Moderadas em desempenho, mas agradáveis de pilotar: são assim as renovadas CB 500 F, CBR 500 R e CB 500 X
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
A Honda lança no Brasil sua linha 2016 de motos de 500 cm³ com visual todo novo: a estradeira CB 500 F, a esportiva CBR 500 R e a crossover, uma estradeira com ar de uso misto, CB 500 X. Não houve mudanças no motor compartilhado entre as três, um bicilíndrico de duplo comando e 471 cm³ alimentado por injeção eletrônica, com potência de 50,4 cv, mas a linha mudou muito no visual e ganhou alterações em suspensão e freios.
Disponíveis a partir deste mês de julho, as motos têm os seguintes preços: CB 500 F, R$ 26 mil; CB 500 F com sistema antitravamento de freios (ABS), R$ 28 mil; CBR 500 R, R$ 29 mil; e CB 500 X, R$ 29.900. As duas últimas trazem ABS de série.
Tanque maior, lanterna com leds, novo escapamento: parte das novidades da CB 500 F
O mercado brasileiro acima de 400 cm³ não vinha sentindo tanto os efeitos da crise até o começo de 2016 — pelo contrário, até apresentava crescimento discreto, mas contínuo. Contudo, nem esse segmento voltado a um comprador mais abonado passou imune à tempestade da economia: embora continue com a divisão de 4% do total, o problema é que esse total despencou quase 50%.
A maior crítica que se faz às CB é a falta de potência; por outro lado, seu bom torque em baixas rotações deixa-as agradáveis no dia a dia
Nesse segmento a categoria que domina é de grandes motos de uso misto (as chamadas big trails), o que confirma a cultura brasileira de motos cidade-campo, mesmo que acabem circulando apenas por (mal conservado) asfalto. Isso explica o lançamento pela Honda das versões “X”, a CB 500 X e a NC 750 X, que combinam elementos de motos estradeiras e de uso misto. Não é só entre os carros, portanto, que a ideia de crossover (cruzamento de raças, em inglês) tem encontrado boa aceitação.
No caso das Hondas 500, as três versões usam os mesmos motor e quadro e compartilham componentes como rodas, freios, suspensões, tanque de gasolina e banco (estes dois últimos, só nas versões CB F e CBR). No total, mais de 50% de peças são comuns na “família”. Como se espera, a versão X é a mais diferente.
A CB F ganhou suspensões com mais regulagens e novos pneus; o motor não mudou
O que é novo
A novidade que mais salta aos olhos é o redesenho de carenagens, farol e lanterna traseira, agora dotada de leds. A CB 500 X ganhou para-brisa mais alto com duas posições de montagem. O tanque de combustível foi ampliado em 1 litro (CB F e CBR), para 16,7 litros, e em 400 ml na X, para 17,7 l. Esse aumento tem mais a ver com a nova tampa basculante, que atende às normas de emissões Promot 4, que com necessidade de autonomia, já que as três são econômicas (é comum fazerem médias acima de 22 km/l). O curioso desse bocal é que nos anos 70 as motos usavam esse sistema basculante, que depois saiu de moda e agora volta.
A suspensão dianteira de todas elas passa a ser regulável na pré-carga da mola por meio de “cliques”. A suspensão traseira agora tem nove posições de regulagem da mola, por meio de porca-castelo. A dianteira é fácil ajustar até com uma moeda, mas a traseira exige ferramenta que vem no kit original — e muita paciência. Melhor deixar na intermediária.
Os pneus que eram Pirelli agora são Dunlop, decisão que tem mais a ver com negócios de mercado, mantendo as medidas 120/70 R 17 na dianteira e 160/60 R 17 na traseira em qualquer das motos, mas com desenho menos esportivo que nos anteriores. Importante também nas CB F e CBR foi a mudança do escapamento para um desenho bem mais atual, não só para atender emissões, mas para ganhar um ronco pouco mais vigoroso. Na X manteve-se o da linha anterior.
Com visual esportivo, a CBR 500 R promete mais no estilo do que entrega em potência
Outra alteração restrita aos modelos CB F e CBR é o banco em dois níveis, com uma rabeta redesenhada com duas entradas de ar de fins apenas estéticos. É uma decisão discutível porque lembra muito a CBR 600 RR, já bem cansada em termos de estilo. Assim como na nova carenagem da versão R, fica claro que a proposta da Honda é deixar as CB F e CBR com visual mais esportivo e “pinta” de moto maior, mantendo a X mais contida e “familiar”.
Outras mudanças são chave de ignição tipo wave, mais segura e difícil de copiar; alça de garupa embutida nas versões R e F; alavanca do freio dianteiro regulável nas três versões; novo desenho da pinça de freio e motor pintado de preto fosco.
Próxima parte
Posição de pilotar é mais esportiva na CBR; pedais são os limites para deitar em curvas
Como andam
Como já explicamos várias vezes, avaliações em autódromos são limitadas, apesar de muito divertidas. Aspectos importantes como maneabilidade e conforto das suspensões ficam comprometidos. Mas era o que havia por ora.
Começamos pela CBR, depois a CB F e finalmente a X. Apesar das diferenças visuais, o comportamento das versões F e R é muito parecido, uma vez que muda apenas o guidão (na verdade dois semiguidões na R) e a carenagem. Em termos de postura a CB F oferece um pouco mais de conforto ao piloto, pela postura mais ereta e menor força no guidão para esterçar. Por outro lado, na CBR o piloto conta com postura mais esportiva e a pequena, mas influente, proteção da carenagem.
