Honda CR-V vs. Hyundai IX35: tradições de família

Utilitários bem conhecidos, renovados em aparência e conteúdo, enfrentam-se para revelar qual tem o melhor conjunto

Texto e fotos: Fabrício Samahá

 

Os utilitários esporte assumem, cada dia mais, o papel que já foi de peruas e minivans como o carro oficial da família. Se em 2003 havia apenas 25 desses modelos em duas categorias na Eleição dos Melhores Carros promovida pelo Best Cars, na mais recente edição da pesquisa já eram 62 competidores em seis categorias, com tendência a continuar crescendo.

Dos chineses mais populares aos alemães e ingleses mais sofisticados, a categoria oferece hoje opções para todos os gostos e bolsos. Entre elas estão dois modelos consagrados, que passaram por recente renovação e foram colocados frente a frente: o Honda CR-V, importado do México pela marca japonesa, e o Hyundai IX35, um sul-coreano que ganhou produção brasileira.

 

 

Honda CR-V EXL 4WD Hyundai IX35
4,58 m 4,41 m
150/155 cv 157/167 cv
R$ 145.800 R$ 129.990
Preços públicos sugeridos, em reais, para os carros avaliados, com possíveis opcionais

 

 

Embora diferentes na origem, são concorrentes diretos nos quatro “Ps” a que recorremos para definir os comparativos. A proposta de uso é a mesma: utilitários esporte familiares com bom equilíbrio entre espaço e versatilidade de uso, mas de desempenho moderado. Em porte o CR-V é 17 centímetros mais longo, mas mede 2 cm a menos em distância entre eixos; curiosamente ambos são idênticos em largura e altura. As potências ficam próximas nos motores de mesma configuração, flexíveis de 2,0 litros e quatro válvulas por cilindro: 150 cv com gasolina e 155 com álcool no Honda, 157 e 167 cv (na ordem) no Hyundai.

Em preço, a Honda hoje trabalha com versão única EXL com tração integral e amplo conteúdo de série por R$ 145.800. Já a Hyundai oferece três níveis de equipamentos entre R$ 100 mil e R$ 130 mil, sempre com tração apenas dianteira. O avaliado era a opção de topo, cujo valor fica 11% abaixo de seu adversário. Nosso carro era da série limitada Launching Edition, sem diferenças para as versões de linha além da pintura laranja.

Próxima parte

 

 

Desenhos revelam sua idade no mercado; ambos mudaram de grade no ano passado

 

Concepção e estilo

Nenhum deles pode ser considerado a última palavra no segmento. O CR-V foi lançado em 1995 e ganhou novas gerações em 2001, 2006 e 2011 com uma remodelação frontal sobre esta última em 2014 (datas válidas no exterior). A próxima reformulação completa deve aparecer lá fora no próximo ano. O IX35 apareceu em 2009 como sucessor do Tucson, nome que manteve em mercados como o norte-americano, onde as gerações não conviveram como aqui — e que foi retomado em âmbito mundial em seu sucessor, apresentado no ano passado lá fora e ainda não disponível no Brasil. Também em 2015 ele ganhou por aqui a frente retocada que aparecera dois anos antes na Coreia do Sul.

Seus desenhos não despertam paixão, sobretudo após alguns anos de mercado, mas são coerentes com o perfil dos carros. Ambos ganharam no ano passado novo aspecto frontal, cujo gosto pode ser questionado, mas pouco mudaram na traseira — as lanternas no IX35, um friso cromado no CR-V. Nenhuma das marcas divulga o atual coeficiente aerodinâmico (Cx), mas o informado para o Hyundai era 0,37 no exterior antes da mudança de grade, que certamente não o melhorou.

 

Conforto e conveniência

O visual interno do IX35 é um pouco mais arrojado, caso da seção central do painel e dos módulos dos instrumentos, enquanto o CR-V lembra uma minivan na integração da alavanca de transmissão ao painel. Ambos vêm de série com bancos e volante revestidos em couro e usam materiais plásticos de bom aspecto, embora rígidos.

