Se a segunda geração crescia e ficava mais arredondada, mantinha a aptidão para uso
fora de estrada; o nome Grand Vitara era adotado em vários mercados, mas não no Japão
Embora a versão japonesa da primeira geração tenha sido substituída em 1998, outros países continuaram a produzi-la e a criar variações. Naquele ano um motor Peugeot turbodiesel de 1,9 litro, fabricado sob licença pela Santana espanhola, era adotado para mercados onde tal combustível tinha grande aceitação, o que não incluía os EUA. Três anos depois, a fábrica da General Motors na Argentina se tornava responsável pela produção de Vitaras a diesel para consumo local e exportação. Sua carreira seria encerrada em definitivo só em 2006, quando saiu da linha o último Santana 300/350.
Maior, e depois ainda maior
A demanda por um jipe mais espaçoso levou a Suzuki a fazer a segunda geração do Vitara maior, com 4,14 m de comprimento no caso do modelo de cinco portas e 8 centímetros a mais de largura. Lançado em 1998, ele vinha com formas mais arredondadas, mas preservava a identidade do original — e elementos como o estepe preso à tampa traseira, cuja abertura lateral previa a circulação japonesa, à esquerda da via, dando a esse lado o mais fácil acesso. Molduras plásticas nos arcos dos para-lamas, que haviam surgido com a versão Sport na primeira geração, agora estavam em toda a linha. O duas-portas com teto de lona ainda estava disponível.
O nome Grand Vitara era adotado na maioria dos mercados, enquanto os japoneses ainda o recebiam como Escudo e os norte-americanos chamavam a versão curta de Vitara. Os motores de quatro cilindros de 1,6 litro (97 cv) e 2,0 litros (128 cv) somavam-se a um V6 de 2,5 litros e 155 cv — todos a gasolina —, enquanto os mercados adeptos do turbodiesel tinham à disposição uma unidade de 2,0 litros com injeção eletrônica de duto único. O câmbio automático opcional era de quatro marchas e, como no modelo anterior, uma alavanca selecionava entre a tração apenas traseira e a integral, esta com redução.
As versões curta (também com capota de lona) e longa continuavam na segunda geração;
entre as novidades técnicas, motor V6 de 2,5 litros e um turbodiesel com mais potência
Na avaliação da revista Consumer Guide, nos EUA, o novo Vitara era “lento com motor de quatro cilindros, não muito mais rápido com o V6”, tendo esta última versão com câmbio automático levado “preguiçosos” 11,5 segundos para acelerar de 0 a 96 km/h no teste. Melhor era a suspensão “firme, mas nunca áspera, melhor que em alguns SUVs maiores e quase parelha à do melhor da classe, o Honda CR-V”, enquanto o nível de ruído era mais baixo que na maioria dos utilitários compactos. Sua conclusão: “O Vitara é muito melhor que o antigo Sidekick, mas nem mesmo o V6 traz um desempenho líder na classe, e o atributo mais forte da Suzuki — habilidade fora de estrada — é de pouco interesse para a maioria. Um CR-V, Toyota RAV4 ou Subaru Forester é uma opção bem melhor na maior parte dos quesitos”.
Com uma ampliação do comprimento em 56 cm, o XL7 acomodava mais duas pessoas em um pequeno banco e oferecia como motor de topo um V6 de 2,7 litros e 173 cv
E foi contra o RAV4 que o Best Cars colocou uma versão do Suzuki, o Chevrolet Tracker, em comparativo em 2001. “O motor do GM agrada para um diesel, sendo suave e até silencioso, mas seu desempenho em alta rotação é muito limitado: de 0 a 100 km/h requer longos 21,7 s, mais que qualquer carro de 1,0 litro atual. O Tracker deixa mesmo a desejar em situações de maior exigência, como trânsito rápido, ultrapassagens, subidas e o tráfego fora de estrada, sobretudo com ar-condicionado acionado e alguns passageiros. Este é seu ponto crítico e a marca sabe disso, providenciando para breve um motor Peugeot com 110 cv”, apontamos.
Nossa conclusão do confronto foi: “O Tracker tem recursos voltados ao uso fora de estrada como a redução e oferece agradável torque em baixa rotação. Produto por produto, o RAV4 agrada mais. Contudo, as vantagens do Tracker em preço, rede de concessionárias e, sobretudo, economia com combustível devem ser levadas em conta”.
Nos EUA, a revista Car and Driver não classificou o Grand Vitara entre os melhores: em comparativo de 11 utilitários esporte, a versão JLX Limited V6 obteve o nono lugar. Seus destaques foram o estilo, o interior agradável e a posição de dirigir, enquanto o comportamento da suspensão e da direção em velocidade incomodou. “Bonitinho, muito bonitinho, mas nunca tão amável quanto parece” foi a conclusão do teste.
