/h, acelerou de 0 a 96 em 7,2 s e fez o quarto de milha em 14,4 s. Se em desempenho ele sobressaía, o câmbio merecia críticas: “Não conseguimos mudar de marcha rápido o bastante para explorar suas qualidades. Mas o Road Runner gruda ao asfalto como cola, é firme e realmente acelera forte. Se você conseguir fazer seu seguro e for isso mesmo que você quer, este é seu pacote”.

 

O fim da esportividade

Embora mantivesse o desenho da seção central da carroceria, o Road Runner 1973 estava bem diferente. Frente e traseira mais longas aumentavam o comprimento em 18 cm e o aspecto da dianteira estava convencional, com um espesso para-choque cromado — o antigo modelo envolvente, além de mais caro de produzir, não poderia ser usado com as novas regras de resistência a impactos do governo. Na traseira as lanternas continuavam integradas ao para-choque.

Se o capô exibia grandes nervuras, abaixo dele o Plymouth estava mais pacato. A opção de entrada era agora o V8 318 de 5,2 litros (como o usado nos Dodges brasileiros), que usava o primeiro carburador de corpo duplo da história do modelo e obtinha 170 cv. O escapamento duplo era a única diferença entre o motor do esportivo e o de qualquer outro Plymouth. Os grandes 400 e 440 permaneciam, este último com caixa automática de série, pois não atendia mais aos limites de emissões com a manual. Os dois motores inferiores podiam vir com trambulador Hurst para o câmbio manual.

 

Do lendário pássaro veloz nada mais restava: era agora um cupê de linhas sóbrias, com dois faróis circulares, lanternas traseiras verticais e para-choques imensos

 

Embora não agradassem aos entusiastas por esportivos, as novas linhas ajudaram a erguer as vendas, que cresceram 40% em relação ao ano anterior. As poucas alterações para 1974 incluíam para-choques mais resistentes, como exigia a lei, e o motor V8 340 ampliado para 360 pol³ (5,9 litros), com duplo escapamento e 233 cv. Os demais oferecidos eram o 318, o 400 e o 440, este com 275 cv.

Uma nova carroceria aparecia para 1975, baseada na plataforma B do grupo e vinculando o Road Runner ao modelo Fury, já que o antigo Fury de grande porte era renomeado Grand Fury. Do lendário pássaro veloz nada mais restava: era agora um cupê de linhas sóbrias, com dois faróis circulares, lanternas traseiras verticais e para-choques imensos. Os motores eram o 318 (com escapamento simples e 152 cv, responsável pela maior fatia das vendas), o 360 e o grande 400 que, com carburador quádruplo, oferecia 230 cv.

 


Nos modelos de 1974 a 1976 (esquerda para direita), decoração sem desempenho

 

O Road Runner como modelo terminava sua carreira ali, mas o carismático nome ganhou sobrevida por mais cinco anos. Em 1976 ele aparecia como um pacote esportivo para o modelo compacto Volaré, que substituía a dupla Valiant/Duster e usava a plataforma F da Chrysler, com entre-eixos de 2,76 m. Além de faixas decorativas, o Road adotava componentes de suspensão cedidos pelas versões de uso policial, que a deixavam mais firme.

O motor V8 318 continuava o principal na linha, com opção pelo V8 360 com carburador duplo e 160 cv vinculado a uma caixa automática de três marchas. Ao receber carburador de quatro corpos (1978) e escapamento duplo (1980) o 360 chegaria a 195 cv, que produziam desempenho interessante para a época, ajudado pelo menor peso do carro. Por outro lado, compradores interessados em economia de combustível passavam a dispor em 1979 do primeiro motor de seis cilindros em um Road Runner: o Slant Six, ou seis inclinado, com 225 pol³ (3,7 litros) e módicos 100 cv. No ano seguinte o Volaré saía de produção, levando junto o pacote esportivo.

Como muitos grandes nomes da indústria norte-americana, o Plymouth Road Runner foi desvirtuado em sua proposta para se adequar às tendências do mercado, que levaram os “carros musculosos” à extinção e colocaram modelos sem potência ou imponência em seu lugar. Mas esse esportivo inspirado em um desenho animado cumpriu, enquanto lhe permitiram, a missão para a qual foi criado: oferecer, a quem até então não tinha como participar desse clube, grandes doses de aceleração e adrenalina ao comando do pé direito.

 

Para ler

 

 

Dodge and Plymouth Muscle Car, 1964-2000 – por Peter C. Sessler, MotorBooks International. Com 208 páginas, a obra de 2001 abrange os muitos esportivos dessas duas marcas em um vasto período, que chega aos recentes Viper (primeira geração) e Plymouth Prowler.

Charger, Road Runner and Super Bee – por Paul Herd e Mike Mueller, editora MotorBooks International. As 128 páginas do livro lançado em 1994 abordam três dos mais marcantes “carros musculosos” da Chrysler, baseados na plataforma B, incluindo dados técnicos e entrevistas com projetistas da empresa.

Original Dodge and Plymouth B-Body Muscle, 1966-1970 – por Jim Schild, MotorBooks International. Outro sobre os modelos da plataforma B, com o mesmo número de páginas (128). Lançado em 2004, traz também modelos como Satellite, GTX e Coronet. Traz detalhes técnicos e de acabamento de cada modelo e ano.

Plymouth 1964-1971: Muscle Portfolio – por R.M. Clarke , editora Brooklands Books. Livro de 2003 com matérias, testes e comparativos publicados em revistas na época de produção dos carros. As 136 páginas cobrem Fury, Barracuda, Satellite, GTX, Duster e, claro, Road Runner.

Standard Catalog of American Muscle Cars, 1960-1972 – por John Gunnell, editora Krause Publications. Opção para uma visão mais geral do segmento de “musculosos” com muita informação em 320 páginas. A obra de 2006 traz mais de 340 modelos e versões.

 

Ficha técnica

Road Runner 383 (1968) Road Runner Hemi 426 (1969) Road Runner 440 (1975)
Motor
Posição e cilindros longitudinal, 8 em V
Comando e válvulas por cilindro no bloco, 2
Diâmetro e curso 109,7 x 85,8 mm 108 x 95,2 mm 110,2 x 85,8 mm
Cilindrada 6.276 cm³ 6.980 cm³ 6.555 cm³
Taxa de compressão 10:1 10,25:1 8,2:1
Potência máxima 335 cv a 5.200 rpm* 425 cv a 5.000 rpm* 230 cv a 4.200 rpm
Torque máximo 58,8 m.kgf a 3.400 rpm* 67,7 m.kgf a 4.000 rpm 47 m.kgf a 3.200 rpm
Alimentação carburador de corpo quádruplo 2 carb. de corpo quádruplo carburador de corpo quádruplo
* Potência e torque pelo método bruto
Transmissão
Tipo de câmbio e marchas manual, 4, ou automático, 3 manual ou aut., 3
Tração traseira
Freios
Dianteiros a disco
Traseiros a tambor
Antitravamento (ABS) não
Suspensão
Dianteira independente, braços sobrepostos
Traseira eixo rígido
Rodas
Pneus F70-15 F78-14
Dimensões e peso
Comprimento 5,15 m 5,43 m
Entre-eixos 2,95 m 2,92 m
Peso 1.545 kg 1.790 kg 1.765 kg
Desempenho
Velocidade máxima 190 km/h 225 km/h ND
Aceleração de 0 a 96 km/h 7,5 s 5,1 s ND
ND = não disponível

 

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