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Carros do Passado

Como seria produzido para ser homologado como carro de competição, e a versão de rua atuaria apenas como vitrine e laboratório tecnológico, o carro seria criado e produzido sob responsabilidade da equipe de Weissach -- efetivamente pelo Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Helmuth Bott. Em janeiro de 1983 o projeto se tornava oficial com a nomeação de um engenheiro-chefe, Manfred Bantle.

O Gruppe B já adotava a cilindrada de 2,85 litros, obtida a partir do coeficiente de equivalência 1,4 para motores turbo no Grupo B da FIA: 4,0 litros/1,4 = 2,85

O carro deveria ser o mais avançado veículo em circulação nas ruas, além de competitivo nas corridas do Grupo B da FIA -- para isso foi liberado um investimento astronômico. Com certeza, lucro não era o objetivo, com uma produção programada de apenas 200 carros, mesmo se vendidos a preços bastante elevados.

Já no Salão de Frankfurt em outubro de 1983 aparecia um estudo, então com o nome de Porsche Gruppe B. A carroceria já mostrava as formas do futuro 959, embora faltando entradas e saídas de ar e alguns detalhes técnicos. Mas, basicamente, já indicava o que seria o carro: tração total permanente, motor de 2,85 litros biturbo (para se enquadrar na categoria 4,0 litros/1.100 kg, usando o coeficiente de equivalência 1,4 para motores superalimentados) e aerodinâmica radicalmente alterada, mantendo a carroceria básica do 911.

Clique para ampliar a imagem Nasce o 959: um concentrado de alta tecnologia, com o mais complexo sistema de tração integral já criado, mantendo o estilo e as características básicas da lenda 911

Em 1985 era apresentada (de novo em Frankfurt) a versão definitiva de carroceria, no ainda chamado Gruppe B -- que na realidade era o primeiro protótipo do 959, depois destruído em teste de impacto. Apenas em 1986, devido a atrasos no desenvolvimento de sua complexa transmissão, o carro seria apresentado à imprensa no lendário circuito de Nürburgring, já com o nome definitivo: Porsche 959.

O mais incrível é notar que, apesar de nascido como um carro de corrida para as ruas, era um automóvel de passeio muito seguro e confortável. Como a Porsche acabou desistindo de competir no Grupo B antes mesmo de lançar o carro de rua (veja boxe), o foco do projeto foi alterado, priorizando-se a versão de passeio. Acabamento impecável, suspensões relativamente confortáveis, a tração integral e até direção assistida (outra novidade, na época, para um 911) faziam do mais rápido Porsche um carro bastante utilizável no dia-a-dia.

No interior, a chave no lado esquerdo e os instrumentos típicos do 911. Era um carro-esporte luxuoso e confortável, não um automóvel de corrida para as ruas, como seu rival Ferrari F40

Era o oposto perfeito de seu maior rival, o agressivo Ferrari F40, que nasceu em 1987 derivado do 288 GTO como comemoração de 40 anos da marca, em uma série de 400 carros que depois seriam mais 400. Enquanto o F40 era "depenado" de qualquer conforto e equipamentos, o 959 era um carro luxuoso. E melhor: seu desempenho era acessível a motoristas comuns, mesmo em estradas molhadas, com lama ou com neve.

Não existe comparação possível entre o F40 e o 959: enquanto o Porsche foi um marco da tecnologia, o Ferrari não passava de um motor potentíssimo amarrado à menor quantidade de carro possível. Enquanto um F40 é um brinquedo para levar às pistas num fim-de-semana de sol, com sua pintura vermelha brilhando, o 959 foi feito para esperar pacientemente seu dono durante a noite, estacionado ao relento, com a sujeira de um dia inteiro andando acima de 250 km/h ainda impressa em sua carroceria.
Continua

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