Idea Adventure: para os desafios da selva de pedra (6)

 

Nossa minivan vai a Monte Verde, MG, e divide opinião do
jovem motorista entre a versatilidade e os aspectos negativos

Texto e fotos: Roberto Agresti

 

Atualização de 16/10/12

Coube ao jovem colaborador Paulo Athayde, de 22 anos, percorrer quase 400 quilômetros ao volante da Idea Adventure, nesse fim de semana prolongado pelo feriado da padroeira do Brasil, em viagem até a região de Monte Verde, no sul do estado de Minas Gerais.

Enfrentando tempo chuvoso no trajeto de ida, o colaborador — que viajou com pouca bagagem e apenas um acompanhante — destaca alguns pontos positivos ao enfrentar estrada sob mau tempo: “É vantajoso estar um pouco mais alto que em um carro normal. Havia bom trânsito na rodovia Fernão Dias e a impressão que tive é que, na Idea, sofri menos do que em carros mais baixos na chuva. O spray dos pneus à frente parece menor, e o trabalho do limpador de para-brisa associado ao da ventilação interna deixou boa a visibilidade. Mas as grossas colunas laterais do para-brisa causam um ponto cego importante”.

Essa característica da Idea — os grossos e duplicados montantes nas laterais do vidro — é especialmente chata quando a estrada se faz tortuosa: “É bem incômodo quando se roda em estradas apertadas ou na cidade, pois obriga a movimentar o corpo para frente e para trás para se ver direito. Não fosse por isso, a visibilidade seria boa. Também gostei na Idea da competência do conjunto de faróis, muito bom mesmo, que ajudou na viagem de volta realizada à noite”.

 

 
Se o trajeto longe do asfalto mostrou bom vão livre do solo e pneus apropriados,
Paulo não aprovou o comportamento da Idea em curvas e frenagens intensas

 

Paulo destaca que, nos breves passeios feitos nas cercanias de Monte Verde, o bom espaço livre em relação ao solo e os pneus de uso misto mostraram sua validade: “Cheguei a alguns lugares aonde com um carro comum não iria, por receio de bater o fundo em alguma pedra. A Idea não chega nem perto de raspar a frente ou o fundo, e os pneus na estrada de terra molhada são ótimos. Não cheguei a usar o bloqueio de diferencial, mas saber que ele estava ali me deu uma tranquilidade maior. Para quem gosta de se embrenhar nessas situações, a Idea parece boa opção. Imagino que em uma viagem pelo litoral a galera do surfe saberia usar para valer as qualidades ‘aventureiras’ desse Fiat”.

O jovem motorista, embora não considere a compra de uma Idea Adventure, reconhece sua adequação: “Prefiro outro tipo de carro, mais esportivo, que ofereça mais desempenho, mas entendo que essa proposta de uma minivan alta e com pneus ‘de briga’ é bem útil. Tenho amigos que adoram esse estilo e a liberdade de poder chegar a praias ou lugares a que outros carros não vão ou, se vão, sofrem bem mais que esse”.

 

“A Idea não chega nem perto de raspar a frente ou o fundo, e os pneus na estrada de terra molhada são ótimos. Imagino que em uma viagem pelo litoral a galera do surfe saberia usar para valer as qualidades ‘aventureiras’ desse Fiat”, analisa Paulo

 

Aprovada na filosofia, a Idea foi, porém, criticada em aspectos importantes pelo motorista, que se decepcionou com o desempenho do motor E-Torq e com o alto consumo, mesmo tendo obtido a melhor marca média da avaliação até agora. “Não é um carro chocho, nem muito esperto. Imaginei que esse 1.8 com 130 cv seria mais brilhante do que na verdade ele é. Falta ‘pegada’ em baixa rotação. E quanto ao consumo, por mais que tenha poupado o acelerador, 8,4 km/l com álcool foi exagerado. Talvez com gasolina melhore, em termos de custo por quilômetro, porque a taxa de compressão não é alta e aproveita mal o álcool”, ele analisa.

Paulo observa, ainda, que a transmissão é um ponto alto do carro: “Apesar do curso da alavanca meio longo, gostei muito dos engates do câmbio, assim como do escalonamento. Talvez uma quinta marcha pouco mais longa para reduzir o consumo fosse uma opção interessante. Só me incomoda um pouco aquele anel para engatar a ré, que parece uma solução antiquada”. A crítica procede, pois o anel-trava não é necessário em um câmbio como o da Idea: existe bloqueio interno na alavanca que impediria o engate involuntário caso a trava fosse eliminada.

 

 

Acostumado a seu muito estável Peugeot 306, o motorista revela razoável impressão desse aspecto da Idea: “Sendo alta e usando pneus mistos, ela me pareceu melhor do que esperava, pois não inclina muito a carroceria e nem passa impressão de que vai tombar. Mas na estrada, acima dos 110 km/h, imagino que desviar de direção de maneira rápida e brusca a faria entrar em crise. Essa Idea é o típico carro que deveria ter controle eletrônico de estabilidade. Será que o modelo europeu tem?”.

A pergunta de Paulo é adequada, e a resposta é: sim, há versões da Idea na Europa que contam com o sistema de segurança — embora lá não exista a versão Adventure —, item que no modelo feito no Brasil jamais foi oferecido. É um quesito que merece atenção da Fiat, pois um modelo de proposta de uso semelhante, o novo Ford EcoSport, traz o controle de série na versão Freestyle, de preço próximo ao da Idea avaliada.

 

 
A proposta de minivan “aventureira” faz sentido para o colaborador, mas a Fiat
deveria investir em acabamento, itens de conveniência e painel mais atual

 

A frenagem também é objeto de comentário do motorista, que julgou que a impressão inicial ao afundar o pé no pedal de freio é que o sistema é potente, mas os pneus e o acerto de suspensão não colaboram. Segundo o colaborador, em uma simulação de frenagem de emergência, em piso úmido, o sistema antitravamento (ABS) trabalhou mais do que seria adequado: “O carro levantou a traseira, deixando os pneus desse eixo com pouca aderência, e o ABS precisou intervir fortemente. A manobra também me fez sentir que bastaria uma pequena movimentação do volante para perder a compostura. É um mal dos carros altos, mas um acerto melhor ajudaria”.

O comentário final de Paulo foi reservado ao interior da Adventure: “O espaço é agradável e se percebe a intenção da Fiat de lhe dar um ar de carro diferenciado, como no couro de duas cores nos bancos, mas suas costuras são malfeitas, em especial na parte de trás dos apoios de cabeça. Nem parece revestimento original de fábrica. O sistema de áudio é bem fraquinho e o desenho do painel está bastante antiquado”.

Ele observa outros pontos melhoráveis: “Faltam acessórios. Aqueles três instrumentos no centro do painel poderiam dar lugar a um navegador, algo bem mais útil que bússola e clinômetros. Pelo preço que custa, ela deveria ser bem mais equipada e oferecer recursos mais avançados. Se eu quisesse um carro desse tipo, procuraria um que gastasse menos combustível e me oferecesse mais modernidade técnica e nos itens de conveniência”.

Com a viagem de Paulo, a Idea Adventure encerra seu ciclo usando álcool no tanque. O que se espera, agora tendo a gasolina como combustível, é uma sede menor — já que está claro que economia não foi um destaque dessas primeiras semanas de nossa avaliação. A atualização desta sexta-feira trará as primeiras respostas.

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