O melhor de dois mundos

Nascido cupê, o Reliant Scimitar ganhou uma versão, a
GTE, que unia características de perua e de carro esporte

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Fabricante por 65 anos de veículos de três rodas, sendo o Robin o mais conhecido, a britânica Reliant Motor Company também ganhou fama com um carro esporte mais convencional: o Scimitar, lançado em 1964. O ponto de partida do projeto foi uma carroceria desenhada pela empresa Ogle Design, por encomenda da fábrica de cosméticos Helena Rubinstein, sobre o chassi do Daimler SP 250. Descobriu-se que a carroceria do novo modelo, denominado Ogle SX 250, encaixava-se bem no chassi do Reliant Sabre Six. Dali ao Scimitar foi um pulo.

O cupê de 2+2 lugares não era um exemplo de beleza, mas tinha personalidade. A combinação de capô longo e cabine recuada, típica dos esportivos do gênero na época, permitia a montagem do motor mais próxima do centro do carro, o que melhorava a distribuição de peso entre os eixos. A frente formava um bico, cortado pelo alojamento dos quatro faróis circulares, e um vinco que nascia no arco do pára-lama dianteiro seguia até a traseira. Com carroceria de plástico reforçado com fibra-de-vidro sobre um chassi de aço, o Scimitar GT media 4,35 metros de comprimento e 2,35 m na distância entre eixos. Seu nome originara-se de uma antiga arma oriental em forma de lâmina curva, devidamente usada em seu logotipo.

O GT, primeiro modelo da série, tinha três volumes e carroceria de plástico e fibra-de-vidro; o motor de seis cilindros e 2,6 litros vinha da Ford

O motor de seis cilindros em linha era adquirido da Ford, que o usava nos modelos Zephyr e Zodiac. Com cilindrada de 2,6 litros, comando de válvulas no bloco e três carburadores da inglesa SU, desenvolvia potência máxima de 120 cv e torque de 19,3 m.kgf, que lidavam com um peso contido de 1.010 kg. O câmbio manual tinha quatro marchas e a tração era traseira. As suspensões usavam esquemas simples: independente à frente, com braços sobrepostos, e eixo rígido atrás, ambas com molas helicoidais. Os freios dianteiros eram a disco, da também britânica Girling, e os pneus tinham a medida 165-15.

Esse primeiro modelo obteve relativo sucesso, mas em 1966 a direção da Reliant decidia adicionar à linha uma opção com quatro verdadeiros lugares. A empresa que o havia desenhado, a Ogle, trabalhava à época em uma perua conceitual para a fábrica de vidros de segurança Triplex Safety Glass, com o intuito de mostrar novas possibilidades de uso desses elementos nos automóveis. A Ogle GTS (Glazing Test Special), com seu teto envidraçado, era baseada no próprio Scimitar GT e ficou tão interessante que o Duque de Edimburgo a solicitou para seu uso pessoal, o que fez por dois anos.

A Ogle GTS, desenvolvida a pedido da fábrica de vidros Triplex, acendeu a idéia na Reliant: por que não uma perua sobre a base do Scimitar?

A Reliant, percebendo a viabilidade de outra parceria com a Ogle, encomendou à empresa o desenho de uma variação de dois volumes do cupê para produção. Denominado Scimitar GTE (Grand Touring Estate, perua de grã turismo), o carro era apresentado em 1968 no Salão de Londres. Embora já existissem modelos europeus de dois volumes, como o Renault 16 e o Austin A40 Farina, esse Reliant podia ser considerado a primeira união de uma perua a um carro esporte. Até as portas dianteiras, era algo semelhante ao GT, embora a frente tivesse sido redesenhada — muito oportunamente —, perdendo o bico à meia-altura, e a distância entre eixos passasse para 2,53 m. Continua

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Data de publicação: 1/3/06

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