> Entre as muitas
diferenças entre as peruas está o sistema de tração integral. A
Audi utiliza, em sua linha de motor longitudinal (o que exclui
S3 e TT, dotados de sistema Haldex similar ao da Volvo;
saiba mais), o tradicional
conceito Quattro, introduzido em versão mais rudimentar no cupê
homônimo de 1980 (leia
história) e baseado no diferencial central Torsen.
O nome significa torque-sensing, ou sensível ao torque. A
divisão de tração é de 50% por eixo até que haja perda de
aderência. Quando isso acontece, o diferencial bloqueia
gradualmente e transmite tração ao eixo oposto. O sistema é
puramente mecânico, tem atuação rápida e mantém a tração nas
quatro rodas todo o tempo, mas é dos mais caros. Além dele, um
controle eletrônico de tração aciona o freio de qualquer roda
que patinar, a até 100 km/h.

> Na XC70 o sistema
(acima) é novo para a linha 2003, o mesmo do utilitário esporte
XC90 e dos esportivos S60 R e V70 R. Desenvolvido pela também
sueca Haldex, usa uma bomba mecânica e uma embreagem multidisco.
Em piso de boa aderência, as rodas da frente recebem 95% da
força, o que garante o comportamento habitual de um
tração-dianteira. Quando a aderência se perde — a partir de um
giro em falso de 10º de uma das rodas —, a diferença de rotação
entre os eixos faz com que a bomba, localizada no diferencial
traseiro, gere uma pressão de óleo sobre os discos da embreagem,
permitindo a transmissão de força para as rodas de trás.
Em condições críticas, 95% da tração podem ser transferidos a
essas rodas, havendo repartição em níveis intermediários. Uma
pequena bomba elétrica mantém o sistema com uma pressurização
mínima para que a atuação possa ser instantânea — e é tão rápida
e suave que o motorista não a percebe, mesmo em pisos
escorregadios como lama. Até o modelo 2002 a Volvo usava o
sistema de acoplamento viscoso, que é apenas mecânico e um pouco
mais lento.

> Um dos destaques
da Allroad é a suspensão pneumática (com molas a ar) de altura
ajustável. Esse ajuste pode operar automaticamente ou pelo
comando do motorista, dentro de alguns parâmetros. |

Dois botões no painel
acionam o ajuste e quatro LEDs
(veja foto) indicam com clareza a posição em uso e a mudança de
altura em processo. Quatro níveis podem ser selecionados:
normal, baixo (25 mm a menos), alto I (25 mm a mais que o
normal) e alto II (que adiciona 16 mm ao anterior). Portanto,
têm-se 66 mm de variação total, o bastante para transformar um
fora-de-estrada em um carro esporte e vice-versa.
Ao contrário de sistemas conhecidos como o do
Citroën C5, que pode rodar
em apenas uma altura nas faixas de velocidade mais usuais, o da
Allroad permite usar três níveis em boa parte das situações.
Apenas o alto II é limitado a 40 km/h. De resto, o alto I pode
ser usado até a 80 km/h e o normal até a 120. O rebaixamento
para uma posição inferior é automático ao atingir as velocidades
citadas, com vistas a melhores aerodinâmica e estabilidade.

No nível mais alto, a perua
da Audi não só obtém um vão livre do solo respeitável (208 mm,
ante 218 mm da Volvo em sua altura única), como melhoram os
ângulos de entrada e saída: de 15 e 19º no nível inferior, na
ordem, passam a 20 e 23º. Também ao contrário do C5, o conforto
de rodagem é praticamente o mesmo em qualquer posição, embora a
estabilidade seja um pouco melhor nos níveis inferiores, pelo
centro de gravidade mais
baixo.
> A XC70 traz um recurso interessante e inédito pelo
meio-ambiente: o sistema Premair, que converte em oxigênio até
75% do ozônio que passa pelo radiador. Ao nível do solo, o
ozônio é um gás nocivo à saúde e causa dificuldades
respiratórias, além de danos ambientais. A tecnologia foi
desenvolvida pela americana Engelhard em colaboração com a
Volvo.
> As duas oferecem outros motores no mercado europeu. A
Volvo pode ter um turbodiesel de cinco cilindros e 163 cv. A
Audi dispõe também do V8 de 4,2 litros,
aspiração natural e 300 cv e
do turbodiesel de seis cilindros e 2,5 litros, em versões de 163
e 180 cv.
Outras opções inexistentes aqui são os câmbios manuais, que na
Allroad tem seis marchas e é acompanhado por uma reduzida, e os
bancos adicionais, voltados para trás e montados nos
compartimentos de bagagem, para transporte de até sete pessoas. |