O visual estava mais atraente e, apesar da adesão ao monobloco e à suspensão
traseira independente, o Grand Vitara de 2005 não perdia o interesse em sair do asfalto
Grande evolução técnica
A Suzuki insistiu o quanto pôde na configuração clássica dos jipes — carroceria sobre chassi, eixo traseiro rígido —, mas acabou por abrir mão dela na terceira geração do Vitara ou Escudo, lançada em 2005. Como a maioria dos utilitários esporte atuais, ele adotava a construção monobloco (embora com vigas longitudinais para reforço estrutural) e suspensão traseira independente, de moderno conceito multibraço, mantendo a dianteira pelo esquema McPherson. As vantagens eram evidentes: menor espaço ocupado pelo chassi, comportamento dinâmico e conforto de marcha muito aprimorados.
As linhas ganhavam um ar atualizado e robusto, trocando as curvas por formas retilíneas e angulosas. Os arcos de para-lamas estavam bem integrados à carroceria e surgia uma larga coluna central na versão de três portas. Na traseira, o estepe continuava preso à porta e esta era aberta para o lado direito, um arranjo cada vez mais raro na categoria. O modelo estava também maior, com comprimento de 4,00 ou 4,47 m e entre-eixos de 2,44 ou 2,64 m, conforme a carroceria com três ou cinco portas.
Um motor de 1,6 litro, 16 válvulas e 106 cv era a opção básica no modelo mais curto, enquanto o longo podia vir com os de 2,0 litros e 139 cv, de 2,4 litros e 169 cv (com quatro cilindros) e V6 de 2,7 litros com 24 válvulas e 185 cv. A versão turbodiesel usava uma unidade Renault de 1,9 litro e 129 cv. O câmbio automático de quatro marchas ainda era empregado e, ao contrário da maioria de utilitários de vocação urbana, o Suzuki mantinha a tração traseira como padrão — quando não estava com a integral aplicada — e oferecia redução.
A duplicidade de distâncias entre eixos era mantida, o interior vinha modernizado e havia
um motor turbodiesel da Renault; já o XL7 deixava de pertencer à linha do Grand Vitara
E o XL7? Antes um “grande Grand Vitara”, esse modelo assumia identidade própria, sendo reprojetado sobre uma plataforma General Motors e produzido apenas no Canadá na fábrica da CAMI, junto do Chevrolet Equinox e do Pontiac Torrent, com os quais compartilhava muitos componentes.
No teste da revista inglesa Autocar com o Grand Vitara de 2,0 litros, o desempenho não se destacou: “É razoavelmente rápido, com tempo de 0 a 96 km/h em 10,8 segundos, mas acima de 3.500 rpm se torna vocal e começa a ser intrusivo perto do limite de rotações. Felizmente, é nos baixos regimes que ele parece fazer seu melhor trabalho”. A estrutura monobloco e a nova suspensão, segundo a publicação, forneciam “modos decentes na estrada, mas nada mais”.
Havia motores de 2,0 e 2,4 litros, além do V6 e do diesel; ao contrário da maioria de utilitários de vocação urbana, o Suzuki mantinha a tração traseira como padrão — quando não estava com a integral aplicada — e oferecia redução
Elogiado pela capacidade fora de estrada, o estilo e a relação custo-benefício, mas criticado pelo nível de ruído, os lentos engates do câmbio manual e a posição de dirigir mal resolvida, o Grand Vitara levou a Autocar à seguinte conclusão: “Ele desempenha adequadamente na estrada e fora dela e tem bom equipamento, mas falta refinamento ao motor. Ele era uma escolha sensata quando foi lançado, mas rivais mais recentes lhe têm dado tempos mais difíceis”. Já a Car and Driver, sobre a versão de 2,7 litros, concluiu: “Por US$ 20 mil você leva um V6, espaço para cinco e garantia de sete anos. Nada mal, mas os coreanos oferecem conteúdo comparável pelo preço e, se você começar a escolher opcionais, haverá veículos melhores aí fora”.
A renovação dos concorrentes tirou brilho do Suzuki nos últimos anos; à direita o
modelo 2012, que oferecia um potente motor V6 de 3,2 litros e 232 cv
A linha 2009 recebia leves alterações visuais e um novo motor V6 como opção de topo no lugar do antigo. Com 3,2 litros, 24 válvulas e variação de tempo de válvulas, produzia 232 cv e torque de 29 m.kgf e vinha associado a uma caixa automática de cinco marchas. Além disso, a Suzuki aplicava o variador de válvulas também ao motor 2,4 e oferecia mais bolsas infláveis e controle de velocidade para declives.
