Como o irmão novo que mostra
rebeldia nos trajes, o Punto segue uma linha esportiva nos acessórios,
nas rodas e até nas cores oferecidas
O jeito de homem sério é
adotado pelo irmão mais velho, o Linea, que tem poucas diferenças
visuais no T-Jet em relação às demais versões |
Quem
tem um irmão pouco mais velho ou mais novo ou filhos de idades próximas,
sabe: por mais que eles carreguem os mesmos traços da família e tenham
sido criados dentro de iguais princípios, são sempre diferentes em
personalidade. Com os carros não é diferente. Na linha Fiat há dois
modelos com a mesma designação de versão — T-Jet —, a mesma plataforma
básica, o mesmo motor de 1,4 litro turboalimentado. No entanto, Punto e
Linea T-Jet são muito diferentes um do outro.
Este não é um comparativo nos moldes habituais, em que buscamos apontar
a melhor opção entre modelos concorrentes. Qualquer um sabe de antemão
que terá mais espaço (sobretudo para bagagem) no Linea e visual mais
esportivo e menor preço no Punto, entre outras distinções. Não se tratam
aqui de competidores, mas de "irmãos" com muito em comum e
"personalidades" bem diversas. É para explorar essa diversidade que os
colocamos lado a lado.
Antes, um pouco de história. Nosso Punto é um derivado do
Grande Punto italiano, lançado em
2005. Se por fora eram praticamente iguais até que a Fiat de lá passasse
à versão Evo, em 2009, por
baixo o modelo nacional carrega alguma herança de Palio e Stilo na
plataforma e nas suspensões — em parte para conter custos, em parte para
obter maior resistência a nosso piso. A versão T-Jet repete a fórmula da
Abarth vendida na Europa. O Linea, por sua vez, surgiu na Turquia em
2007 com base na mesma plataforma do Grande Punto para suprir a demanda
por sedãs médio-pequenos em mercados emergentes — como o Brasil. O T-Jet
é exclusividade nossa em âmbito mundial, como aconteceu no passado com
as versões Turbo de Tempra e
Marea.
Destinados a públicos-alvo diferentes, os carros têm clara distinção já
no acabamento externo. O Punto, como o irmão mais novo que quer mostrar
rebeldia no corte de cabelo, nas roupas e nos piercings, abusa dos adereços esportivos: a
moldura em preto fosco que liga um para-choque a outro, formando o
defletor dianteiro e o difusor de ar traseiro e passando pelos arcos dos
para-lamas e as soleiras; carenagens dos faróis de neblina, máscaras dos
faróis principais e defletor de teto no mesmo tom; dupla ponteira de
escapamento e rodas de 17 pol (com novo desenho no modelo 2011,
diferente do mostrado nas fotos), cujo fundo em tom grafite é ideal para
disfarçar o pó das pastilhas. O Linea, tal e qual o irmão mais velho que
busca uma imagem de homem sério pelos trajes refinados, é todo mais discreto. As rodas, de
mesma medida do Punto, são tradicionais e há poucas diferenças para as
demais versões do sedã (hoje vem com um defletor sobre a tampa
do porta-malas, ausente do modelo avaliado).
Portas abertas, novo contraste. O Punto aposta em uma ideia divisora de
opiniões, a pintura fosca de ampla seção do painel na cor da carroceria
— que pode vir apenas em vermelho, amarelo, branco ou preto. Seus bancos
exclusivos, com intenso apoio lateral e de coxas (este chega a ser
excessivo), combinam revestimento em couro e tecido e trazem quatro
pontos circulares em prata nos encostos, junto ao logotipo T-Jet. Só não
caiu bem o couro nos puxadores de porta, que parece uma aplicação
pós-venda. O Linea é, mais uma vez, sóbrio e elegante: a versão traz
interior sempre em tom bege, com opção entre tecido aveludado de alto
padrão (como no avaliado) e couro. Parte do painel e dos forros de porta
segue tons de bege, o que lhe confere aspecto refinado e o faz sair da
mesmice do cinza/preto. Cabe crítica apenas ao tom amarelado de alguns
plásticos.
O motorista acomoda-se bem em ambos, mas se sente em um carro claramente
mais esportivo no hatch, seja pelo aspecto interno, seja pela
conformação do banco. Se o volante é o mesmo, de boa pega, os quadros de
instrumentos têm padrões distintos — ambos modernos, mas algo confusos
pela posição e a grafia dos dígitos. O mostrador digital no centro serve
ao computador de bordo, ao sistema de navegação (opcional) e comunicação
e ao manômetro do turbo, formado por 16 barras e que não traz indicações
numéricas, mas dá uma referência de como o sistema está mais ou menos
"cheio" nas diferentes condições de uso.
Ambos vêm de série com sistemas de áudio dotados de toca-CDs, leitura de
MP3, conexão USB e o sistema de comunicação Blue & Me, que controla o
telefone celular pela interface Bluetooth,
pode ser comandado por voz e chega a ler mensagens do tipo SMS. A
qualidade de áudio dos sistemas é muito boa para os padrões nacionais,
ajudada pela caixa de subgraves
amplificada na lateral direita dos porta-malas. Há opção pelo navegador
Blue & Me Nav, baseado em indicações simples no mostrador central do
painel, como setas indicativas e mensagens escritas. Falta a exibição de
mapa, que ajudaria a esclarecer se, por exemplo, uma saída à direita a
200 metros é a primeira ou a segunda adiante.
Continua |