Com visual jovem, cabine simples e motor de 173 cv, versão
ressurge na nova linha para oferecer alternativa a Strada e Saveiro
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
O mercado de picapes médias no Brasil cresceu quase 100% em apenas cinco anos. É um filão que sente o reflexo da Economia, em especial do agronegócio, que tem seguido de vento em popa. Mas esse segmento busca sobretudo as picapes de cabine dupla, enquanto as versões de cabine simples ficam destinadas mais a frotistas e empresas.
Por isso, em 2007 a Ford fez a experiência de lançar um produto com visual diferenciado, destinado ao público de espírito jovem e a praticantes de esportes de aventura: a Ranger Sport. E funcionou: desde então foram vendidas mais de 10.000 unidades da versão, um sucesso que impulsionou sua continuidade com a nova plataforma mundial da picape, em produção desde 2012.
Colocada no mercado com preço competitivo — para o segmento — de R$ 68 mil, a Sport traz como equipamentos de série aplique frontal no para-choque, faixas laterais, faróis de neblina, estrutura de caçamba (“santo antônio”), alarme antifurto, controles de áudio no volante, controlador de velocidade, retrovisores externos com ajuste elétrico, controle elétrico de vidros com função um-toque e sistema de áudio com rádio/CD, MP3, entradas USB/Ipod e interface Bluetooth. Há ainda ar-condicionado, diferencial autobloqueante, rodas de alumínio, bolsas infláveis frontais e freios antitravamento (ABS) com distribuição eletrônica, que equipam também a versão mais simples XLS. Estão disponíveis as cores vermelha, branca (sólidas), prata (metálica), azul e preta (perolizadas).
Protetor frontal, barra na caçamba, faixas laterais e a opção de rodas de 17 pol
respondem pelo ar jovial da Ranger Sport, oferecida só com cabine simples
O concorrente mais direto é a Chevrolet S10 LS com motor de 2,4 litros, por R$ 65.890, mas a Ford acredita poder alcançar também compradores de picapes compactas, uma vez que Fiat Strada Adventure e Volkswagen Saveiro Cross começam em R$ 52 mil e a primeira alcança R$ 67 mil com opcionais.
A traseira da nova Ranger não salta tanto quanto
na versão anterior, mas quem prefere um
rodar mais macio deve optar pela cabine dupla
A nova Sport (que não deixa de ser uma XLS, como aponta o logotipo na traseira) perdeu um pouco da sofisticação das primeiras versões, mas ganhou espaço tanto na cabine quanto na caçamba. Para reforçar o estilo jovial a caçamba recebeu uma bela e bem-acabada barra protetora com desenho moderno. Na maioria dos casos essa barra não tem a função de efetivamente proteger a cabine em caso de capotamento, mas sim de funcionar como apoio para carga, prancha de surfe, asa delta, etc.
Apesar de ser voltada ao mercado de lazer, ela vem um tanto básica, com bancos revestidos de tecido sem regulagem de altura no do motorista, caçamba sem protetor e profusão de plásticos simples no interior. Ao contrário das primeiras Sports, que tinham banco de três lugares, agora são usados dois bancos separados — por causa da legislação, já que não haveria bolsa inflável para um passageiro central. Por outro lado, houve grande avanço em termos de espaço nessas duas décadas de mercado: na primeira Ranger, vendida no Brasil entre 1994 e 1998, a cabine era tão pequena que só mesmo os baixinhos conseguiam se sentir confortáveis. No modelo atual o espaço na cabine ficou muito bom e sobra um razoável compartimento de carga atrás dos bancos.
Novo modelo tem apenas dois lugares por questão legal; sistema de áudio
integrado é de série, mas acabamento em geral mostra simplicidade
Um dos grandes desafios ao se projetar uma picape é encontrar o compromisso ideal entre cabine e caçamba. Como oferecer conforto para quem tem mais de 1,80 metro de altura sem perder espaço de carga? O ideal seria uma solução abandonada pelos fabricantes de picapes médias no Brasil, mas usada em larga escala nos Estados Unidos: a cabine estendida, que por aqui não fez muito sucesso no segmento, embora tenha razoável aceitação entre as compactas.