 

Interior mais conservador no Honda; alavanca de transmissão alta lembra minivans

 

O motorista encontra posição confortável sem dificuldade, com banco bem definido, posições relativas corretas e ajustes de altura e distância do volante. Apenas o IX35 traz regulagem elétrica do banco do motorista, que inclui a de apoio lombar, ausente do CR-V. Os painéis oferecem os mesmos mostradores, iluminados em branco em ambos os modelos, com vantagem ao Honda pelo computador de bordo digno do nome: o Hyundai só indica tempo decorrido e velocidade média, ou seja, próximo da inutilidade.

 

Espaço interno é um bom atributo dos dois carros, ainda melhor no CR-V, mas eles não servem bem para cinco ocupantes

 

Os sistemas de áudio trazem toca-CDs (com acesso escamoteando-se a frente no CR-V), MP3, interface Bluetooth, conexão USB e tela sensível ao toque de sete polegadas, que serve também a navegador e imagens da câmera traseira de manobras. O do IX35 acrescenta toca-DVDs e entrada auxiliar, mas a qualidade de áudio nos pareceu melhor no CR-V, que oferece ainda conexão HDMI para reprodução de áudio e vídeo, roteamento de acesso à internet (com carro parado) e informações de trânsito via radiofrequência — válida em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, por enquanto.

Os dois vêm com alerta para uso do cinto, apoios de braço centrais à frente e atrás, ar-condicionado automático de duas zonas de ajuste, banco traseiro com duas posições para o encosto, chave presencial para acesso à cabine e partida do motor, comando interno para o bocal de abastecimento, controlador de velocidade, destravamento das portas em dois estágios (apenas a do motorista no primeiro comando, fator de segurança pessoal), duas tomadas de 12 volts, faróis com acionamento automático, luzes de leitura apenas na frente (mais a luz geral no centro da cabine), para-brisa com faixa degradê, para-sóis com espelhos iluminados, porta-luvas com fechadura (raro hoje), porta-óculos e volante revestido em couro.

 

Formas do IX35 mostram certa criatividade; materiais equivalem-se entre os carros

 

Entre os detalhes, o CR-V sai à frente por alça de teto também para o motorista, alerta específico de qual porta está mal fechada (no oponente, só o aviso geral), controle elétrico de vidros com função um-toque para todos (só o do motorista no rival) e comando a distância para abertura e fechamento (inclui o teto solar), espelho convexo junto ao retrovisor interno para monitorar crianças no banco traseiro, limpador de para-brisa automático, mostrador de temperatura externa e partida a frio com preaquecimento de álcool.

Tem ainda o modo Econ (econômico) de condução, que altera os parâmetros de acelerador, transmissão automática e ar-condicionado para poupar combustível. Em contrapartida, só o IX35 dispõe de extensor para o para-sol (ideal para incidência lateral), recolhimento elétrico dos retrovisores externos, sensores de estacionamento na traseira, teto solar duplo (apenas o dianteiro move-sel) com forros separados e vidros traseiros que descem por inteiro.

 

 

Pontos melhoráveis no Honda são a alavanca do bocal do tanque sob o painel, facilmente acionada quando se quer abrir o capô; a retomada de velocidade via controlador, lenta ao extremo com Econ acionado; e o ruído de “porta oca” típico de carro barato ao soltar as maçanetas traseiras. No Hyundai há dificuldade de leitura da tela central em dia ensolarado, mesmo com o brilho no ajuste máximo.

Em ambos deveria mudar o anacrônico freio de estacionamento por pedal (que curiosamente voltou no CR-V, substituindo a alavanca manual), falta retrovisor interno fotocrômico e o controle elétrico de vidros segue um padrão de bloqueio incompreensível, habitual do Japão e que a Coreia imitou: ao inibir os botões traseiros para evitar seu uso por crianças, os comandos desses vidros pelo motorista e a operação da janela do passageiro ao lado também são desativados.

 

Bons bancos e sistema de entretenimento com tela de 7 pol nos dois carros; o CR-V é melhor em conforto no banco traseiro e tem mais equipamentos

 

Espaço interno é um bom atributo dos dois carros, com ampla acomodação para ombros, pernas e cabeça dos passageiros, mesmo no banco traseiro. O CR-V é ainda melhor nos dois últimos quesitos e tem melhor altura de assento: muito baixo, o do IX35 deixa as coxas mal apoiadas e acentua o problema de visibilidade causado pela base de janelas alta demais. Eles não servem bem para cinco ocupantes, porém, pelo formato do banco e o encosto desconfortável para quem se sentar no meio.

