Viagem ao interior com jovem colaborador aprova
desempenho com ressalvas a acabamento e estabilidade
Texto: Roberto Agresti – Fotos: autor e Paulo Athayde
Atualização de 11/9/12
O fim de semana prolongado deu chance ao mais jovem dos colaboradores de Um Mês ao Volante travar contato com o Gol BlueMotion. Paulo Athayde, 22 anos, para o feriado do dia da pátria topou rumar com o Volkswagen para uma viagem ao interior de São Paulo, nas cercanias de Amparo.
Com apenas um acompanhante e pouca bagagem, Paulo fez seu primeiro comentário exaltando a conveniência que é ter um tanque de grande capacidade, 55 litros, o que é bastante para um carro de motor 1,0-litro. Mesmo abastecido com álcool, o colaborador rodou mais de 500 quilômetros nos três dias em que esteve com o Gol sem precisar parar em postos.
O consumo médio de 9,5 km/l no período foi obtido usando o acelerador “sem miséria”, como disse o motorista: “Não foi uma viagem com roteiro para buscar recorde de economia. Apesar de não ter enfrentado muito movimento tanto na ida quanto na volta, nas estradas que percorri há trechos muito travados, cheios de curvas e aclives. Além disso os passeios na região, muito montanhosa, certamente não favoreceram. Tendo em conta tudo isso, obter 9,5 km/l foi bem razoável”.
O Gol na viagem à região de Amparo, SP: desempenho melhor que o esperado e
consumo coerente de 9,5 km/l de álcool, mas com limitações em estabilidade
Para o motorista, a surpresa desse Gol veio com o desempenho na estrada: “Esperava pior. Meu carro é 1.8, tem mais de 110 cv, e assim achei que ia sofrer ao volante desse 1000, mas quando o Gol embala ele chega a ser surpreendente, vai muito bem. É claro que exige muita troca de marcha, pois as retomadas não existem sem usar o câmbio, que tem engates bons, macios e precisos”. Um ponto de que ele não gostou nada, nada foi a rotação que demora a cair quando se tira o pé do acelerador. “Ela não desce quando se troca de primeira para segunda. É preciso ter prática para não fazer o carro ‘pular’ a cada passagem de marcha”.
“Não achei uma boa posição de dirigir, talvez pela regulagem da altura do banco. Passei os três dias mexendo nos ajustes para me sentir confortável e não consegui”
Paulo ainda reserva crítica ao modo como o Gol enfrenta asfalto ruim, pisos de paralelepípedo e de blocos de concreto: “Quando o asfalto é lisinho, a suspensão mostra ter um bom ajuste, nem firme demais, nem macia. Mas no piso irregular não vai bem, passa muita vibração para dentro do carro. Acho que a culpa disso, em parte, vem da escolha dos pneus ‘verdes’ e que usam uma pressão bem alta. O pior não é o desconforto, mas a sensação ruim em curvas com ondulações, onde senti a traseira ‘se perdendo’ e os pneus se esfregando demais para a velocidade, que não era alta. Passou uma impressão de insegurança”.
A sobriedade do interior do Gol também não atraiu o jovem colaborador, que julgou os materiais usados de boa aparência e com jeito de duráveis, mas com desenho que não o agrada: “É sem graça o interior, muito cinza, sem atrativos. A parte central, onde está o sistema de áudio, parece uma adaptação. O painel também tem um posicionamento alto, que me incomodou. Não achei uma boa posição de dirigir, ou por causa dele, ou pela regulagem da altura do banco que é muito estranha, pois altera a inclinação do assento, ou pela altura fixa do volante. Passei os três dias mexendo nos ajustes do banco para me sentir confortável e não consegui”.
Se o volante com comandos e o computador de bordo agradaram Paulo, ele não
aprovou o acabamento interno e a sensação de improviso do painel central
Apesar de não ter passageiros no banco de trás, Paulo lembrou que seria muito adequado se o Gol tivesse o encosto bipartido: “Esse é um carro que muitas vezes é o único de toda uma família, e assim deve ter versatilidade. É para viajar, é para trabalho e para passeio. Pode parecer bobo, mas o encosto dividido em 2/3 e 1/3 é muito útil para se levar uma terceira pessoa e muita bagagem. O porta-malas é justinho demais, o que aumenta a necessidade do encosto dividido”.
