Esta não é a região de destaque no Jetta, então seu estilo é discreto. A tampa ostenta uma borda superior espessa, para simular um defletor de ar, mas o restante dessa região é liso — a tampa não tem vincos ou frisos pronunciados. Isso é outra ajuda na construção da imagem de dinamismo e leveza e ainda evita tirar destaque dos outros elementos que compõem a parte traseira. O maior problema, mais uma vez, é a semelhança excessiva com o Virtus.
As lanternas traseiras abrangem uma área grande da carroceria, mas seu formato é angular de forma tal que elas não têm aparência massiva. Esse desenho consegue a proeza de evitar o excesso de área vazia de carroceria sem criar excesso de área das luzes. Outro feito louvável é diferenciar-se do estilo usado nos Audi, o que parece ficar mais difícil a cada ano: os “primos ricos” têm luzes maiores e mais retangulares.
O Jetta é outro Volkswagen a seguir uma tendência muito em voga: fixar a placa diretamente na carroceria, sem uma região específica — tudo o que indica o lugar da placa é o vinco logo acima, o qual esconde sua iluminação. Ao eliminar o suporte, o fabricante pode tornar o visual geral mais limpo ou direcionar o olhar a outro item, como as lanternas. Uma vantagem mais discreta, mas sempre importante, é a redução do custo de produção da tampa.
Muitos sedãs usam a placa na tampa para equilibrar o visual dessa região, já que ela é grande. Assim, o para-choque recorre a vincos e cores para não ficar vazio. No Jetta ele parece mais alto do que realmente é, graças à seção em plástico preto. Isso troca a impressão de imponência por uma de agilidade, a qual é mais adequada à proposta. Ponto negativo são os apliques cromados dos cantos: são baixos demais para imitar saídas de escapamento e ficam acima da saída real.
Observa-se um predomínio das formas retilíneas. A Volkswagen sempre foi fã da aparência austera, mas tem abandonado os contornos arredondados. Isso não significa uma volta aos anos 80: as escolhas de cor e textura são eficazes em manter o ar de modernidade. O que realmente incomoda é a simplicidade geral, que já produz reclamações no Virtus e também aparece no Jetta. Em sua faixa de preço, há cabines muito mais inspiradas.
A proposta mais esportiva do visual externo se repete no painel: suas formas são objetivas, mas genéricas, como em quase todo Volkswagen, mas seu console central é levemente inclinado ao motorista. Em paralelo, é agradável ver que ele segue a tendência de estilo horizontal, fugindo da aparência de coluna. Isso enfraquece a divisão dos lugares na parte dianteira e, em consequência, faz a cabine parecer mais ampla.
Entre todas as posições comuns para esta tela, o Jetta usa a mais condizente com os valores da Volkswagen. O topo do console lhe permite tamanho grande, o qual é muito desejado pelos amantes da tecnologia, mas não chega a quebrar a concepção de painel que a maioria das pessoas tem. Colocar essa tela acima do console, em destaque, é algo que o grupo VW reserva para alguns Audis.
Este item é interessante sob o ponto de vista do estilo porque pode ter… vários estilos. A tela de alta definição pode ser configurada para mostrar somente o que o usuário desejar no momento, portanto não tem uma aparência fixa. O que se mantém é a interface simples e direta, a qual combina muito bem com a Volkswagen. Tem como maior vantagem a limpeza visual; ao mesmo tempo, desagrada quem aprecia estilos mais elaborados porque é muito genérica.
A versão R-Line antecipa que o mote é a esportividade, mas restrita ao visual. Há mudanças no estilo externo e no acabamento da cabine, mas são todas tão discretas que chegam a passar despercebidas por muitos. Para outros, porém, elas vêm na medida certa para convencer a pagar o valor a mais em relação à versão Comfortline.
Os carros da Volkswagen atraem mais pelas qualidades gerais do fabricante do que pela imagem individual de cada modelo. As exceções a isso são raras — e o Jetta não é uma delas. Tudo em seu estilo remete aos outros carros da marca, em especial o Arteon. Dentro deste contexto, essa escolha chega a ser considerada ousada, visto que ele sempre se inspirou nos convencionais Golf e Passat. Basta um olhar atento, porém, para entender por que isso pode ser bom.
Os motivos pelos quais a Volkswagen vende bem estão lá. No que tange o estilo, há discrição e sobriedade; linhas que demoram a envelhecer. Mas ela vem tentando se modernizar e isso também se observa aqui: o Jetta trocou a aparência que agrada o estereótipo do consumidor de meia-idade por tendências mais recentes e uma bela pitada de esportividade. Quem sabe isso não o torna o meio-termo entre Civic e Corolla que tanta gente deseja?
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