Mil e uma utilidades

De compacto a médio, depois ao "musculoso" Cyclone e novamente
a compacto, o Comet passou por diferentes atuações na Mercury

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Planejado como um Edsel, o Comet chegava como sedã e perua de duas ou quatro portas, sempre com motor de seis cilindros e 2,4 litros

A versão S-22 (em cima a de 1963) trazia um toque esportivo; um ano depois (embaixo) aparecia o Comet Cyclone com motor V8 de 4,8 litros

Faróis empilhados em 1965 o deixavam parecido com os Fords; com a opção do motor de 271 cv usado em Daytona, estava bastante rápido

Existem casos na história da indústria norte-americana, com seu ritmo frenético de remodelação de automóveis, em que um mesmo modelo cumpriu diferentes papéis no mercado. O Mercury Comet e seu derivado Cyclone estão entre esses casos. Inserido inicialmente como um compacto pelos padrões dos Estados Unidos, o Comet evoluiu para um médio, participou da fase áurea dos "carros musculosos" por meio do Cyclone e, passado esse período, voltou a ser apenas um compacto.

No fim da década de 1950, a intenção da Ford era oferecer um modelo menor na linha Edsel, lançada como nova divisão para 1958. Contudo, o fracasso da série levou a seu encerramento já em 1960. O Comet então chegou ao mercado como modelo independente, da mesma forma que o Valiant na Chrysler, e vendido pelas concessionárias Lincoln-Mercury para buscar um prestígio superior ao da marca Ford. A alteração de nome foi feita bem próxima do lançamento, a ponto de terem sido dadas instruções às revendedoras sobre como modificar seus letreiros luminosos de Edsel para Comet, aproveitando a similaridade das letras.

A plataforma do compacto Ford Falcon teve a distância entre eixos ampliada de 2,78 para 2,89 metros, o que o colocava próximo a um modelo médio da época, como o Ford Fairlane. Com a traseira também mais longa para aumentar o espaço de bagagem, o carro era 35 centímetros mais comprido que o Falcon. Seu estilo ainda mostrava um pouco dos excessos dos últimos anos 50, como aletas ("rabos de peixe") nos para-lamas traseiros, que terminavam em lanternas ovaladas, e uma série de vincos e adornos. Havia opção entre sedã e perua, ambos com duas ou quatro portas, em que a tampa traseira da perua se abria para baixo após o vidro ser rebaixado dentro dela. Um só motor estava disponível: o de seis cilindros em linha e 2,4 litros do Falcon, cuja modesta potência bruta (padrão neste artigo) de 90 cv requeria mais de 20 segundos para o levar de 0 a 96 km/h.

Sem grandes mudanças visuais, o Comet 1961 trazia a primeira versão de apelo esportivo, a S-22. Era um cupê com bancos dianteiros individuais, console central, volante esportivo com raios de aço inox e calotas exclusivas. O motor da versão era o 170 de seis cilindros em linha, 2,8 litros e 101 cv, com caixa automática Comet Drive de duas marchas em vez da manual de três. Agora inserido na gama Mercury, o modelo 1962 vinha renovado com linhas mais discretas, dentro do padrão da época. As aletas na traseira eram pequenas e sutis e a ampla grade de frisos verticais alojava quatro faróis circulares. Novidade era o cupê hardtop de linhas mais informais. No ano seguinte aparecia o primeiro motor V8 do Comet, o bloco pequeno de 260 pol³ (4,3 litros) e 164 cv, também aplicado ao Falcon. Chegava também um conversível com acionamento elétrico da capota.

Uma remodelação de estilo para 1964 deixava o Mercury com aspecto de maior tamanho. Embora a frente mudasse pouco, as laterais traziam mais vincos e a traseira extinguia de vez os "rabos de peixe". A opção do motor V8 de 289 pol³ (4,8 litros) e 210 cv trazia importante ganho de desempenho. Já em janeiro daquele ano a empresa anunciava o Comet Cyclone, um pacote visual para o cupê hardtop que trazia, além do citado motor, bancos individuais, console central, conta-giros no painel, calotas que simulavam rodas cromadas e o mesmo acabamento em componentes do motor como o filtro de ar. Quatro Comets com o 289 preparado para 271 cv percorreram 100 mil milhas (161 mil quilômetros) em Daytona a média superior a 165 km/h.

A exemplo do Fairlane e do Galaxie, o Comet vinha em 1965 com dois faróis empilhados de cada lado em vez da linha horizontal usada até ali. O Cyclone era agora uma versão normal de linha com o motor 289 de carburador quádruplo, um pouco mais potente do que antes (225 cv), enquanto o Comet básico tinha carburador duplo e 195 cv. A versão de 271 cv usada em Daytona podia equipá-lo sob encomenda para um desempenho muito interessante. O antes comportado Mercury entrava para o grupo dos "carros musculosos", inaugurado no ano anterior pelo Pontiac GTO. Continua

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Data de publicação: 8/12/09

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