Comparar os compartimentos de bagagem pelas informações oficiais leva a engano: a Hyundai declara a capacidade até o teto (728 litros) e não pelo método usual até a cobertura divisória (do tipo enrolável nos dois carros) ou o topo do encosto traseiro, pelo qual o Honda leva 589 litros. Assim, baseamo-nos na informação de 465 litros do IX35 no mercado europeu. Em ambos o encosto traseiro é bipartido 60:40, mas não o assento desse modelo. Embora consuma mais espaço, o estepe do Honda — integral e até com roda de alumínio — é bem mais conveniente no uso que o temporário do rival.

Próxima parte

 

CR-V: navegador com informações de tráfego, vidros um-toque fechados a distância, computador de bordo, estepe de alumínio; ambos vêm com câmera traseira

 

IX35: toca-DVDs, teto solar duplo, ajustes elétricos e para-sol com extensão; como no rival, ar-condicionado de duas zonas e chave presencial para acesso e partida

 

Apesar da capacidade informada, o Hyundai leva menos bagagem: 465 ante 589 litros

Próxima parte

 

Equipamentos de série e opcionais

CR-V IX35
Ajuste de altura dos bancos mot./pas. S/ND S/ND
Ajuste de apoio lombar mot./pas. ND O/ND
Ajuste do volante em altura/distância S/S S/S
Ajuste elétrico dos bancos mot./pas. ND O/ND
Ajuste elétrico dos retrovisores S S
Alarme antifurto/controle a distância S/S S/S
Aquecimento S S
Ar-condicionado/controle automático/zonas S/S/2 S/O/2
Bancos/volante revestidos em couro S/S S/S
Bolsas infláveis frontais/laterais/cortinas S/S/S S/O/O
Câmbio automático/automatizado S/ND S/ND
Câmera traseira para manobras S O
Cintos de três pontos, todos os ocupantes S ND
Computador de bordo S S
Conta-giros S S
Controlador/limitador de velocidade S/ND O/ND
Controle de tração/estabilidade S/S O/O
Controle elétrico dos vidros diant./tras. S/S S/S
Controles de áudio no volante S S
Direção assistida S S
Encosto de cabeça, todos os ocupantes S S
Faróis com lâmpadas de xenônio ND ND
Faróis de neblina S S
Faróis/limpador de para-brisa automáticos S/S S/ND
Freios antitravamento (ABS) S S
Interface Bluetooth para telefone celular S S
Limpador/lavador do vidro traseiro S S
Luz traseira de neblina ND ND
Navegador por GPS S O
Rádio com toca-CDs/MP3 S/S S/S
Repetidores laterais das luzes de direção S S
Retrovisor interno fotocrômico ND ND
Rodas de alumínio S S
Sensores de estacionamento diant./tras. ND ND/S
Teto solar/comando elétrico S/S O/O
Travamento central das portas S S
Convenções: S = de série; O = opcional; ND = não disponível
Próxima parte

 

Motores são semelhantes, mas menor peso e mais potência deixam o IX35 mais rápido

 

Mecânica, comportamento e segurança

Salvo pela tração integral que equipa apenas o CR-V, as concepções técnicas são semelhantes, a começar pelos motores de 2,0 litros com sistemas de variação da abertura das válvulas (leia mais sobre técnica). O do IX35 produz mais potência (157 cv com gasolina e 167 com álcool, ante 150/155 cv do CR-V) e torque com álcool (20,6 contra 19,5 m.kgf), embora com gasolina apresente ínfima desvantagem ao rival (19,2 ante 19,3 m.kgf). Com peso 79 kg mais baixo, o Hyundai obtém melhor relação peso-potência.

Os dois motores agradam quanto aos níveis de ruído e vibração, sobretudo o da Honda, que em alta rotação produz um som “ardido” inesperado do tipo de carro. Contudo, pelo que dispõem de potência e torque para seu elevado peso, não brilham em desempenho: são satisfatórios para as necessidades mais comuns do motorista familiar, mas não àqueles habituados a motores exuberantes. Isso ficou claro nas medições do Best Cars, que apontaram melhores resultados no IX35 tanto em aceleração quanto em retomada (veja os números e análise detalhada).

