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Linhas retas dominavam a
primeira geração do Ibiza, desenhada por Giugiaro e que ainda guardava
elementos da antiga parceria com a Fiat
![](../carros/vw/antigos/ibiza-1985-malaga.jpg)
![](../carros/vw/antigos/ibiza-86-delsol.jpg)
O seda Málaga ampliava a família
e lembrava o Fiat Regata; embaixo a série especial Del Sol do Ibiza, com
teto solar e decoração mais alegre |
A
história da Sociedad Española de Automóviles de Turismo, ou Seat, é
bastante curiosa. A marca foi fundada em 1950 pelo Instituto Nacional de
Industria, órgão ligado ao governo espanhol com o intuito de promover o
desenvolvimento econômico e industrial daquele país. Desde o início
contava com a ajuda da Fiat — seus produtos nada mais eram que versões
levemente modificadas dos modelos italianos. Em 1982 tal parceria era
encerrada e, após estabelecer uma parceria e se tornar seu maior
acionista, era a Volkswagen que assumia as operações da Seat em 1990. No
meio desse turbilhão todo nascia um compacto que seria o produto mais
vendido da marca: o Ibiza.
O lançamento da casa de Martorell, cujo nome homenageava uma cidade
espanhola, chegava marcando um novo momento: era o primeiro Seat sem
ligação estética com modelos Fiat — ainda que baseado no Ronda, que por
sua vez era derivado do antigo Fiat Ritmo.
Com carroceria desenhada por
Giorgetto Giugiaro, ele apareceu em setembro de 1984 no Salão de
Paris cheio de pompa e circunstância, onde a colaboração da Porsche no
desenvolvimento da parte mecânica (à exceção de um dos motores ainda de
origem Fiat) era mencionada com orgulho. Seu desenho estava de acordo
com o tema da época, com linhas retas e robustas. À frente os faróis
quadrados eram separados pela grade simples de frisos horizontais. O
para-choque de plástico, envolvente, trazia as luzes de direção e só
havia um limpador de para-brisa, como no
Fiat Uno. Na lateral discreta, com
dois vincos marcados, a área envidraçada fazia destaque. Na traseira as
lanternas quadradas faziam conjunto a uma tampa de porta-malas
inclinada. Um estilo simpático e sem excessos, seja na versão de três ou
na de cinco portas.
Suas medidas eram 3,63 metros de comprimento, 1,60 m de largura, 1,39 m
de altura e entre-eixos de 2,44 m. O peso era baixo, com 826 kg. O
interior relativamente espaçoso e simples trazia um painel de linhas
retas, apenas com o básico, onde chamava a atenção a ausência de
alavancas para o acionamento dos comandos: tudo era feito por grandes
botões logo atrás do volante. Estavam disponíveis as versões L, GL e
GLX, enquanto nomes como Disco, Designer, Del Sol e Fashion viriam em
edições especiais. Na parte mecânica não havia segredos. O motor de
entrada, uma pequena unidade de quatro cilindros em linha e 900 cm³ com
comando de válvulas no bloco, desenvolvia
potência de 44 cv e torque de 6,5 m.kgf, o suficiente para 130 km/h de
velocidade máxima e mais de 18 segundos para cumprir o 0-100 km/h.
Na sequência vinham as unidades com participação da Porsche (destacada
no nome System Porsche) e comando no cabeçote:
a de 1,2 litro, com 62 cv e 9 m.kgf; a 1,5, com 84 cv e 11,8 m.kgf; e a
1,7 com 97 cv e 14,1 m.kgf. Havia ainda uma opção 1,7 a diesel de
aspiração natural com meros 54 cv,
compensados pelo razoável torque de 10 m.kgf. A suspensão era
independente nas quatro rodas, com sistema McPherson na dianteira e na
traseira — neste caso com feixe de molas semi-elíticas, a exemplo dos
Fiats 127 e Ritmo italianos e dos 147
e Uno brasileiros, o que indica que foi aproveitado conteúdo técnico de
modelos anteriores da marca. A tração era dianteira. Entre os
concorrentes estavam Fiat Uno, Ford
Fiesta, Opel Corsa,
Peugeot 205,
Renault 5 e
Volkswagen Polo. No ano seguinte o hatch ganhava a companhia do
Málaga, sua versão sedã. Com três volumes bem definidos e linhas retas,
lembrava bastante o Regata da Fiat.
A família Ibiza, bem mais moderna que a antecessora Fura (derivada do
Fiat 127 de 1971), trouxe movimento às
linhas de montagem em Martorell, de onde sairiam 1,34 milhão de unidades
da primeira geração. Contudo, alguns problemas de qualidade e
confiabilidade mecânica foram fantasmas enfrentados pelos modelos. Isso
não impediu o lançamento de uma versão de apelo esportivo. O Ibiza SXi
recebia injeção eletrônica Bosch LE-2 Jetronic no motor 1,5 para obter
102 cv e 13 m.kgf, com os quais cobria o 0-100 km/h em 10 s e alcançava
185 km/h. Por fora e por dentro a decoração estava à altura com rodas
diferenciadas, saias laterais, faróis de longo alcance, aerofólio
traseiro e bancos esportivos. A versão de 900 cm³ do Ibiza era comparada
em 1988 ao Uno 900 e ao 205 de 950 cm³ pela revista italiana
Quattroruote. O Seat foi elogiado pela "boa acomodação, comando de
câmbio e linha moderna", além de mostrar estabilidade e freios entre os
melhores, enquanto nível de ruído do motor, conforto, desempenho e
comandos do painel foram os pontos negativos.
Após sete anos de mercado a Seat promovia mudanças no Ibiza 1991, que
começava a aproveitar os recursos do Grupo VW para se aprimorar em
qualidade e confiabilidade. A frente mudava discretamente, com faróis em
formato de trapézio e luzes de direção nas laterais, lembrando nosso
Uno; frente levemente em cunha e para-choques redesenhados. Por dentro
recebia um novo painel, bastante rebuscado em suas linhas retas, e novos
materiais de revestimento. Perdia, porém, o acionamento de instrumentos
por botões em favor das alavancas tradicionais. Novidade também era a
versão Sport Line com o motor 1,7 dotado de injeção, enquanto o 1,2
ganhava o sistema eletrônico de alimentação para fornecer 71 cv e 9,7
m.kgf.
Continua
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