As marcas de automóveis que surgiram como modelos

Nomes como Jetta, Mini, Genesis e Jeep começaram em um produto, mas hoje denominam uma divisão do fabricante

Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação

 

No Brasil, todo mundo sabe que o Jetta é um sedã da Volkswagen. Já na China, se você for comprar um, poderá escolher entre o sedã VA3 e o utilitário esporte VS5. Como assim? Assim mesmo: enquanto para nós o Jetta é um modelo, para os chineses se tornou uma marca do grupo alemão. Parece estranho, mas já aconteceu o mesmo em vários fabricantes. Vamos conhecer esse e outros casos, em ordem alfabética.

 

Continental

Talvez o mais famoso modelo da Lincoln norte-americana, Continental também foi marca por algum tempo. O Continental Mark III foi lançado em 1968 como cupê de luxo com um grande motor V8 de 7,5 litros. Na sucessão vieram o Mark IV (foto) em 1972, o Mark V em 1977, o Mark VI em 1980 e o Mark VII em 1983. Três anos mais tarde a série Mark era incorporada à Lincoln, o que pôs fim à submarca Continental.

 

 

Cupra

Nesse caso o uso original não era em modelo, mas em versão. O nome Cupra simboliza desempenho para a Seat, marca espanhola do grupo Volkswagen, desde 1997. Começou pelo pequeno hatch Ibiza GTI Cupra Sport, com 150 cv, e se seguiu pelos modelos Cordoba e Leon. Em 2018 a empresa lançava a submarca de alto desempenho Cupra, iniciada com a versão esportiva do SUV Ateca e depois do hatch Leon. O recém-apresentado Formentor (foto) é seu primeiro modelo próprio.

 

DS

O primeiro DS da Citroën marcou época: em 1955 oferecia linhas ousadas, suspensão hidropneumática e freios a disco. Foi tão avançado que ainda parecia assim ao sair de linha, 20 anos depois. Como homenagem a ele a marca lançou em 2009 o DS3 (foto), primeiro modelo da série DS, que depois teve DS4, DS5, DS6… A linha ganhou independência em 2014, quando surgiu a DS Automobile e os carros deixaram de ter o emblema Citroën.

 

Genesis

Como fizeram Toyota (com a Lexus) e Nissan (Infiniti) nos anos 80, a Hyundai escolheu um nome pomposo para entrar no segmento de luxo: Genesis. O sedã era lançado em 2008, mas mantendo a marca Hyundai. Oito anos depois, com a imagem já consagrada, a Genesis assumia-se como marca própria, renomeando o sedã como G80 (foto). Hoje a linha inclui os sedãs G70 e G90 e o utilitário esporte GV80.

 

 

Imperial

O Imperial surgiu em 1926 nos Estados Unidos como modelo de luxo da Chrysler para competir com Cadillac, Lincoln e Packard. Tornava-se marca independente em 1955, mantendo-se assim por 20 anos (na foto o Imperial LeBaron 1968), até sucumbir em meio à grave crise da empresa-mãe nos anos 70. Não para sempre: ela ressurgia em 1981 em um cupê e desaparecia de novo em 1984. Na terceira tentativa, em 1990, Imperial voltava a ser um modelo da Chrysler. Durou apenas três anos.

 

Jaguar

A Jaguar também começou por um modelo: o SS Jaguar 100, esportivo de 1936 com motor de seis cilindros. A marca era chamada de SS Cars, sigla que se tornou inadequada depois da Segunda Guerra Mundial, por causa da organização paramilitar nazista Schutzstaffel (esquadrão de proteção, em alemão). Então, em 1945 a empresa se tornou a Jaguar Cars, que lançou modelos inesquecíveis como o XK 120 (foto).

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Jeep

A divisão Jeep, hoje, é um dos braços mais prestigiados e lucrativos do grupo FCA. Tudo começou com um modelo, o Jeep da Willys-Overland, lançado em 1941 para uso militar e quatro anos depois para os civis. A linha não demorou a crescer: perua Station Wagon (Rural no Brasil), o mais jovial Jeepster, picape Gladiator, utilitário Wagoneer e outros. Assim, naturalmente Jeep passou a ser marca, que mudou várias vezes de dona: Kaiser-Jeep em 1953, American Motors em 1970, Chrysler em 1987. No Brasil chegou a existir o Jeep da Ford, quando a empresa comprou a Willys. O sucessor do modelo original hoje é chamado de Wrangler.

 

Jetta

O sedã Jetta significa bem mais para os chineses do que para os brasileiros. Naquele país, a segunda geração alemã de 1984 entrou em linha em 1991 e seguiu até 2013, o que o fez muito popular. Para se diferenciar, as gerações posteriores ganharam nomes diferentes como Bora e Sagitar. Quando a Volkswagen lançou outra marca para o maior mercado do mundo, em 2019, o nome Jetta foi o escolhido com direito a emblema próprio. A linha atual tem o sedã VA3 e o utilitário VS5 (foto), mas outros estão previstos.

 

 

Karma

Fisker Karma era o nome do sedã elétrico, dotado de motor a gasolina para recarregar a bateria, ao ser apresentado em 2011. Depois de 2.500 unidades, o fornecedor de baterias faliu e a Fisker Automotive não conseguiu manter a produção do carro, vindo também a falir em 2013. Três anos depois, pelas mãos da empresa chinesa Wanxiang, o automóvel voltava ao mercado como Karma Revero (foto), produzido pela Karma Automotive.

 

Mini

O inglês Mini surgiu em 1959 como modelo, fabricado pela British Motor Corporation ou BMC. Ele deu origem a variações como o jipe Mini Moke, mas ainda não podia ser enquadrado como marca. Isso aconteceu em 1969, quando o logotipo Mini tomou o lugar dos antigos Austin Mini e Morris Mini. Ao comprar a Rover, em 1994, o grupo BMW decidiu aproveitar o nome Mini em uma nova linha iniciada em 2001 (acima, o original e a terceira geração da BMW). A marca hoje inclui modelos como o Countryman.

 

 

Ram

Muitos brasileiros ainda chamam a grande picape de Dodge Ram, pois foi assim que ela chegou ao Brasil de modo oficial, em 2004. Na verdade, a marca do grupo Chrysler usava esse nome no utilitário desde 1981. O emblema do carneiro, ou ram em inglês, já estava nos carros Dodge desde os anos 30. Em 2009 a Ram se tornou marca, deixando a Dodge de lado, mudança efetuada no Brasil em 2012. Isso abriu caminho para picapes menores em alguns mercados: a Ram 700, que é nossa Fiat Strada; a Ram 1000, ou Fiat Toro; e a Ram 1200, uma Mitsubishi L200.

 

Range Rover

O Land Rover de 1948 já seria exemplo de modelo que se tornou marca, mas escolhemos o Range Rover, lançado em 1970 como primeiro utilitário de luxo. Ele foi o único modelo com esse nome até 2005, quando estava na terceira geração. A marca, então controlada pela Ford, começou a ampliar a linha com o Range Rover Sport, seguido pelo Evoque em 2010 e o Velar em 2017, ao lado do modelo original (foto), muitas vezes identificado como Vogue, que na verdade é uma de suas versões. Hoje, dizer “tenho um Range Rover” dá margem a pergunta “qual deles?”. Com quatro modelos, a linha pode ser considerada uma submarca da Land Rover.

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