 

Sexta marcha e seleção manual, vantagens da transmissão automática do Hyundai

 

Fato curioso no Hyundai, mas não inédito em modelos da marca, é que a sensação de desempenho satisfaz mais no uso moderado que ao exigir potência de fato do motor. Esse contraste é comum em casos de calibração de acelerador que abre muito a borboleta logo no início de curso do pedal: quando realmente se pisa fundo, há pouco mais torque a produzir e então vem a decepção.

 

Pelo que dispõem de potência para seu peso, não brilham em desempenho, mas o IX35 obteve melhores aceleração e retomada

 

As transmissões automáticas de cinco (CR-V) ou seis marchas (IX35) operam com suavidade e boas respostas ao comando do acelerador para subir ou reduzir. Vantagem do Hyundai é a seleção manual de marchas pela alavanca (subindo para frente), indisponível no Honda, que tem apenas quatro posições (D, D3, 2 e 1) para as marchas à frente: não é o ideal em condições que pedem mudanças frequentes para obter freio-motor, como descidas de serra.

Em modo manual no IX35 as trocas para cima continuam automáticas, mas não as reduções ao abrir o acelerador — arranjo questionável, que pode pegar o motorista de surpresa em situação de emergência e exigir que tire uma mão do volante para a redução manual. Nos dois, pela pouca potência em baixa rotação para seu peso, as caixas efetuam reduções de até duas marchas com frequência em subidas de rodovia. Caso essa atuação seja bloqueada pelo comando manual do Hyundai, nota-se perda acentuada de velocidade.

 

Rodas maiores no Hyundai; melhor acerto entre conforto e estabilidade no Honda

 

A tração integral do CR-V opera sob demanda, ou seja, apenas as rodas dianteiras recebem torque em uso normal (leia mais). É um arranjo útil em pisos de baixa aderência, mas restrito a condições moderadas — nada de fora de estrada pesado com ele. O manual do carro avisa que, em condições mais severas, o envio de torque à traseira pode superaquecer o sistema a ponto de fazê-lo desativar o processo, deixando o usuário com tração apenas na frente.

Os dois carros usam o mesmo conceito de suspensão (dianteira McPherson, traseira multibraço), mas com resultados diferentes. Nenhum sobressai em estabilidade: há grande inclinação da carroceria nas curvas e aderência apenas regular dos pneus. A calibração bem resolvida do CR-V, porém, concilia comportamento dinâmico correto e rodar confortável, embora pudesse melhorar na absorção de impactos de menor intensidade e oscilações em rodovia. O IX35, por outro lado, precisa voltar para a Engenharia.

 

 

Sua suspensão traseira dura faz lembrar certas picapes, pela excessiva transmissão de irregularidades e impactos, para em seguida não fazer cessar os movimentos por falta de controle dos amortecedores. O desconforto ao transpor lombadas é dos maiores já vistos no tipo de carro — curiosamente, semelhante ao do JAC T6, que tanto se parece com ele no desenho. Teriam os chineses usado o sul-coreano como uma infeliz referência de calibração?

Os dois modelos têm controle eletrônico de estabilidade e tração e freios a disco bem dimensionados com distribuição eletrônica entre os eixos. É bom o ajuste das direções com assistência elétrica, leves em manobras e firmes em rodovias. Exclusivo do Hyundai é o controlador de velocidade em declive, que dispensa o uso dos pedais, útil em terrenos irregulares, embora fizesse mais sentido com tração integral.

 

Faróis seguem mesmo arranjo, mas no CR-V são simétricos; falta luz traseira de neblina

 

Ambos com refletor elipsoidal para o facho baixo (que no IX35 atende também ao alto, enquanto o CR-V usa outro de superfície complexa para esse fim), os faróis se distinguem por uma questão de legislação: os do Honda seguem o padrão norte-americano de facho simétrico, pelo que não iluminam um campo tão eficiente quanto o do adversário. Ambos têm faróis de neblina, mas não a luz traseira, e repetidores laterais das luzes de direção nos retrovisores. No IX35 a visibilidade é pior tanto para frente (colunas muito largas) quanto para os lados e para trás. Os retrovisores externos são convexos nos dois.