No que diz respeito ao desempenho, elas são iguais em aceleração e retomada de velocidade. A maior crítica que se faz às CB é a falta de potência, pois já se tem hoje no mercado motos de 300-350 cm³ com relação peso-potência bem próxima. Por outro lado, seu bom torque em baixas rotações deixa as Hondas agradáveis de pilotar no dia a dia urbano.
Crossover: a CB 500 X fica no caminho entre as estradeiras e as motos de uso misto
Nada há de surpreendente ao pilotá-las com o motor bem conhecido: o destaque é o baixo nível de ruído e vibração, mesmo em se tratando de um dois-cilindros. Os pistões têm defasagem de 180º, o que normalmente faz um motor vibrar mais, mas duas árvores de balanceamento anulam essas vibrações e o deixam suave, ao custo de maior inércia para subir de giros.
Nas versões F e R os novos pneus se mostraram bem eficientes: ambas deitam com facilidade e o limite é imposto pelos pedais
No autódromo não foi possível avaliar velocidade máxima, porque a maior reta ainda era curta: conseguimos chegar a 165 km/h no velocímetro, mas ainda havia muito acelerador para girar. Pode-se projetar uma velocidade máxima real perto de 180 km/h, bom tamanho para um motor de 471 cm³. Falando em velocímetro, o painel inclui computador de bordo com consumo instantâneo, um importante aliado para salvaguardar o bolso.
Só tivemos a chance de avaliar as motos no asfalto. Nas versões F e R os novos pneus se mostraram bem eficientes nas curvas e frenagens. Ambas deitam com facilidade e o limite é imposto pelos pedais, que raspam no asfalto antes mesmo de os pneus chegarem ao limite — medida de precaução que algumas fábricas adotam para dar margem de segurança ao usuário, sobretudo nessa faixa média. É muito fácil mudar de trajetória nas sequências em “S”.
Versão X tem posição confortável e pode pegar uma terra; motor de 50 cv vibra pouco
Já na versão X o desenho dos pneus é mais “plano”, para dar mais aderência no piso de terra, e por isso a moto apresenta maior resistência ao inclinar, embora também seja possível tocar os pedais no asfalto. Seria interessante avaliá-la também na terra. A mudança apenas visual das pinças de freio deixou-as com visual moderno, igual às da NC 750 X, mas manteve o bom tato. Com o manete regulável pode-se ajustar a posição conforme o tamanho da mão. Mesmo com apenas um disco na dianteira a frenagem é segura e tranquila.
A categoria de 500 cm³ tradicionalmente serve de escada para quem sai das motos de 250 a 300 cm³ e quer chegar às grandes. É uma faixa muito versátil, porque pode ser usada como transporte pessoal diário e nos fins de semana para lazer e turismo, com conforto similar ao de uma moto maior sem consumo muito alto. Por isso a Honda investiu em três versões para expandir o leque de consumidores.
As principais concorrentes são a Kawasaki ER-6N (de 650 cm³) e a Yamaha MT-07 (700 cm³), que se enquadram na mesma faixa de preço. Com valores de R$ 26 mil a R$ 29.900, as Hondas estão competitivas na categoria. Como apelos de venda elas têm a garantia de três anos, o serviço de assistência 24-horas no Brasil e países do Mercosul, os mais de 1.000 pontos de venda e a reconhecida liquidez que caracteriza a marca.
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Ficha técnica
CB 500 F | CBR 500 R | CB 500 X | |
Motor | |||
Cilindros | 2 em linha | ||
Comando de válvulas | duplo no cabeçote | ||
Válvulas por cilindro | 4 | ||
Arrefecimento | líquido | ||
Diâmetro e curso | 67 x 66,8 mm | ||
Cilindrada | 471 cm³ | ||
Taxa de compressão | 10,7:1 | ||
Alimentação | injeção | ||
Potência máxima | 50,4 cv a 8.500 rpm | ||
Torque máximo | 4,6 m.kgf a 7.000 rpm | ||
Transmissão | |||
Marchas | 6 | ||
Transmissão final | corrente | ||
Freios | |||
Dianteiro | a disco | ||
Traseiro | a disco | ||
Antitravamento (ABS) | sim (opcional na CB 500 F) | ||
Quadro | |||
Material | aço | ||
Suspensão | |||
Dianteira | garfo telescópico | ||
Traseira | monomola | ||
Pneus | |||
Pneu dianteiro | 120/70 R 17 | ||
Pneu traseiro | 160/60 R 17 | ||
Dimensões | |||
Comprimento | 2,081 m | 2,098 m | |
Largura | 791 m | 756 mm | 826 mm |
Altura | 1,056 m | 1,15 m | 1,358 m |
Entre-eixos | 1,409 m | 1,421 m | |
Altura do assento | 789 mm | 812 mm | |
Capacidades e peso | |||
Tanque de combustível | 16,7 l | 17,7 l | |
Peso em ordem de marcha | 176 kg (178 kg com ABS) | 183 kg | 183 kg |
Desempenho e consumo | |||
Não disponíveis | |||
Dados do fabricante |
Geraldo Tite Simões é jornalista e instrutor de pilotagem dos cursos Abtrans e Speed Master