Depois de começar com os
ingleses MG TC e Jaguar XK 120, em 1951 Hill adotava o Alfa 8C 2900 B
(fotos), com o qual venceu duas provas
Em 1952 ele corria com o rápido
Jaguar XKC 007, baseado no XK 120; embaixo, testando o Ferrari 250 TR
com que venceria Le Mans em 1958 |
Desde que surgiu a Fórmula 1 moderna, em 1950, poucos pilotos
norte-americanos se destacaram na categoria máxima. Na década de 1970, o
jovem Peter Revson era uma promessa, mas morreu num trágico acidente
assim como Mark Donohue. Um ítalo-americano, hoje aposentado e que tem
vários filhos nas pistas, é Mario Andretti, campeão pela Lotus em 1978
com seis vitórias. Outros, como Eddie Cheever, também tentaram sem
maiores sucessos. Mas houve na década de 1950 uma exceção brilhante entre os pilotos
nascidos nos
Estados Unidos. Um homem que nasceu na Flórida, mas
passou boa parte de sua vida na Califórnia.
Era Philip Toll Hill, nascido em 1927 e que cedo se apaixonou pelos
carros de corrida. Sua infância e a adolescência na costa oeste o
influenciaram muito. Começou estudos de administração de empresas na
Universidade da Califórnia em Santa Mônica, mas não frequentou mais que
dois anos. Entediou-se e partiu para as oficinas, de início como
aprendiz e logo depois como mecânico. Naquela época, em 1948, esportivos
ingleses faziam muito sucesso em terras ianques e ele começou pilotando
um MG TC. Em sete provas
ganhou três em circuitos locais. No ano seguinte aproveitava uma viagem
para se especializar na mecânica dos carros ingleses. Voltou da velha
Inglaterra com uma paixão europeia e que seria também norte-americana: o
Jaguar XK 120. Colocou
esse roadster veloz para disputar provas no aeroporto de Palm Springs e
no venerado circuito de Pebble Beach, onde ganhou pela primeira vez em
1950.
No ano seguinte trocava o inglês pelo italiano
Alfa Romeo 8C 2900 B. Venceu a primeira prova em Carrell Speedway,
na cidade de Gardena, e em Pebble Beach. Outras provas eram disputadas
nos mais diversos circuitos e pisos. Eram estradas improvisadas que
depois se tornariam autódromos, como Elkhart Lake. Em 1952 Phill era
contratado pelo concessionário Jaguar de Los Angeles, Charles Hornburg,
para pilotar um XKC 007. O belo carro verde tinha aerodinâmica bem
trabalhada, carroceria leve e mecânica derivada do XK. Era bem mais
rápido que os Ferraris e Astons da época. Com ele, ganhou a Sheldon Cup
Race disputada em Elkhart Lake em setembro e em Torrey Pines em
dezembro. No mesmo ano começava a correr por uma marca que lhe seria
muito grata: disputava o campeonato local com um
Ferrari 212. Seus concorrentes mais
notáveis eram o Cunningham C-2 e o Jaguar C-Type.
Ganhou a Copa de San Diego e foi segundo na Copa Guardsmen. Esse Ferrari
tinha motor desenhado por Gioacchino Colombo, um V12 de 5,6 litros que
produzia 175 cv com três carburadores Weber. O regulamento exigia que o
carro, tipo barchetta (pequeno conversível), tivesse dois lugares. No
ano seguinte já estava com um Ferrari
250 MM (Mille Miglia) e chegava em primeiro outra vez em Pebble
Beach, no circuito do aeroporto de Santa Bárbara e no circuito de Madera,
também uma pista de aviões. Foi para a França correr em Le Mans com um
Osca MT4 na categoria até 1.500 cm³, mas não foi bem-sucedido por conta
de problemas mecânicos. Outra prova muito desafiante foi a Carrera
Panamericana, pelas perigosas estradas mexicanas, onde pilotou um
Ferrari 340 e se acidentou. Era também o ano da primeira edição do
Campeonato Mundial de Marcas.
Na mesma prova em 1955, Hill tirava o segundo lugar com um 340 MM. Os
olhos de Maranello já observavam o jovem norte-americano pilotando muito
bem os carros esporte vermelhos. Com um Ferrari 750 S Monza ele ganhou
em Pebble Beach, em Beverly (Massachusetts), no Seafair National Sports
Car Races em Bremerton (estado de Washington), outra vez em Elkhart Lake,
em Sacramento (Califórnia) e na Nassau Speed Week (Bahamas). Era um
ídolo dos EUA pilotando carros italianos. Em 1956 era contratado por
Enzo Ferrari. Fez várias provas na Europa e na América do Sul a bordo de
vários modelos da marca. Em seu país continuava com o 750 S Monza na
categoria esporte. Começou bem o ano na 1.000 Quilômetros de Buenos Aires com um 857 S,
junto do belga Olivier Gendebien. Tiraram o segundo lugar geral. Em
Nürburgring, Alemanha foi terceiro com o
anglo-espanhol Alfonso de Portago. Ainda com ele, corria na francesa 1.000 Quilômetros de Monthléry; em Reims dividia o volante
com o grande Stirling Moss.
A
glória veio com a vitória na Seis Horas da Suécia com o francês
Maurice Trintignant, a bordo de um Ferrari 290 MM com motor V12 de 3,5
litros e 320 cv. Em Messina, na Sicília, vencia
outra prova que não fazia parte do campeonato, mas foi importante para
consolidar um dezembro feliz. Dessa vez estava de Ferrari 500 TR
com motor desenhado pelo competente Aurelio Lampredi. Primeiro a ter a
denominação Testa Rossa, desenvolvia 190 cv de 2,0 litros.
Em sua temporada europeia de 1957, Hill chegava em sexto lugar junto com
Peter Collins em Le Mans, com um Ferrari 335 S, e em oitavo na prova
sueca. Nos EUA, no Caribe e na Venezuela conquistava seis vitórias e
vários pódios. Em duas provas correu com o belo 250 GT, ideal para
provas de longa duração em estradas.
Continua
|