Com nova arquitetura, carroceria de alumínio e potentes
motores, o SUV de luxo está ainda melhor para qualquer terreno
Texto: Edison Ragassi – Fotos: divulgação
A Land Rover traz para o Brasil a quarta geração do utilitário esporte de luxo Range Rover Vogue (leia sua história desde 1970), como é conhecido por aqui o modelo tradicional — em outros mercados ele é simplesmente Range Rover, pois Vogue é uma das versões de acabamento.
Foram definidas para o mercado local cinco opções. Com motor turbodiesel de 4,4 litros e potência de 339 cv estão disponíveis a SDV8 Vogue, ao preço sugerido de R$ 551.800; a SDV8 Vogue SE, por R$ 575.800; e a SDV8 Autobiography, de R$ 596.800. Já a Vogue SE Supercharged (R$ 583.800) e a Autobiography Supercharged (R$ 604.800) usam motor V8 de 5,0 litros a gasolina com compressor e 510 cv. A expectativa da Land Rover é de vender 200 unidades durante este ano. Os concorrentes mais próximos são o Porsche Cayenne Turbo, a R$ 599.000, e o Mercedes-Benz ML 63 AMG, por US$ 319.900 (R$ 627.500 pela cotação atual).
O conteúdo de série, como se espera, é expressivo. Em itens de conforto, mesmo a versão de entrada Vogue vem com ajuste elétrico e memórias para os bancos, ar-condicionado automático de três zonas, console central refrigerado, aquecimento nos bancos dianteiros e no volante, controlador de velocidade, monitor de ponto cego e sistema de áudio Meridian de 380 watts. As rodas de 20 pol recebem pneus 255/55.
Apesar da moderna carroceria de alumínio e de detalhes inspirados no Evoque,
a tradição ainda é tema dominante do Range Rover, já na quarta geração
O Vogue SE acrescenta controlador da distância à frente com função de parada total e retomada, assistente de estacionamento (movimenta o volante e orienta as manobras), alerta para risco de colisão ao rodar de marcha à ré, cinco câmeras ao redor do veículo para visibilidade em 360 graus, tela de dupla visão no painel, bancos dianteiros com mais ajustes elétricos e sistema massageador nas costas (infla e desinfla bolsas de ar), ar-condicionado com quatro zonas de regulagem, aquecimento e ventilação nos bancos à frente e atrás, sistema de áudio Meridian Surround de 825 watts e rodas de 21 pol com pneus 275/45. E o Autobiography traz ainda teto revestido em couro, volante com detalhe em madeira e outros itens de acabamento.
O interior emprega madeira e couro em grandes doses e com um acabamento que impressiona; o mostrador de dupla visão produz diferentes imagens ao mesmo tempo
Em relação ao modelo anterior há grandes alterações, a começar pela estrutura, que agora é fabricada toda em alumínio e, segundo a Land Rover, por si só deixou o veículo 180 kg mais leve (no total a redução foi de 350 kg, considerando o mesmo motor). Na construção foram empregadas técnicas da engenharia aeronáutica e foram eliminados vários pontos de solda. O novo estilo da carroceria, com faróis e lanternas inspirados nos do Evoque, permitiu modernizá-la sem perder a identidade impressa nas gerações passadas — por isso preservaram-se as linhas do teto e de cintura.
O Range Rover permanece com o visual retilíneo, mas detalhes arredondados e vincos como os da parte frontal foram acrescentados para auxiliar na aerodinâmica — o Cx obtido, 0,34, é bom para o tipo de veículo e 10% menor que o do antigo. A grade é grande e móvel (adapta o fluxo de ar de acordo com a velocidade) e os faróis têm pontas que avançam para os para-lamas. Neles, os refletores com lâmpadas de xenônio usam desenho que lembra as lentes de câmeras de alto desempenho. Os leds integram o conjunto e formam linhas entrelaçadas quando ativos. Na traseira, as lanternas embutidas nas colunas têm uma aba que invade a lateral na mesma direção do vinco. Completa o conjunto a terceira luz de freio no alto, que preenche toda a extensão da traseira como uma lâmina de luz.
O acabamento impressiona pelo luxo; o quadro de instrumentos é uma tela
digital e não há alavanca de câmbio, mas sim um comando giratório
Em dimensões o novo Range tem 4,999 metros de comprimento, ou seja, cresceu 27 mm; o entre-eixos foi ampliado em 42 mm e passou a 2,992 m; a altura é de 1,835 m. O interior emprega madeira e couro em grandes doses e com um acabamento que impressiona. O quadro de instrumentos digital simula mostradores analógicos e, na tela central do painel, o mostrador de dupla visão faz com que motorista e passageiro ao lado possam ver diferentes funções ao mesmo tempo, conforme o ângulo de visualização — por exemplo, navegação para um e um vídeo em DVD para o outro.
A fábrica oferece 17 temas de cores para o interior, mais a escolha de cores dos bancos; três padrões de madeiras para o interior no lançamento, com outras que ainda serão lançadas; três cores de destaque; 37 opções de tinta para o exterior, sendo 22 cores exclusivas da versão Autobiography; duas cores de teto; sete modelos de rodas de alumínio de 20, 21 e 22 pol; e o acabamento alternativo Dark Atlas para a parte externa. Entre os requintes estão teto panorâmico, assoalho interno iluminado e acionamento elétrico de estribos e do engate para reboque.
Menos peso, muita potência
Fabricado em Solihull, Inglaterra, o novo Range Rover vem com dois tipos de motores, ambos V8. O Supercharged a gasolina, compartilhado com a Jaguar, tem injeção direta e variação do tempo de abertura das válvulas de admissão e escapamento; fornece potência de 510 cv e torque de 63,7 m.kgf. O outro é o diesel fornecido pela Ford (as duas empresas, Jaguar e Land Rover, já pertenceram ao grupo norte-americano), com dois turbocompressores sequenciais paralelos, 339 cv e o torque de 71,4 m.kgf entre 1.750 e 3.000 rpm.
Há espaço de sobra e até massagem nos bancos; o Terrain Response ganhou
um modo automático; na tela central, imagens diferentes conforme o ângulo
A caixa de câmbio ZF automática, agora com oito marchas para ambos os motores, usa comando giratório em vez de alavanca e traz opção de trocas sequenciais no volante. A tração integral é permanente, com divisão-padrão de torque de 50% por eixo, bloqueio de diferencial central e dispositivo Terrain Response de segunda geração, que ganhou um modo automático para a adaptação dos vários sistemas do veículo — como suspensão, transmissão e comando de acelerador — às condições do terreno. A reduzida pode ser acionada em movimento, a até 60 km/h, e triplica a rotação do motor para a mesma velocidade.
As suspensões dianteira e traseira, com amplo uso de alumínio, são independentes com molas pneumáticas e controle de altura. O modo para uso fora de estrada agora compreende dois níveis (40 e 75 mm acima da altura-padrão, em vez do único de 55 mm do modelo anterior), com escolha automática pelo sistema. Com isso, o modo de 40 mm pode ser mantido em uso até a 80 km/h, enquanto o antigo modo de 55 mm estava limitado a 50 km/h.
Próxima parte |
Mais leve em 350 kg que o anterior, o Range Rover ganhou também nos
atributos para todo terreno, como um nível adicional de altura de rodagem
Para quem imagina que o Range Rover abriu mão da capacidade fora de estrada em favor do conforto em uso em asfalto, a surpresa: a nova geração é ainda mais apta a condições difíceis de terreno que a anterior. Na posição mais alta de rodagem, o vão livre do solo chega a 303 mm (aumento de 17 mm sobre o modelo antigo) e a profundidade máxima na travessia de alagamentos passou de 70 para 90 centímetros. Não poderia faltar uma “sopa de letrinhas” de auxílios eletrônicos, composta de controle de descida (HDC), assistente de saída em rampa (HSA), controles eletrônicos de estabilidade (DSC) e de tração (ETC) e controle de inclinação da carroceria em curvas (RSC).
Isolamento acústico excepcional: quem entrar no V8 a diesel, sem saber qual a motorização, só vai descobrir lendo no documento ou pela graduação do conta-giros
Os modelos com motores a diesel e a gasolina foram apresentados à imprensa em Brasília, DF, com uma extensa avaliação de mais de 400 quilômetros até a Chapada dos Veadeiros, no interior de Goiás, em trechos que alternaram rodovias e trilhas leves e severas. Num primeiro momento, chama a atenção o conforto que o Range Rover oferece aos ocupantes. Há muito espaço e um isolamento acústico excepcional, que torna mesmo a versão com motor a diesel muito silenciosa. Quem entrar no carro ligado, sem saber qual a motorização, só vai descobrir lendo no documento ou pela graduação do conta-giros.
Apesar dos mais de 2.300 kg de peso de qualquer das versões, a aceleração é forte: a Land Rover divulga que o diesel vai de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos. Nas avenidas da capital federal e em rodovia, o comportamento é exemplar, com grande sensação de segurança e facilidade de controle, em que pese as dimensões do veículo. As oito marchas são trocadas com muita suavidade.
Na longa avaliação, as versões V8 a gasolina e a diesel mostraram desempenho,
conforto e capacidade fora de estrada à altura mesmo das maiores exigências
No uso fora de estrada, o Terrain Response em modo automático revela atuação perfeita. Os sistemas “inteligentes” analisam as condições de direção e do terreno e selecionam o programa mais apropriado entre os cinco disponíveis: uso geral, grama/cascalho/neve, lama, areia e piso com pedras. Se preferir, o motorista pode selecioná-los manualmente, o que faz o Range enfrentar qualquer tipo de obstáculo que apareça — como ocorreu no caminho para a Chapada, onde ele atravessou riachos e terrenos com pedra e areia sem causar nenhum desconforto.
A volta a Brasília foi feita com a versão de motor a gasolina, que é um “canhão”. Esse modelo passou por trilhas não tão severas de maneira fácil, transpondo estradas de terra com a mesma desenvoltura que no asfalto. Neste segundo tipo de piso, parece que se está movimentando em cima de um colchão de ar, tal o isolamento das imperfeições do piso. Essa versão acelera de 0 a 100 km/h em 5,4 segundos e, a esta velocidade, o utilitário parece que não está em movimento — o fabricante anuncia máxima de 250 km/h! Medidas como menor peso e melhor aerodinâmica permitiram reduzir o consumo de combustível em 9%.
O Range Rover é conhecido há décadas como “o Rolls-Royce dos 4×4”, por seu conforto e refinamento. A nova geração não deixa dúvidas de que merece a mesma qualificação.
Ficha técnica
V8 Supercharged (gasolina) | TDV8 (diesel) | |
Motor | ||
Posição | longitudinal | |
Cilindros | 8 em V | |
Comando de válvulas | duplo nos cabeçotes | |
Válvulas por cilindro | 4 | |
Diâmetro e curso | 92,5 x 93 mm | 84 x 98,5 mm |
Cilindrada | 4.999 cm³ | 4.367 cm³ |
Taxa de compressão | 9,5:1 | 16:1 |
Alimentação | injeção direta, compressor | injeção direta, 2 turbos |
Potência máxima | 510 cv a 6.000 rpm | 339 cv a 3.500 rpm |
Torque máximo | 63,7 m.kgf de 2.500 a 5.500 rpm | 71,4 m.kgf de 1.750 a 3.000 rpm |
Transmissão | ||
Tipo de câmbio e marchas | automático / 8 | |
Tração | integral | |
Freios | ||
Dianteiros | a disco ventilado | |
Traseiros | a disco ventilado | |
Antitravamento (ABS) | sim | |
Direção | ||
Sistema | pinhão e cremalheira | |
Assistência | elétrica | |
Suspensão | ||
Dianteira | independente, braços sobrepostos, mola pneumática | |
Traseira | independente, multibraço, mola pneumática | |
Rodas | ||
Dimensões | 21 pol | 20 pol * |
Pneus | 275/45 R 21 | 255/55 R 20* |
Dimensões | ||
Comprimento | 4,999 m | |
Largura | 2,073 m | |
Altura | 1,835 m | |
Entre-eixos | 2,992 m | |
Capacidades e peso | ||
Tanque de combustível | 105 l | |
Compartimento de bagagem | 909 l | |
Peso em ordem de marcha | 2.360 kg | 2.330 kg |
Desempenho | ||
Velocidade máxima | 250 km/h | 218 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 5,4 s | 6,9 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível; *apenas na versão Vogue |