No pacote avaliado do Hyundai o conteúdo de segurança passiva equivale-se ao do Honda quanto a bolsas infláveis (frontais, laterais de tórax nos bancos dianteiros e cortinas, que protegem a cabeça dos ocupantes da frente e de trás em impactos laterais), assim como aos encostos de cabeça para todos os passageiros. Mas o IX35 comete duas falhas inaceitáveis nessa faixa de preço: cinto subabdominal para o ocupante central do banco traseiro (de três pontos no CR-V) e ausência de fixações em padrão Isofix para cadeiras infantis, presentes no adversário. Nenhum deles passou pelos testes de colisão do Latin NCap.

Próxima parte

 

Mais leve e potente, o IX35 tem melhores acelerações e retomadas, mas consome mais

 

Desempenho e consumo

Apesar de testado com gasolina (procuramos usar o mesmo combustível com o qual recebemos os carros, para evitar misturas), o IX35 foi mais rápido em todas as medições que o CR-V com álcool, resultado coerente com sua vantagem em relação peso-potência. Acelerou de 0 a 100 km/h em 11,9 segundos (ante 13,1 s) e retomou de 60 a 120 em 14,1 s (contra 15,8 s). A tração integral não beneficia o Honda nas provas de arrancada: com ampla capacidade de transmitir ao asfalto o que os motores produzem, os pneus dianteiros de ambos não chegam a patinar mesmo nas acelerações mais intensas.

O Hyundai poderia acelerar ainda melhor com duas alterações na transmissão automática: maior rotação máxima de saída (estol), que é de apenas 1.800 rpm ante 2.200 do Honda, e ponto mais alto de mudança de marcha. Sua caixa faz trocas entre 6.000 e 6.100 rpm em modo manual, antes mesmo do regime de potência máxima (6.200), enquanto a do CR-V o leva até 6.500 rpm e supera em 200 o pico de potência, como deve ser.

Não foi possível medir consumo de combustível no IX35 pela falta dessa função no computador de bordo, mas os dados de fábrica pelos padrões do Inmetro (veja na tabela mais abaixo) indicam ligeira vantagem do CR-V em ambos os ciclos e com qualquer dos combustíveis, obtidas em parte pela transmissão bastante longa. As marcas com álcool pelo Honda em nossos trajetos-padrão são boas para o tipo de carro e as condições de peso e aerodinâmica que ele apresenta.

 

 

Medições Best Cars

CR-V IX35
Aceleração
0 a 100 km/h 13,1 s 11,9 s
0 a 120 km/h 17,9 s 17,0 s
0 a 400 m 19,2 s 18,7 s
Retomada
60 a 100 km/h* 10,3 s 9,2 s
60 a 120 km/h* 15,8 s 14,1 s
80 a 120 km/h* 12,6 s 11,4 s
Consumo
Trajeto leve em cidade 9,4 km/l
Trajeto exigente em cidade 4,9 km/l
Trajeto em rodovia 9,7 km/l
Autonomia
Trajeto leve em cidade 601 km
Trajeto exigente em cidade 313 km
Trajeto em rodovia 620 km
Testes efetuados com álcool (CR-V) ou gasolina (IX35); *com reduções automáticas; melhores resultados em negrito; o consumo do IX35 não pôde ser medido; conheça nossos métodos de medição

 

Dados dos fabricantes

CR-V IX35
Velocidade máxima ND
Aceleração de 0 a 100 km/h ND
Consumo em cidade 9,2/6,4 km/l 8,8/6,1 km/l
Consumo em rodovia 11,5/8,1 km/l 10,5/7,3 km/l
Dados do fabricante para gasolina/álcool; consumo conforme padrões do Inmetro

 

 

Comentário técnico

• A versão do CR-V fornecida aos Estados Unidos pela mesma fábrica mexicana usa motor de 2,4 litros com injeção direta de combustível e transmissão automática de variação contínua (CVT). Esses avanços, porém, não vêm aqui para baixo do Equador, onde a Honda ainda o equipa com a unidade de 2,0 litros da família R, usada desde duas gerações atrás, e caixa automática tradicional de cinco marchas.

