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Carros do Passado

Um americano em Le Mans

O Ford GT 40 deu trabalho a muitos Porsches
e Ferraris nas pistas em meados da década de 60

Texto: Francis Castaings - Edição: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

A famosa 24 Horas de Le Mans tornou-se a mais árdua prova de resistência para carros de corrida. Em sua maioria era disputada por protótipos -- alguns modelos de série se aventuravam, mas no máximo ganhavam em sua categoria. Disputada desde 1923, é uma das corridas de automóveis mais tradicionais e importantes do mundo, verdadeiro laboratório para os fabricantes aplicarem a tecnologia a ser empregada mais tarde nos carros de série.

No começo da década de 60 a Ford tinha intenção de entrar no circuito de competições da Europa, principalmente nas provas de longa duração. Seu objetivo era comprar a tradicionalíssima Ferrari. Henry Ford II não gostou de ver os AC Cobra serem vencidos e os seis primeiros lugares ocupados pelos carros de corrida vermelhos italianos na 12 Horas de Sebring, em 1962.

Na 1000 Quilômetros de Nurburgring, em 1964, o primeiro GT 40 (Mark I) de Bruce McLaren e Phil Hill faz um pit-stop. Chegou a ficar em segundo lugar, mas não completou a prova

Mas as negociações não foram adiante (saiba mais). Então o já famoso executivo-chefe da Ford, Lee Iacocca, pai do projeto Mustang, apresentou seus planos de desenvolver um bólido moderno e veloz. Tinha de ser um V8 capaz de ultrapassar a barreira das 200 milhas por hora -- 320 km/h.

De início contou com a ajuda de técnicos ingleses. O primeiro foi Eric Broadley, famoso pela construção dos carros de corrida Lola. Seu modelo T70, que faria sucesso anos mais tarde, além de muito bonito era bastante veloz. Juntaram-se a eles John Wyer, proveniente da Aston Martin, marca inglesa com vitórias em Le Mans, e o famoso Carroll Shelby, conhecido por seus velozes e potentes Cobra. Para os testes de pista foi contratado o jovem piloto Ritchie Ginther. Assim estava formada, na Inglaterra, a Ford Advanced Vehicles (FAV).

O mesmo carro, na mesma prova, reunindo uma multidão de curiosos pela novidade. O número 40 de seu nome era alusivo à altura da carroceria em polegadas

Em 1964 nascia o GT 40. Media 3,96 metros de comprimento e apenas 1,02 metro de altura, ou seja, 40 polegadas -- daí o numero mágico do bólido de corridas. Com o objetivo de barrar as vitórias da Ferrari e da Jaguar, no projeto foi gasto muito dinheiro e adotada toda a tecnologia disponível na época. Era um carro muito bonito, baixo, com a frente inclinada e duas entradas de ar sobre o capô. Os faróis carenados, o pára-brisa envolvente, os vidros laterais inclinados para dentro da carroceria e o traseiro mostrando o coração da máquina.

A parte superior das portas ia quase até a metade do teto -- não uma novidade, já que o famoso Mercedes 300 SL "Asa de Gaivota" tinha a mesma bela particularidade. O enorme capô traseiro abria-se de frente para trás. Uma obra de arte sobre rodas, muito atraente até hoje. O primeiro deles chamou-se GT 40 Mark I, ou MK I.
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Modelos de rua
Em fevereiro de 1966 começava a ser vendido na Inglaterra o GT 40 PR. Como o próprio John Wyer definiu, tratava-se de uma versão "calma": o V8 tinha 4,7 litros, 335 cv e levava o esportivo de rua a 260 km/h. Cerca de 80 modelos GT 40 foram fabricados para andar nas cidades e estradas. Existem pouquíssimos originais, que valem uma fortuna.

Várias réplicas foram feitas. Uma das empresas que as produziram até 1990
era a DAX inglesa, situada em Edimburgo. A cópia era do MK I que ganhou em Le Mans em 1966. Usava freios do Ford Granada, transmissão do Renault 30, motor V6 PRV (Peugeot/Renault/Volvo) ou V8 da Ford ou Rover. Uma salada mecânica. Outra era a KVA, também inglesa. Vendeu mais de 300 kits entre 1984 e 1990. Usava quase o mesmos componentes mecânicos que a DAX, mas seu carro era mais bem feito e externamente muito fiel.

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