A ampliação em 56 cm liberou espaço para mais um banco no Grand Vitara XL7, que ficou
com sete lugares e ganhou motor V6 de 2,7 litros; à direita, a reestilização feita em 2004
Uma opção ainda maior aparecia em 2001, o Grand Escudo (no Japão), Grand Vitara XL7 (na Europa) ou simplesmente XL7 (nos EUA). Com 4,70 m de comprimento, uma ampliação de 56 cm (31 dos quais no entre-eixos), acomodava mais duas pessoas em um pequeno banco — por isso o “7” na denominação. A harmonia de estilo, porém, era prejudicada. Ele oferecia como motor de topo um V6 de 2,7 litros e 173 cv e podia vir com câmbio manual ou automático e tração traseira ou integral, esta temporária e com reduzida.
Na avaliação da Car and Driver, “o espaço interno não é vasto, mas seis adultos viajaram em razoável conforto, desde que os ocupantes do banco deslizante do meio dividissem o espaço para pernas igualmente com os passageiros da última fila”. O motor V6 tinha “ampla distribuição de torque, com boas respostas a meio acelerador, e produz o tipo de som sofisticado que se espera de um moderno V6 de duplo comando, todo de alumínio. E apesar dos números modestos de desempenho (0 a 96 km/h em 9,7 segundos), o XL7 roda de maneira mais esportiva do que esperávamos”.
Esse modelo ganhava um novo desenho frontal, de aspecto discutível, em 2004. No mesmo ano a versão mais curta deixava de ser vendida nos EUA. Faltava pouco para ser aplicada ao utilitário esporte sua mais radical transformação.
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No Brasil
A Suzuki foi uma das primeiras marcas a trazer utilitários para o Brasil depois da abertura do mercado às importações. Já em 1991 estava por aqui o Vitara, oferecido em versões Canvas Top (conversível) e Metal Top (de teto rígido e fixo), ambas com o motor 1,6 de oito válvulas. Essas opções acompanharam o modelo até 1999, mas receberam a companhia de outras. Entre 1993 e 1998 foi oferecido o jipe com motor 1,6 de 16 válvulas, incluindo câmbio automático opcional, e de 1996 a 1999 a Suzuki trouxe também o V6 de 2,0 litros. Alguns chegaram com o nome Sidekick, como nos EUA.
Ainda no ano do lançamento internacional, 1998, a segunda geração aparecia por aqui com o nome Grand Vitara. Foram vendidas até 2002 — quando a Suzuki encerrou atividades no País — as versões 1,6 16V, 2,0 16V e V6 de 2,5 litros. Em 2000 o utilitário esporte passava a vir da Argentina, uma forma de reduzir a carga tributária e contornar o aumento da cotação do dólar que vinha implicando preços mais altos. Isso permitiu também que viesse uma versão turbodiesel de 2,0 litros.
No período de ausência da marca japonesa, seu público foi suprido em parte — também com interrupção — pelo Tracker da General Motors (ao lado), nada mais que o Grand Vitara argentino com a gravata-borboleta da Chevrolet. Lançado aqui em 2001, o Tracker usava um modesto motor Mazda turbodiesel de 2,0 litros e 87 cv, que não demorou a dar lugar a um Peugeot de mesma cilindrada e 109 cv. Após três anos fora do mercado nacional, o jipe voltava no modelo 2007 com motor de 2,0 litros e 128 cv a gasolina, o mesmo que já equipara o Grand Vitara, só com câmbio manual. Assim foi vendido por mais dois anos com o desenho original.
Então, em 2009, a Suzuki retornava ao Brasil e passava a trazer a terceira geração do modelo, com motores de 2,0 litros (câmbio manual ou automático) e V6 de 3,2 litros (apenas automático).
Nas telas
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As duas primeiras gerações do jipe da Suzuki têm participações relevantes no cinema. Modelos iniciais do Vitara aparecem na comédia Com a Bola Toda (Mad About Mambo, 2000) e no brasileiro Gatão de Meia Idade (2006). Mais frequente é a versão Geo Tracker vendida nos EUA, que está no filme de ação Heatstroke (2008), no de suspense A Cor da Noite (Color of Night, 1994), na ação Deixados para Trás (Left Behind, 2001) e na comédia Teenagers – As Apimentadas (Bring It On, 2000).
O Suzuki Sidekick é visto no romance A Nova Paixão de Stella (How Stella Got Her Groove Back, 1998), em versão conversível, e no filme de terror Suburban Sasquatch (2004). Há ainda um Escudo do mercado japonês em Gojira VS Mekagojira (Godzilla vs. Mechagodzilla no título em inglês, 1993).
Da segunda geração são os Chevrolets Tracker de La Última Playa (2010) e do filme de suspense Lenda Urbana 2 (Urban Legends: Final Cut, 2000). O Suzuki Grand Vitara da mesma época é visto nas comédias argentinas Todas Las Azafatas Van Al Cielo (2002) e Cleopatra (2003), enquanto um Chevrolet Grand Vitara surge em Apasionados (2002), filme do mesmo país. O terceiro modelo não tem presenças relevantes em filmes.