Não que se trate de motor defasado: entre suas características atuais estão bloco de alumínio, variação do tempo de abertura (como no IX35) e do levantamento das válvulas, acionamento do comando por meio de corrente e preaquecimento de álcool para partida a frio. Contudo, a relação peso-potência desfavorável do Honda indica que a marca faria bem em nos trazer o motor mais potente e a caixa mais eficiente disponíveis lá no Norte.

• O motor do IX35, por sua vez, faz parte da linha Theta II desenvolvida pela Global Engine Alliance, parceria com a Chrysler e a Mitsubishi que vigorou entre 2002 e 2009, ano em que a marca norte-americana adquiriu a participação da sul-coreana e da japonesa. Na Hyundai a série tem unidades de 2,0 e 2,4 litros, incluindo versões do primeiro com turbocompressor e injeção direta. Como no CR-V, usa corrente de comando e bloco de alumínio; a variação de válvulas abrange apenas o tempo das de admissão. A taxa de compressão bem mais alta que a do concorrente foi adotada no Brasil na versão flexível.

• Chama atenção o quanto são longas as marchas do CR-V: sua quarta produz menor rotação que a quinta do IX35 e o mesmo vale entre a última marcha de um e de outro (veja nas fichas técnicas abaixo). Como se espera, a caixa de seis marchas do Hyundai tem maior gama de relações (a primeira dividida pela última resulta em 5,3) que a de cinco marchas do Honda (4,7).

• O sistema de tração integral do CR-V é do tipo sob demanda: move apenas as rodas dianteiras em condições normais de aderência, mas passa a transmitir torque também às traseiras (até sua totalidade, se necessário) caso os sensores percebam que a rotação daquelas está maior, ou seja, que houve perda de tração.

 

Ficha técnica

CR-V IX35
Motor
Posição transversal
Cilindros 4 em linha
Material do bloco/cabeçote alumínio
Comando de válvulas no cabeçote duplo no cabeçote
Válvulas por cilindro 4, variação de tempo e levantamento 4, variação de tempo
Diâmetro e curso 81 x 96,6 mm 86 x 86 mm
Cilindrada 1.997 cm³ 1.998 cm³
Taxa de compressão 10,6:1 12,1:1
Alimentação injeção multiponto sequencial
Potência máxima (gas./álc.) 150/155 cv a 6.300 rpm 157/167 cv a 6.200 rpm
Torque máximo (gas./álc.) 19,3 m.kgf a 4.700 rpm/19,5 m.kgf a 4.800 rpm 19,2/20,6 m.kgf a 4.700 rpm
Potência específica (gas./álc.) 75,1/77,6 cv/l 78,6/83,6 cv/l
Transmissão
Tipo de caixa e marchas automática, 5 automática, 6
Relação e velocidade por 1.000 rpm
1ª. 2,78 / 11 km/h 4,16 / 9 km/h
2ª. 1,68 / 18 km/h 2,58 / 14 km/h
3ª. 1,13 / 27 km/h 1,77 / 21 km/h
4ª. 0,77 / 40 km/h 1,37 / 27 km/h
5ª. 0,59 / 52 km/h 1,00 / 36 km/h
6ª. 0,78 / 47 km/h
Relação de diferencial 4,44 3,65
Regime a 120 km/h 2.300 rpm (5ª.) 2.550 rpm (6ª.)
Regime à vel. máxima informada ND
Tração integral sob demanda dianteira
Freios
Dianteiros a disco ventilado (297 mm ø) a disco ventilado (ø ND)
Traseiros a disco (305 mm ø) a disco (ø ND)
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência elétrica
Diâmetro de giro 11,4 m 10,6 m
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira independente, multibraço, mola helicoidal
Estabilizador(es) dianteiro e traseiro
Rodas
Dimensões 7 x 17 pol 6,5 x 18 pol
Pneus 225/65 R 17 225/55 R 18
Dimensões
Comprimento 4,58 m 4,41 m
Largura 1,82 m
Altura 1,655 m
Entre-eixos 2,62 m 2,64 m
Bitola dianteira 1,56 m 1,585 m
Bitola traseira 1,56 m 1,586 m
Coeficiente aerodinâmico (Cx) ND
Capacidades e peso
Tanque de combustível 71 l 58 l
Compartimento de bagagem 589 l 465 l (728 l até o teto)
Peso em ordem de marcha 1.579 kg 1.500 kg
Peso-potência (gas./álc.) 10,5/10,2 kg/cv 9,6/9,0 kg/cv
Garantia
Prazo 3 anos sem limite de quilometragem 5 anos sem limite de quilometragem
Carros avaliados
Ano-modelo 2016
Pneus Bridgestone Dueler H/P Sport Kumho Solus KL21
Quilometragem inicial 21.000 km 6.000 km
Dados do fabricante
Próxima parte

