Frente mais moderna, painel reformulado e um conjunto
mais acertado tentam aumentar a aceitação ao SUV chinês
Texto: Edison Ragassi – Fotos: divulgação
O modelo que marcou a estreia da marca chinesa Chery no mercado brasileiro em 2009 — o utilitário esporte compacto Tiggo — chega à linha 2014 de cara nova. Lançado aqui só dois anos depois do país de origem, o Tiggo remodelado encontra uma concorrência diferente da que havia há quatro anos, pois desde então foram lançados o Renault Duster, o Lifan X60 e um novo Ford EcoSport.
Importado do Uruguai, o que o isenta de Imposto de Importação por se tratar de país membro do Mercosul, o Tiggo tem preço sugerido de R$ 52 mil. Os equipamentos de série passam por ar-condicionado, controle elétrico dos vidros, travas e retrovisores, rádio/toca-CDs/MP3 com entrada USB, rodas de alumínio de 16 pol, freios com sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica de força entre os eixos (EBD) e bolsas infláveis frontais. Não há opção de câmbio automático ou tração nas quatro rodas, ao contrário do que a Chery anunciava na época do lançamento. A garantia passa a ser de cinco anos para motor e transmissão; no restante do carro permanece de três anos.
A frente foi toda refeita e usa faróis elipsoidais com leds para luz diurna, mas o restante
da carroceria teve alterações discretas; permanece a semelhança com o antigo RAV4
Na parte externa, as maiores alterações do modelo 2014 estão na frente, que ganhou faróis com refletor elipsoidal e fila de leds para luz diurna, grade com o logotipo da marca mais destacado, novos para-lamas, capô e para-choque. Na traseira, ângulo do qual o Tiggo sempre lembrou demais o Toyota RAV4 de duas gerações atrás, as mudanças aparecem no para-choque, nas lanternas e na capa do estepe, além do defletor de teto. As rodas de alumínio e os frisos laterais completam a renovação.
Entre os bons dotes técnicos do Tiggo está a suspensão traseira independente, que EcoSport e Duster só oferecem nas versões 4×4
O interior teve redesenhados painel, volante, console central e bancos. O objetivo foi um desenho mais refinado — percebido pela aplicação de detalhes cromados em comandos e molduras —, já que o modelo anterior exagerava na simplicidade. O quadro de instrumentos abandonou o fundo claro, o volante agora traz controles de áudio e foi aplicado um mostrador com bússola e indicadores de altitude e pressão atmosférica, além de sensores de estacionamento na traseira. O acabamento interno ganhou qualidade e os instrumentos são fáceis de visualizar.
O motor de 2,0 litros e 16 válvulas a gasolina, com potência de 138 cv e torque de 18,5 m.kgf, e o câmbio manual são os mesmos, mas comparado ao modelo anterior houve ganho de 3 cv e 0,3 m.kgf, com o pico de torque agora disponível 200 rpm abaixo. A Chery informa um desempenho modesto, com aceleração de 0 a 100 km/h em 15 segundos (o que é estranho, pois testes na imprensa já apontaram a faixa de 12 s) e velocidade máxima de 170 km/h. Bons dotes do ponto de vista técnico são os freios a disco nas quatro rodas e a suspensão traseira independente, recurso que EcoSport e Duster só oferecem nas versões 4×4.
Melhorou bastante a aparência do painel e do volante, embora o interior ainda não
seja luxuoso; agora há comandos de áudio à mão e sensores de estacionamento
O utilitário esporte foi mostrado para a imprensa na cidade de Itu, SP. Como os carros não estavam emplacados, o teste foi realizado em um kartódromo — longe do ideal, ainda mais para o tipo de veículo. Ao ligar o motor é possível perceber bom isolamento acústico, pois seu ruído é quase que imperceptível dentro do carro. Apesar do peso expressivo de 1.375 kg (100 a mais que o novo EcoSport de 2,0 litros), o carro oferece desempenho razoável, desde que usem rotações para manter o motor em sua fase de melhor rendimento.
No câmbio, a passagem da primeira para a segunda marcha acontece de maneira precisa, mas da terceira até a quinta é necessário fazer pequeno esforço para engatar. Nas curvas do circuito ele mostrou boa estabilidade, sem a tendência de jogar a traseira ou saída de frente excessiva, ajudado pelos largos pneus 235/60. O conjunto parece bem acertado, mas merece uma avaliação mais ampla (leia abaixo a opinião de uma proprietária do modelo anterior).
Como antes, o destaque do Tiggo é oferecer bom conteúdo de série por preço um pouco menor que o dos concorrentes nacionais em equilíbrio de equipamentos. Embora a Chery esteja mais consolidada e não demore a iniciar a produção local de automóveis em Jacareí, SP, o utilitário chinês já revela o peso da idade e, mesmo com as boas novidades apresentadas, não deve ter vida fácil em um segmento com adversários tão consagrados.
O motor de 2,0 litros ganhou 3 cv e permanece sem câmbio automático; com suspensão
independente também na traseira, o Tiggo revelou boa estabilidade no breve contato
A opinião de quem tem um
A jornalista Karin Fuchs, proprietária há mais de um ano de um Tiggo 2012, esteve no evento de lançamento do modelo 2014 e passou suas impressões sobre a renovação promovida pela Chery.
“Muita coisa mudou no Tiggo, a começar pelo desenho mais moderno da frente. O interior traz boas novidades para quem, como eu, está habituado à versão anterior. Melhorou o aspecto do painel, que eu achava um tanto quanto simples, e agora o carro vem de série com sensores de estacionamento, que faziam falta — muitas vezes perdi a noção da distância até o veículo de trás ou o obstáculo por causa do estepe acoplado à porta traseira.
Além de mais bonito, o interior aparenta ter melhor acabamento. Reparei na facilidade em fechar o porta-luvas, o que no meu carro traz dificuldade. Também foi corrigida a falta de porta-copo com acesso fácil para quem está dirigindo. Uma garrafinha de água precisava ser colocada no console, muito para trás, e exigia manobras para alcançá-la. Agora, além de porta-copo bem à mão, em todas as portas há compartimento para garrafas.
No quesito dirigibilidade, melhoraram o pedal de embreagem, muito mais macio; o câmbio, com marchas que se encaixam mais facilmente; e o volante com mais firmeza, que dá uma sensação maior de domínio do carro. Percebe-se um aprimoramento geral do produto, sinal de que as mudanças não se restringiram à aparência. Na rápida avaliação, confirmei que o Tiggo continua firme nas curvas, a frenagem é precisa, a visibilidade muito boa em todos os ângulos. O motor continua o mesmo e responde muito bem.”
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 83,5 x 90 mm |
Cilindrada | 1.971 cm3 |
Taxa de compressão | 10:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima | 138 cv a 5.750 rpm |
Torque máximo | 18,5 m.kgf a 4.300 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual, 5 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, braço arrastado, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 7 x 16 pol |
Pneus | 235/60 R 16 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,39 m |
Largura | 1,765 m |
Altura | 1,705 m |
Entre-eixos | 2,51 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 55 l |
Compartimento de bagagem | 435 l |
Peso em ordem de marcha | 1.375 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | 170 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 15,0 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |