Novo Mitsubishi Outlander evolui em todos os campos

 

Mais leve, silencioso e repleto de recursos de segurança, o
crossover da marca japonesa encara uma intensa concorrência

Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação

 

Como atrair o consumidor em um segmento disputadíssimo como o dos crossovers, os utilitários esporte com arquitetura de automóvel, no mercado brasileiro? Existem por aqui competidores de muitas marcas, estilos, procedências e preços, o que traz uma grande dúvida ao comprador e um desafio para as marcas concorrentes. A Mitsubishi, que tem no segmento o Outlander, decidiu atacar em diversas frentes.

Esta terceira geração — a primeira foi lançada aqui em 2003 com o nome Airtrek, a segunda em 2007 — evoluiu em praticamente todos os aspectos. Ficou 100 kg mais leve, em parte pelo emprego de aços de alta resistência, com benefícios a desempenho e consumo; ganhou a opção de sete lugares e um pacote com recursos avançados de tecnologia, incomuns em sua faixa de preço. Não é à toa que a empresa insiste no batismo All New (todo novo), apesar de manter os motores e caixas de câmbio do modelo anterior.

 

 
Todo renovado, embora com os mesmos motores, o Outlander estreia em duas versões:
básica, de quatro cilindros e cinco lugares, e GT V6 com tração integral, que leva sete

 

Foram definidas duas versões: Outlander básico, que tem motor de quatro cilindros e 2,0 litros, tração dianteira, caixa de variação contínua (CVT) e cinco lugares, ao preço sugerido de R$ 103 mil, e Outlander GT, dotado de motor V6 de 3,0 litros, tração integral, câmbio automático de seis marchas e sete lugares, por R$ 131 mil. A garantia é de três anos.

 

No interior fica evidente o cuidado com o acabamento; o espaço é suficiente para cinco adultos, mais uma fileira de bancos para jovens e crianças

 

Embora o material do fabricante seja um tanto nebuloso quanto aos equipamentos de cada versão, concluímos que os itens de conforto do modelo de entrada incluem revestimento interno em couro, ajuste elétrico do banco do motorista, ar-condicionado automático de duas zonas de ajuste, teto solar, computador de bordo, comandos de áudio e de câmbio no volante, faróis e limpador de para-brisa automáticos, sensores de estacionamento e câmera para orientar manobras na traseira, controlador de velocidade e sistema de áudio com toca-CDs/MP3.

Os itens de segurança passam por freios antitravamento (ABS) com distribuição eletrônica de força entre os eixos (EBD) e assistência adicional em emergências, controles de tração e estabilidade, assistente para sair em aclives ou de ré em declives, faróis de neblina, sete bolsas infláveis (duas frontais, uma para os joelhos do motorista, duas laterais dianteiras e cortinas para os ocupantes de duas fileiras de bancos) e fixações Isofix para cadeiras infantis. O GT V6 acrescenta tampa traseira com abertura e fechamento motorizados, acesso/partida sem uso de chave, sistema de vídeo com DVD e navegador no painel. Há alternativa entre revestimentos internos preto e bege.

 

 

 
O desenho poderia ser mais moderno, mas o interior vem recheado de confortos, como
ajuste elétrico do banco, teto solar e assento ajustável em distância na segunda fileira

 

O pacote opcional Full Technology, oferecido apenas para o GT, leva-o a R$ 140 mil e traz faróis com lâmpadas de xenônio no facho baixo, controlador da distância para o veículo da frente e sistema de frenagem automática ao detectar risco de colisão. Por falar em impacto, a Mitsubishi anuncia que recebeu nota máxima em testes de segurança de quatro institutos: IIHS (Insurance Institute for Highway Safety, nos EUA), JNCAP, Euro NCAP e ANCAP (no Japão, na Europa e na Austrália, nesta ordem). As vendas começam em setembro, com expectativa de 600 unidades ao mês, sendo 60 a 65% para a versão de quatro cilindros.

 

 

A preocupação em fazer um veículo de grandes dimensões parecer menor e reduzir consumo e emissão de gás carbônico (CO2) levou a marca japonesa a pensar muito na aerodinâmica. Detalhes como juntas quase invisíveis das peças e limpadores de para-brisa embutidos contribuem para o Cx de 0,33, equivalente ao de alguns sedãs e 10% mais baixo que o do modelo anterior. O resultado foi um visual limpo, com frente mais moderna, linhas mais arredondadas e detalhes que tentam passar um ar de sofisticação. A grade que parecia transplantada do Lancer foi abandonada, assim como o corte abrupto das janelas laterais traseiras, que agora seguem a linha da quinta porta.

O interior causa alguma estranheza pelas linhas retas e conservadoras do painel, mas ao se posicionar fica evidente o cuidado com o acabamento pelo uso maciço de revestimentos de toque macio nas portas e no painel. O espaço interno é realmente suficiente para cinco adultos, com mais uma fileira de bancos destinada a jovens e crianças, mas que comporta um adulto de até 1,70 m sem contorcionismo. O banco da segunda fileira (com divisão 60:40) pode ser ajustado em distância, com curso de 25 centímetros, e o da terceira (dividido em 50:50) admite rebatimento que o embute no assoalho.

Próxima parte

 

 

 
Comandos de câmbio no volante equipam ambas as versões; a tela central serve a áudio,
vídeo, navegação e informações; acionamento da tampa traseira pode ser motorizado

 

Pode-se encontrar boa posição de dirigir facilmente, por meio de botões de fácil acesso, e na nova geração o volante tem regulagem também em distância. No centro do painel do GT, uma tela sensível ao toque de sete polegadas serve aos sistemas de áudio (com conexões USB, auxiliar, para Ipod e para cartão SD), vídeo (com toca-DVDs e televisão digital), telefone pela interface Bluetooth, navegação e à câmera traseira. A tela traz ainda o sistema de informações dinâmicas, que apresenta as acelerações longitudinal e lateral, bússola, inclinação frontal e altitude, simulando mostradores analógicos.

 

A eletrônica atua para manter o Outlander nas mãos do motorista, mesmo abusando das curvas, e corrige a trajetória com eficiência e rapidez

 

Quase dirige sozinho

Os dois motores, mantidos do Outlander anterior, contam com o sistema Mivec de variação do tempo de abertura das válvulas. O de 2,0 litros, duplo comando e 16 válvulas desenvolve potência de 160 cv e torque de 20,1 m.kgf, índices que passam a 240 cv e 31 m.kgf no V6 de 3,0 litros, comando único por bancada e 24 válvulas. Tanto a caixa CVT da versão de quatro cilindros quanto a automática do V6 permitem mudanças manuais com comandos no volante, caso em que a primeira delas simula seis marchas por meio de pontos de parada do mecanismo de variação.

A tração integral, exclusiva do GT, usa um diferencial central de acoplamento eletromagnético e opera em três modos selecionados por um botão no console: 4WD Eco, apenas com tração dianteira; 4WD Auto, com tração nas quatro rodas e distribuição eletrônica automática de torque conforme as condições do terreno; e 4WD Lock, que bloqueia a repartição em metade para cada eixo. Como na geração anterior, a suspensão é independente nas quatro rodas com sistema multibraço na traseira. As rodas de 18 pol usam pneus 225/55 e a direção tem assistência elétrica.

 

 
Utilitário esporte em autódromo: combinação estranha, mas o Outlander revelou
comportamento surpreendente e bom desempenho com motor V6 de 240 cv

 

A apresentação do novo Outlander foi no já cultuado autódromo Velo Cittá, em Mogi Guaçu, SP, de propriedade da Mitsubishi. Pena que a única versão disponível para avaliação fosse a de topo, a V6 com pacote opcional, deixando a imprensa sem contato com a opção que responderá por maior fatia das vendas. Seguindo a tendência dos automóveis de luxo, ele oferece um grande pacote eletrônico que transforma o carro em algo altamente perdoável e quase à prova de erros.

 

 

Botão de partida acionado e o motor revela índices de vibração e ruído muito baixos, típicos de um bom automóvel. Autódromos não são o palco ideal para avaliação de carros de rua, sobretudo um utilitário esporte, e por isso o teste foi complementado com viagem em rodovia um pequeno trecho fora de estrada. A vantagem de uma pista fechada é poder simular situações extremas que seriam perigosas no ambiente normal, como “calcar” o pé nos freios com toda a força a 100 km/h e sentir como o ABS reage. Apesar da violência, o carro parou de forma totalmente equilibrada.

Para um veículo de grandes dimensões, com 208 mm de vão livre do solo e peso de 1.570 kg, seria esperada uma grande rolagem da carroceria nas curvas, mas novamente a eletrônica atua para manter o Outlander nas mãos do motorista, mesmo abusando das curvas. A hora de encarar um desvio entre cones (slalom) a 120 km/h trouxe apreensão, mas seguimos o que o instrutor pediu. O resultado é que na iminência de derrapar o sistema eletrônico atuou e corrigiu a trajetória, com eficiência e rapidez.

 

 
Controlador de distância e freios automáticos trouxeram confiança no teste em rodovia;
o trecho fora de estrada indicou eficiência do ABS e do controle de tração do Mitsubishi

 

A sensação de segurança ficou ainda mais evidente quando saímos do autódromo e entramos na estrada. Com o controlador de velocidade e distância acionado, quando o veículo da frente freou o Outlander acompanhou-o, sozinho. Basta sair de trás do veículo mais lento para que o controle coloque o carro de novo na velocidade programada, sendo capaz de detectar o que acontece até 200 metros à frente. O motor V6 tem funcionamento muito linear e silencioso e, a 120 km/h na sexta marcha, o conta-giros revela apenas 2.000 rpm. No trecho de terra, mais uma vez, a eletrônica fez as honras: o controle de tração e o ABS atuaram de maneira ideal no piso de baixa aderência, Também foi o momento de testar a assistência em rampa.

Como era de se esperar de um carro de R$ 140 mil, o conforto do interior e o amplo uso da eletrônica fazem do Outlander um forte concorrente na categoria, que inclui Hyundai Santa Fe, Kia Sorento e Ford Edge, entre outros, enquanto à versão de 2,0 litros cabe enfrentar o populoso segmento de Chevrolet CaptivaHonda CR-V, Hyundai IX35, Land Rover Freelander, Kia Sportage, Volkswagen TiguanToyota RAV4.

 

Ficha técnica

Motor
Posição transversal
Cilindros 6 em V
Comando de válvulas nos cabeçotes
Válvulas por cilindro 4, variação de tempo
Diâmetro e curso 87,6 x 82,8 mm
Cilindrada 2.998 cm³
Taxa de compressão 10,5:1
Alimentação injeção multiponto sequencial
Potência máxima 240 cv a 6.250 rpm
Torque máximo 31,0 m.kgf a 3.750 rpm
Transmissão
Tipo de câmbio e marchas automático / 6
Tração integral
Freios
Dianteiros a disco ventilado
Traseiros a disco
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência elétrica
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira independente, multibraço, mola helicoidal
Rodas
Dimensões 7 x 18 pol
Pneus 225/55 R 18
Dimensões
Comprimento 4,655 m
Largura 1,80 m
Altura 1,68 m
Entre-eixos 2,67 m
Capacidades e peso
Tanque de combustível 60 l
Compartimento de bagagem ND
Peso em ordem de marcha 1.570 kg
Dados do fabricante; desempenho e consumo não informados; ND = não disponível

 

 

Sair da versão mobile