A despeito de todo o glamour do Corvette, onde o small-block fazia realmente seu nome — de forma silenciosa, mas diligente — era nos sedãs, peruas e picapes da companhia, que eram o ganha-pão da empresa. Em versões mais mansas, mas não menos eficientes em custo, durabilidade, potência e economia, esse V8 provava que, apesar de toda sua potência, era em seu âmago um motor para produção em série, com todas as vantagens de simplicidade, baixo custo e fácil manutenção que isto acarreta. Bel Air, Biscayne, Nomad, Impala, El Camino, Chevelle, Nova: todos os nomes, hoje famosos, devem muito de sua fama à excelência do Chevrolet de bloco pequeno. |
O motor 327 com injeção era tão bom -- e bem mais barato que um V12 da Ferrari -- que foi usado por marcas que vinham concorrer com a de Maranello, como a Iso e seu belo cupê Rivolta |
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Se
por um lado o motor caminhava para se tornar o mais vendido de todos
os tempos (mais de 40 milhões produzidos), posto do qual dificilmente
será desbancado, de outro lado rivalizava com o que mais exótico a
Europa tinha a oferecer. Um motor de Corvette 327 injetado, na
avaliação dos mais isentos, era melhor que um Ferrari V12 3,0-litros
contemporâneo, embora menos vocal e girador. Era um pouco mais pesado
que o Ferrari, mas menor, bem mais potente e torcudo. Como o
small-block era muito mais barato e no mínimo tão bom, logo
apareceram concorrentes da Ferrari com o motor Chevrolet, como os
belíssimos Iso Rivolta e
subseqüentes Bizarrini. O braço alemão da GM, a Opel, também
aproveitou o motor em seus sedãs de luxo
Admiral e Diplomat. |
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A Opel, que representa a GM na Alemanha, também fez uso do bloco-pequeno americano: o sedã de luxo Diplomat devorava com um 283 as auto-estradas sem limite de velocidade |
O famosíssimo Camaro Z/28 de primeira geração foi uma versão para
homologação na categoria Trans-Am do SCCA, Sports Car Club of America,
que exigia cilindrada máxima de 5.000 cm³. Para ele foi criado um
small-block com o virabrequim de curso curto do 283 e o bloco do
327. O resultado foi de 302 pol³ (4.948 cm³). Nascido para girar alto em
competições, este pequeno motor (para padrões americanos, claro) estava
destinado a se tornar lenda: um comando de válvulas bravíssimo (daqueles
que embaralham em marcha-lenta, impensável em um carro de fábrica hoje
em dia), tuchos mecânicos, um carburador Holley de corpo quádruplo sobre
coletor de alumínio, cabeçotes de alta vazão e pistões de alta
compressão (11:1) forjados em alumínio. |
Com o Camaro, lançado em 1966, o V8 Chevrolet chegava às lendárias 350 pol3, de início na versão SS L48 e, de 1969 em diante, disponível a praticamente toda a linha da marca |
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Pouco tempo depois, em 1970, uma receita parecida com a do 302 HO foi
usada para criar o famoso LT1, mas aí o motor tinha todas as gloriosas
350 pol³, para 370 cv quando instalado no Corvette e 360 cv no Camaro.
Apesar de a potência declarada ser menor que a dos 327 injetados da
década de 1960, este motor é considerado o mais potente V8
small-block de primeira geração. É só olhar o que era capaz de
fazer: levava o pesado Camaro Z/28 de 0 a 96 km/h em apenas 5,8
segundos, a caminho de completar o quarto-de-milha em 14,2 s, a 161
km/h. E nessa época pneu de perfil baixo era série 70, roda enorme era
de 15 pol e radial era algo exótico... |
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