A caçamba de 7,5 pés (quase 2,3 metros) de comprimento e 1.800 litros de volume útil até as bordas pode receber até duas motos grandes com a tampa fechada. A tampa não pode mais ser retirada nem tem fechadura — na versão anterior ela podia ser removida, o que ajuda bastante na operação de carga e descarga. Por outro lado, era relativamente fácil o furto da tampa. O estepe fica localizado sob a caçamba, que é bom para aumentar o espaço de carga, mas crítico para trocar o pneu por causa do peso do conjunto, além da vulnerabilidade ao furto.
Boa potência, mas em alta
O motor da Ranger Sport, membro da família Duratec e similar ao do novo Fusion, é um quatro-cilindros de 2,5 litros com bloco e cabeçote de alumínio, duplo comando e quatro válvulas por cilindro, que desenvolve potência de 168/173 cv e torque de 24/24,7 m.kgf, na ordem gasolina/álcool. Embora o torque máximo apareça ao redor de 4.000 rpm, mais de 22 m.kgf estão disponíveis desde 2.500 giros em uma curva bastante plana, informa o fabricante.
Motor de 173 cv traz desenvoltura à Ranger, salvo nas rotações mais baixas;
conforto ao rodar é razoável diante da capacidade para 1,45 tonelada
Abastecida com álcool, a Sport mostrou até que bastante força e velocidade no percurso urbano da avaliação da imprensa, mas falta um pouco de “pegada” em baixas rotações, o que certamente se torna mais crítico com a caçamba carregada. Além disso, poderia receber uma sexta marcha ou uma quinta mais longa, porque a 120 km/h o conta-giros indica 3.200 rpm. Para compensar a falta da tração nas quatro rodas (exclusiva para motores a diesel), o diferencial é autobloqueante, ou seja, transfere parte da força da roda que está sem tração para a oposta — o que pode livrar o motorista de um eventual atoleiro.
Quem tem ou teve picape sabe que não é confortável como um carro, sendo bom se acostumar a sentir até ao passar por cima de um palito de sorvete. A suspensão foi preparada para receber até 1.445 kg de carga, valor que impressiona. A traseira da nova Ranger não salta tanto quanto na versão anterior, mas quem prefere um rodar mais macio deve optar pela cabine dupla, que altera a distribuição de peso com o veículo vazio. O que contribui para amortecer os impactos são os pneus de perfil alto 255/70 em rodas de 16 polegadas (como opção são oferecidas rodas de 17 pol com pneus 265/65).
Pelo valor da Sport, seria de se esperar um pouco mais de sofisticação e equipamentos como bancos revestidos em couro e protetor de caçamba de série. Uma das dificuldades de vender (e revender) picapes de cabine simples e fazê-las se diferenciarem de veículos de frotas e, para isso, só as faixas decorativas, o “santo antônio” estilizado e um logotipo Sport parecem pouco. Mas quem vem de picapes leves e quer subir de categoria tem nela uma válida opção.
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | longitudinal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 89 x 100 mm |
Cilindrada | 2.488 cm³ |
Taxa de compressão | 9,7:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 168/173 cv a 5.500 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 24,0 m.kgf a 3.750 rpm/24,7 m.kgf a 4.250 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual, 5 |
Tração | traseira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | rosca sem fim e rolete |
Assistência | hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, braços sobrepostos |
Traseira | eixo rígido |
Rodas | |
Dimensões | 7 x 16 pol ou 8 x 17 pol |
Pneus | 255/70 R 16 ou 265/65 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 5,351 m |
Largura | 1,85 m |
Altura | 1,80 m |
Entre-eixos | 3,22 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 80 l |
Caçamba | 1.800 l |
Peso em ordem de marcha | 1.745 kg |
Capacidade de carga | 1.455 kg |
Dados do fabricante; desempenho e consumo não disponíveis |