Se em um carro com câmbio automático ou automatizado em movimento (câmbio na posição “D”) o motor parar de funcionar por qualquer motivo, o que ocorrerá? Haverá quebra do conjunto ou o sistema possui alguma forma de salvar o conjunto motor-câmbio? Best Cars é muito bom, sempre com ótimas notícias e reportagens.
Carlos Eduardo – Brasília, DF
Nos veículos atuais as centrais eletrônicas do motor e da transmissão “conversam” o tempo todo, isso quando não é uma única central que controla ambos. Como um sabe o que ocorre com o outro, não há perigo de algo estranho ou perigoso ocorrer em caso de falha de um deles. Se por algum motivo o motor deixa de funcionar, a central ordena de imediato que se desconecte a transmissão do motor por meio da embreagem (no caso do automatizado, seja de embreagem única ou dupla) ou do conjunto de embreagens internas que “freiam” as engrenagens, no caso da transmissão automática.
Para ilustrar, digamos que motor pare de funcionar por falta de combustível em rodovia. No primeiro momento ocorre a mesma situação de tirar o pé do acelerador. Uma vez que a velocidade esteja baixa, a central da transmissão desacopla as embreagens internas para deixar a transmissão em ponto-morto. É o que ocorre também quando se desliga o motor pela chave ou por botão de partida, estando a transmissão engatada.
Há também estratégias no sentido oposto. Caso o fluido da transmissão chegue a uma temperatura tida como crítica, há um comando de restrição de torque e de rotação no motor para que, limitando-se a potência de entrada na transmissão, a temperatura do óleo não suba mais. Em caso extremo pode haver corte da atuação do pedal de acelerador, impedindo que o motor passe da marcha-lenta.
Não se deve esquecer que as transmissões automáticas convencionais trabalham com fluido pressurizado, necessário tanto para o conversor de torque e os atuadores das embreagens internas como para sua própria lubrificação. Por isso não é recomendado colocar a transmissão em ponto-morto (N) em descida, sobretudo em alta velocidade: além da maior carga imposta aos freios — da mesma forma que com caixa manual —, essa medida prejudica a transmissão, que na maioria dos casos tem sua bomba de óleo atrelada à rotação de entrada da transmissão, ou seja, à do motor.
É claro que os fabricantes preveem uma quebra de motor em velocidade, caso em que a bomba de óleo da transmissão automática para de funcionar. Nessa situação, permite-se como manobra de emergência trafegar por alguns instantes até a parada do carro sem prejuízo à transmissão. Contudo, não se pode rebocar esse tipo de veículo com motor desligado e rodas girando, ao contrário dos equipados com caixa manual ou automatizada.
Transmissões modernas empregam bombas de óleo elétricas, que funcionam em função da demanda da transmissão, para economizar combustível e melhorar o desempenho. Mesmo nesse conjunto, não se recomenda movimentar o carro em velocidades maiores que um “empurrão”, pois a bomba elétrica pode não funcionar ao considerar que o motor está desligado.
Para concluir, ao dirigir um veículo com transmissão automática, tem-se uma chance maior de desacoplar a transmissão do motor sem qualquer motivo do que o oposto, ou seja, a transmissão ser danificada ao permanecer acoplada a um motor que parou subitamente de funcionar.
Texto: Felipe Hoffmann – Foto: Fabrício Samahá