 

O Honda custa mais, mas inclui tração integral e se sai melhor em vários quesitos

 

Preços

CR-V IX35
Sem opcionais 145.800 99.990
Como avaliado 145.800 129.990 
Completo 147.000 129.990 
Preços públicos sugeridos, em reais, vigentes em 10/5/16; menores preços em destaque; consulte os sites: CR-V, IX35

 

Custo-benefício

A Honda optou no ano passado por manter a importação do CR-V apenas em uma versão bem equipada, enquanto a Hyundai seguiu o caminho oposto e abriu em três opções o leque do IX35, antes oferecido em uma só (a atual intermediária é a mais próxima da única disponível até então). Com isso, o modelo nacional parte de R$ 100 mil, mas com um conteúdo muito inferior ao do concorrente: só na opção de topo, de R$ 130 mil, ele se aproxima do que o mexicano oferece por R$ 145.800.

Como avaliados, restam poucas diferenças em termos de equipamentos, como tração integral a favor do CR-V e, pelo lado do IX35, ajuste elétrico do banco do motorista e teto solar duplo. Embora transmitir torque também às rodas traseiras possa ser uma vantagem decisiva para parte dos compradores — aqueles que realmente levarão seu utilitário esporte a terrenos mais severos —, muitos usuários urbanos não teriam maior utilidade para ela, de modo que a relação entre conteúdo e preço do Hyundai se mostra mais convincente.

 

 

Quando se passa à análise dos vários quesitos, porém, a situação muda. As notas apontam que o CR-V agrada mais em instrumentos, espaço interno, porta-malas, consumo, suspensão, visibilidade e segurança passiva, enquanto o IX35 revela superioridade apenas em desempenho e transmissão. Percebe-se que o Hyundai atende melhor em termos de resposta ao acelerador, mas deixa a desejar no acerto da suspensão e pela carência de certos itens de conveniência e segurança, além de ser menos espaçoso para a família e sua bagagem.

Assim, o Honda compensa o preço mais alto com um conjunto superior sob vários aspectos e acaba com a mesma nota em relação custo-benefício. No entanto, nenhum dos valores pode ser considerado justo: ambos os modelos estão caros pelo que oferecem, sobretudo ao se considerar que são projetos há tempos no mercado (o Hyundai até já foi substituído no exterior), não recolhem Imposto de Importação (o IX35 nem mesmo tem a desvalorização do real como argumento, pois é nacional) e que pertencem a marcas generalistas, que por tradição deveriam cobrar menos que aquelas de prestígio.

Mais Avaliações

 

Nossas notas

CR-V IX35
Estilo 3 3
Acabamento 4 4
Posição de dirigir 4 4
Instrumentos 4 3
Itens de conveniência 4 4
Espaço interno 5 4
Porta-malas 5 4
Motor 4 4
Desempenho 3 4
Consumo 4 3
Transmissão 3 4
Freios 4 4
Direção 4 4
Suspensão 4 2
Estabilidade 3 3
Visibilidade 4 3
Segurança passiva 4 3
Custo-benefício 3 3
Média 3,83 3,5
Posição 1º. 2º.
As notas vão de 1 a 5, sendo 5 a melhor; conheça nossa metodologia

 

Teste do Leitor: opinião dos proprietários

CR-V IX35
Envie sua opinião sobre o carro que possui

 

Sair da versão mobile