Um número de grande significado

A combinação de algarismos 4-4-2 representou muito
para a Oldsmobile, que teve nele seu principal "musculoso"

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Uma acalorada discussão entre os entusiastas envolve o fabricante que introduziu o conceito de "carro musculoso" (muscle car). Se o Pontiac GTO de 1964 parece ser a corrente majoritária, não falta quem defenda o Chrysler 300, de 1955, ou o Oldsmobile 88 e o Super 88 de 1949, que lançaram o famoso motor Rocket, primeiro V8 de grande produção com válvulas no cabeçote. Em comum, esses automóveis marcantes tiveram a combinação de um grande e potente V8 a uma carroceria considerada de médio porte pelos padrões americanos.

Seja ou não a precursora dessa categoria que nunca será esquecida, a Oldsmobile não ficou para trás da Pontiac: ao mesmo tempo em que o GTO chegava ao mercado, em 1964, a "Olds" finalizava seu transplante de motor, que colocara o maior V8 disponível na linha — o de 330 pol³, 5,4 litros, em especificação para a polícia, que incluía bielas e mancais reforçados — na carroceria média do Cutlass. Em vez de um nome, o resultado foi batizado com uma seqüência de números: 4-4-2, que indicava o carburador de corpo quádruplo, o câmbio manual de quatro marchas (com alavanca no assoalho) e o duplo escapamento, condimentos da receita para um notável desempenho.

Carburador de corpo quádruplo, câmbio de quatro marchas e duplo escapamento: assim surgiu o número 4-4-2, de um pacote esportivo que podia ser aplicado a qualquer modelo médio, do F-85 ao Cutlass; o modelo da foto é de 1965

Assim preparado, o 330 desenvolvia 310 cv de potência bruta (padrão neste artigo até 1970) a 5.200 rpm e torque máximo de 49 m.kgf a 3.600 rpm. Por lidar com um peso menor que o dos grandes Oldsmobiles que equipava até então, fornecia boas acelerações: de 0 a 96 km/h em 7,4 segundos, quarto de milha em 15,6 s. Era possível aplicar o pacote 4-4-2 a qualquer modelo médio da marca, do mais espartano F-85 ao luxuoso Cutlass, incluindo versões de quatro portas — mas não às peruas. O conjunto abrangia uma suspensão esportiva, com molas e amortecedores mais firmes, estabilizador dianteiro mais grosso, outro na traseira e pneus 7,50-14. No entanto, os freios ainda eram a tambor.

Todo esse vigor estava mascarado sob um estilo sóbrio, com linhas retas e três volumes bem definidos, com medidas que só mesmo os americanos poderiam chamar de medianas: 5,15 metros de comprimento, 1,87 m de largura, 2,92 m entre eixos, 1.565 kg. A carroceria vinha montada sobre chassi, com suspensão dianteira independente e traseira de eixo rígido. Dos quatro faróis circulares, incrustados em uma grade preta, ao vinco que cortava as laterais, o 4-4-2 era contemporâneo e até atraente, mas não denunciava o caráter esportivo que o 5,4-litros lhe dava. Seu desenho seria modificado já na linha 1965, em que a seção central da grade assumia um perfil mais baixo que a área dos faróis.

O 4-4-2 conversível de 1967: grade de perfil baixo, luzes de posição entre os faróis, pára-lamas traseiros ondulados -- e 360 cv no motor especial W30 de 6,55 litros

Nesse ano o pacote 4-4-2 era levado mais a sério pela Olds: acabavam as versões de quatro portas e, já que potência é bom, mais é sempre melhor. O V8 330 dava lugar ao de 400 pol³ (6,55 litros), com 345 cv a 4.800 rpm e 60,8 m.kgf a 3.200 rpm, para fazer 0-96 em 5,5 segundos e o quarto de milha em 15 s. A crítica aprovou, ao considerar o carro um dos mais estáveis e equilibrados da categoria.

A carroceria da linha média da Olds era remodelada para 1966, com uma ondulação acentuada nos pára-lamas traseiros e colunas que se estendiam além do vidro de trás. O motor 400 básico ganhava 5 cv, passando a 350, e surgia a opção de três carburadores, que resultava em 360 cv. Havia ainda o pacote especial W30, que trazia modificações internas no propulsor e sistema de admissão forçada de ar. Além da variedade de carrocerias — cupê convencional, hardtop e conversível — e dos acabamentos básico e Holiday, o 4-4-2 oferecia cinco alternativas de transmissão e oito de relação do eixo traseiro. Continua

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Data de publicação: 8/11/05

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