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Avaliação
Quatro por quatro, oito por dois
Um câmbio automático de oito marchas para o motor V6 a diesel é a novidade do Land Rover Discovery e do Range Rover Sport
Texto: Paulo de Araújo e Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Uma caixa de câmbio automática com oito marchas e revisões no motor V6 biturbo a diesel são as principais novidades da linha 2012 do Range Rover Sport e do Land Rover Discovery 4. Os dois modelos, que compartilham a plataforma e grande parte do conjunto mecânico, ocupam diferentes posições na linha do fabricante inglês — hoje nas mãos da indiana Tata —, com preços também diversos.
O Discovery 4 S custa R$ 241.000; o SE, R$ 264.000; e o HSE, R$ 315.000. No caso do Sport os valores são de R$ 324.500 para SE e R$ 368.000 para HSE. Além das alterações, a recente alta do dólar explica os novos preços mais altos. Entre seus concorrentes estão Audi Q7 (R$ 332.000), Mercedes-Benz ML 350 CDI Sport (R$ 291.500) e Volvo XC90 (R$ 195.930, a gasolina apenas). Dentro da linha britânica, eles se posicionam acima dos compactos Land Rover Freelander 2 e Range Rover Evoque, mas abaixo do megaluxuoso Range Rover Vogue.
O câmbio ZF 8HP70 é a maior novidade desses utilitários esporte de luxo. Embora oito marchas pareçam exagero para um motor com tanto torque, a tendência de usar mais marchas se justifica pelas normas de consumo (nos Estados Unidos) e de emissão de gás carbônico (na Europa) cada vez mais apertadas. Com menor intervalo entre as relações, o motor se mantém em rotação mais constante enquanto a velocidade aumenta, o crescimento de giros é menor nas reduções pouco exigentes — o que também beneficia o conforto — e é necessário menor deslizamento do conversor de torque, um inimigo da eficiência.
Tomando por base a velocidade máxima em cada marcha do Discovery, nota-se que a primeira do câmbio de oito marchas é 23% mais longa que a da caixa de seis. Já a segunda foi encurtada em 8%, a terceira em 14%, a quarta em 18% e a quinta em 20%. Antes a quinta já atingia a velocidade máxima de 180 km/h, quando intervém um limitador eletrônico; agora ela se dá em sexta, restando sétima e oitava como sobremarchas. No Sport há arranjo semelhante, mas a máxima de 200 km/h se consegue em sétima, enquanto antes a final era de 193 km/h em sexta.
A caixa não tem como única novidade as marchas adicionais. A alavanca seletora tradicional foi substituída por um comando giratório no console, como em toda a linha Jaguar e nos modelos Evoque e Vogue da Range Rover. Desligado o motor, o comando rebaixa-se e “desaparece”. Como ele traz apenas as posições básicas (P, R, N, D e S, que aciona o programa esportivo de uso), mudanças manuais de marcha são feitas por alavancas atrás do volante. Para evitar confusão com o botão do câmbio, o seletor do sistema Terrain Response agora é baseado em botões.
Do ponto de vista técnico, a nova caixa tem operação mais eficiente, trocas de marcha mais rápidas (dois décimos de segundo), bloqueio do conversor de torque também em baixa velocidade e detecção de forma de condução. O uso dos freios é monitorado, o que permite ao câmbio reduzir marchas para obter freio-motor e poupar o sistema, e em reduções mais enérgicas é possível saltar até seis marchas, como de oitava para segunda.
O motor SDV6 de 3,0 litros é dotado de dois turbocompressores que trabalham de forma sequencial: um menor, de baixa inércia, começa a girar em rotações muito baixas e o outro, maior e de inércia mais elevada, entra em ação em giros mais altos. Com alguns novos parâmetros de funcionamento e a adoção de filtros de partículas de diesel, a unidade da linha 2012 traz mais potência — de 245 para 256 cv —, menor consumo e emissão mais baixa de CO2, enquanto preserva o excelente torque máximo de 61,2 m.kgf a 2.000 rpm.
Os dois modelos têm outros elementos em comum como o uso de molas pneumáticas na suspensão independente nas quatro rodas, que é dotada de ajuste em altura, e o sistema Terrain Response. O motorista determina pelos botões no console qual o tipo de piso em que trafega — asfalto, terra, lama/neve, areia e pedras — e o carro se autoconfigura intervindo na suspensão, na rapidez de resposta do acelerador, bloqueando o diferencial central, aplicando a redução da transmissão e/ou acionando o controle de velocidade em declives (HDC).