Em suas três gerações, o Suzuki Escudo, Vitara ou Grand Vitara nadou contra a corrente e não abandonou suas raízes no uso fora de estrada, diferenciando-se de utilitários esporte mais urbanos. Seja com a marca original japonesa ou com os muitos emblemas de parceiros que a empresa manteve, esse jipe valente deixou a marca de seus pneus nos quatro cantos do mundo.
Os especiais
Com a segunda geração em fim de produção, em 2005, a Suzuki apresentou nos Estados Unidos um Grand Vitara personalizado, o Sí TV Special Project. A ideia era deixar o utilitário ao gosto de Kareem Abdul-Jabbar Jr., que atuava no programa de TV The Drop. Além da pintura chamativa e de rodas especiais mais largas, o modelo recebeu escapamento esportivo, jogo Sony Playstation 2, monitores de vídeo nos encostos de cabeça, sistema multimídia e potente aparelho de áudio com amplificador de 900 watts e subwoofer de 10 pol.
No ano seguinte apareciam, também nos EUA, interessantes propostas do Grand Vitara de terceira geração para a prática de esportes. O Blizzard Grand Vitara, voltado a esportes na neve, recebia rodas esportivas, bagageiros de teto, sistemas de vídeo e jogos, aquecedor para botas e acesso à internet “para verificar a previsão do tempo”, de acordo com a Suzuki.
Já o Dune Grand Vitara, voltado ao uso em dunas e outras práticas fora de estrada, vinha com grandes pneus, suspensão elevada, para-lamas alargados, recortes na carroceria na região dos para-choques e bagageiro de teto com faróis auxiliares. A Suzuki o expôs em diversos eventos, como o Sema Show em Las Vegas.
O mais criativo era mesmo o Wave Grand Vitara. Wave é onda e isso sugeria um carro para surfistas, mas a configuração era peculiar: a versão de cinco portas tornou-se conversível, mantendo os cinco lugares. Na traseira, um compartimento deslizava sobre trilhos para fácil acesso. Com rodas especiais e tratamento estético esportivo, o Wave trazia monitores de vídeo nos encostos de cabeça e refrigerador.
Ficha técnica
Vitara V6 2,0 (1995) | Grand Vitara V6 2,5 (1999) | Grand Vitara V6 3,2 (2012) | |
MOTOR | |||
Posição e cilindros | longitudinal, 6 em V | ||
Comando e válvulas por cilindro | duplo no cabeçote, 4 | ||
Diâmetro e curso | 78 x 69,7 mm | 84 x 75 mm | 89 x 85,6 mm |
Cilindrada | 1.998 cm³ | 2.494 cm³ | 3.195 cm³ |
Taxa de compressão | 9,5:1 | 10:1 | |
Potência máxima | 135 cv a 6.500 rpm | 144 cv a 6.200 rpm | 232 cv a 6.200 rpm |
Torque máximo | 17,5 m.kgf a 4.000 rpm | 21,2 m.kgf a 3.500 rpm | 29,6 m.kgf a 3.200 rpm |
Alimentação | injeção multiponto | ||
TRANSMISSÃO | |||
Tipo de câmbio e marchas | manual, 5, ou automático, 4 | automático, 5 | |
Tração | integral | ||
FREIOS | |||
Dianteiros | a disco | a disco ventilado | |
Traseiros | a tambor | a disco | |
Antitravamento (ABS) | sim, na traseira | sim | |
SUSPENSÃO | |||
Dianteira | independente, McPherson | ||
Traseira | eixo rígido | indep. multibraço | |
RODAS | |||
Pneus | 215/65 R 16 | 235/60 R 16 | 225/65 R 17 |
DIMENSÕES | |||
Comprimento | 4,12 m | 4,20 m | 4,50 m |
Entre-eixos | 2,48 m | 2,64 m | |
Peso | 1.230 kg | 1.330 kg | 1.753 kg |
DESEMPENHO | |||
Velocidade máxima | 160 km/h | ND | |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 12,5 s | ND | |
Dados do fabricante; ND = não disponível |