Vale o que custa?
Se falta um mero banco bipartido, outros itens trazem praticidade: “O sistema de indicação de troca de marcha, o computador de bordo e os avisos no painel para o motorista adotar uma conduta mais econômica são válidos. Ele tem luxos como os espelhos com luz em cada quebra-sol, as duas luzes de leitura, comandos de som e telefone no volante, sensores de estacionamento no para-choque de trás e até o retrovisor direito que mostra o meio-fio quando a ré é engatada. Em compensação, o carpete é de um tipo muito mixuruca, de aparência ruim e que não parece nem mesmo durável”.
O colaborador se mostra crítico quanto a dar a um carro que deve ser barato — mas não é — ares de modelo sofisticado: “O Gol deve ser barato. Quem quer mais requinte vai de Polo ou Golf. Daí não entender esses pacotes de opcionais que deixam o carro tão caro. Eu não pagaria mesmo R$ 35 mil em um Gol 1000. Percebo que ele tem boa intenção de ser econômico e ajudar ao motorista a guiar de maneira correta para não desperdiçar combustível, mas se leva pouco carro pelo preço pedido”.
Com o devido uso do câmbio, o motor de 76 cv fornece desempenho adequado;
o porta-malas seria mais prático se a VW oferecesse banco traseiro bipartido
Ainda sobre o conteúdo do BlueMotion, ele lamenta que se pague a mais “por itens que deveriam ser de série, como freios com sistema antitravamento (ABS) e bolsas infláveis. Serão equipamentos obrigatórios em breve, mas a Volkswagen deveria dar o exemplo, equipando a linha toda antes que a lei entrasse em vigor. Acho que, para um importante segmento de jovens que se interessam por carros, a segurança e a economia são prioridades. É um antimarketing ter de ‘pedir’ ABS e airbag ao configurar qualquer carro”.
A conclusão de Paulo é de que ele não seria um cliente do Gol, e nem só pelos itens que julgou insatisfatórios, mas pela convicção de que o carro não vale o preço pedido. “Tenho gosto por automóveis e a presunção de que saberia comprar um modelo usado sem problemas. Com esse dinheiro, compraria algo que me traria bem mais prazer ao dirigir do que o Gol. Achei suas linhas bonitas, vistosas, mas o interior não me atraiu e aquele ‘pulo’ nas trocas de marcha não dá para aceitar”.
O Gol acaba de cruzar a metade da avaliação. Para a semana, a gasolina passa a ser o combustível do pequeno VW, que tem à frente uma programação de viagens e bons quilômetros na cidade também.
Atualização anterior |
Último período
5 dias |
502 km |
Distância em cidade | 182 km |
Distância em estrada | 320 km |
Tempo ao volante | 13h 29min |
Velocidade média | 37 km/h |
Consumo médio (álcool) | 9,5 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Desde o início
19 dias |
2.153 km |
Distância em cidade | 850 km |
Distância em estrada | 1.303 km |
Tempo ao volante | 63h 59min |
Velocidade média | 34 km/h |
Consumo médio (álcool) | 9,8 km/l |
Melhor marca média (álcool) | 12,9 km/l |
Pior marca média (álcool) | 7,2 km/l |
Consumo em percurso-padrão (43,2 km) | |
Álcool | 14,6 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Preço
Sem opcionais | R$ 27.990 |
Como avaliado | R$ 35.855 |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 2 |
Diâmetro e curso | 67,1 x 70,6 mm |
Cilindrada | 999 cm³ |
Taxa de compressão | 12,7:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 72/76 cv a 5.250 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 9,7/10,6 m.kgf a 3.850 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual / 5 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson |
Traseira | eixo de torção |
Rodas | |
Dimensões | 5 x 14 pol |
Pneus | 175/70 R 14 |
Dimensões | |
Comprimento | 3,895 m |
Largura | 1,656 m |
Altura | 1,464 m |
Entre-eixos | 2,465 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 55 l |
Compartimento de bagagem | 285 l |
Peso em ordem de marcha | 947 kg |
Desempenho | |
Velocidade máxima (gas./álc.) | 163/165 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h (gas./álc.) | 13,4/12,9 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |