Com o aval de um mito

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Tecnologia de ponta, conforto de carro de luxo e a assinatura de
Senna combinaram-se no NSX, o superesportivo da Honda

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Tradição: os roadsters S360 a S800, primeiros carros da marca, tinham pequenos motores de alumínio aptos a altas rotações como 9.000 rpm

O conceito HP-X de Pininfarina, de 1984: motor central-traseiro e cabine inspirada em aviões de caça, ideias que evoluiriam para o projeto NSX

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Objetivo ambicioso: a Honda pretendia superar os demais esportivos em desempenho, adequação ao homem e praticidade no uso em rua

A Honda está ligada aos carros esporte desde o início de sua história sobre quatro rodas. Foi com o roadster S360 que ela entrou no mercado de automóveis (até então fizera apenas utilitários), extraindo 33 cv a 9.000 rpm de um diminuto motor de quatro cilindros em alumínio com duplo comando de válvulas, quatro carburadores e 356 cm³ de cilindrada. Esse carro evoluiu para versões de 500, 600 e 800 cm³, mas em 1970 o fabricante japonês abandonava o segmento de esportivos.

Na década de 1980, a indústria japonesa voltou a olhar com atenção para esse mercado. Sedimentada no mercado norte-americano como produtora de carros de alta qualidade — não só baratos e econômicos como os primeiros nipônicos a chegar lá nos anos 60 —, ela via a oportunidade de confrontar marcas estabelecidas no ramo como Porsche, Ferrari, Lotus e Lamborghini. Já existiam o Mazda RX-7, o Toyota Supra e a série Z da Nissan, enquanto a Mitsubishi alçava novos patamares que chegariam ao 3000 GT dos anos 90. Faltava a Honda, que até então parecia limitar seus esforços de alto desempenho ao setor de duas rodas.

Em 1984 o estúdio italiano Pininfarina apresentava o projeto HP-X, sigla para Honda Pininfarina Xperimental. Era um carro esporte de perfil muito baixo e linhas arrojadas, com ótima aerodinâmica (Cx 0,25) e uma cobertura que integrava para-brisa, teto e janelas laterais em uma só peça plástica, inspirada em um avião de caça. O motor central-traseiro era um compacto V6 de 2,0 litros. Esse conceito pode ser considerado o ponto de partida para o projeto mais ambicioso da Honda em termos de carros esporte: o NSX.

O objetivo da empresa era obter características dinâmicas superiores aos do Ferrari 328 (depois 348) por um preço mais baixo, sem abrir mão da confiabilidade que já tornara a Honda famosa mundialmente. O projetista chefe Ken Okuyama e o engenheiro chefe executivo Shigeru Uehara, encarregados do projeto, tomaram o caça F-16 Falcon como inspiração para o desenho da cabine, que visava a uma visibilidade irrestrita de 360 graus — ao fim foram conseguidos notáveis 312 graus. A disposição do motor não poderia ser outra, pois no centro do carro ele contribui para a distribuição de massas entre os eixos e reduz o momento polar de inércia, mas o V6 acabou com maior cilindrada, 3,0 litros.

Como descreveu em material fornecido aos primeiros compradores do carro em 1991, a Honda buscou equilibrar três parâmetros no NSX: desempenho, adaptação ao uso em rua e adequação ao ser humano. Conforme sua análise, um Fórmula 1 daria total prioridade ao primeiro elemento; um carro esporte puro faria pequenas concessões aos outros dois, ainda com desempenho em primeiro plano; e os chamados carros esporte de produção atenderiam melhor a adaptação para rua que os tipos anteriores. O NSX deveria superar a todos nos três aspectos, exceto — naturalmente — o F-1 em desempenho.

Nesse importante quesito, a empresa definiu como meta uma relação peso-potência de 5,2 a 5,5 kg/cv. Como os padrões almejados de comportamento dinâmico estabeleciam um peso máximo de 3.000 libras ou 1.360 kg, chegou-se à necessidade de potência de 250 cv ou mais. A configuração V6 foi considerada ideal para atender a tal objetivo, sem resultar em peso elevado. Recursos de competição foram amplamente adotados — era a época de ouro da Honda na Fórmula 1. E, para surpresa de muitos, foram dispensados meios de superalimentação — turbo e compressor —, usados por toda a concorrência no país. O NSX viria com aspiração natural.  Continua

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Data de publicação: 6/6/09

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