Assim como no ditado, a empresa se deu bem ao ser a última a apresentar a nova geração de picapes com o Ranger 2013
Texto: Fabrício Samahá e Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
Toyota Hilux, Nissan Frontier, Mitsubishi L200 Triton, Volkswagen Amarok, Chevrolet S10: depois que toda a concorrência reformulou seus picapes de médio porte (ou estreou no segmento, caso da VW), a Ford afinal apresenta sua resposta com a segunda geração do Ranger, que substitui o longevo modelo à venda desde 1994 com duas reestilizações parciais.
Ao demorar para reformular seu representante na categoria, a Ford teve a oportunidade de saber o que poderia apresentar a mais e de que forma equacionar os preços, para oferecer um produto moderno no mesmo patamar de valores da concorrência. Um investimento de 1,1 bilhão de dólares foi aplicado até chegar à segunda geração, um produto globalizado que será vendido em 180 mercados e fabricado na Argentina para atender aos países da região (a Tailândia atende aos países da Ásia-Pacífico; da África do Sul ele segue para África e Europa). Trata-se de um produto totalmente novo e não uma evolução do Ranger anterior.
De uma só tacada, chegam ao mercado oito versões em uma ampla faixa de preços (veja os equipamentos). Com motor a diesel de cinco cilindros e 3,2 litros, a XLS de cabine simples com tração 4×4 tem preço de R$ 97.900; com cabine dupla passa a R$ 106.900. A versão XLT 4×4, só com cabine dupla, custa R$ 114.900 com câmbio manual e R$ 120.400 com o automático, enquanto o topo de linha Limited vem com cabine dupla, tração 4×4 e caixa automática por R$ 130.900. Na gama com motor flexível em combustível de quatro cilindros e 2,5 litros, o XLS com cabine simples custa R$ 61.900; o XLS com cabine dupla, R$ 67.600; o XLT, R$ 75.500; e o Limited, R$ 87.500, estes com cabine dupla. Tração 4×4 não é oferecida com tal motor. A Ford previu ainda o XL 4×4, apenas para frotistas, a R$ 77.900 com cabine simples e R$ 92.500 com a dupla.
A relação entre preço, conteúdo e motorização deixa o Ranger muito atraente. Como exemplo, o XLT a diesel com caixa automática (R$ 120.400) custa menos que Hilux SRV (R$ 132.562), S10 LTZ (R$ 130.840), Amarok Highline (R$ 130.562), Frontier Attack (R$ 123.890) e L200 Triton HPE (R$ 121 mil), sendo o mais potente entre todos; apenas S10 e Amarok também trazem controle eletrônico de estabilidade. O Limited a R$ 130.900 rivaliza com os três mais caros citados e com o Hilux SRV Top (R$ 139.210), mas oferece conteúdos adicionais. A rigor, apenas o Amarok leva duas vantagens: tração integral permanente e oito marchas na caixa automática.
A primeira impressão visual com o novo Ranger é positiva, ainda que não surpreenda — as linhas são simples, sem maior ousadia, de certa forma como no Amarok. Uma comparação com o modelo anterior revela um abismo entre eles em termos de desenho, com destaque para as formas arredondadas, o para-brisa mais inclinado e a melhor integração de elementos como arcos de para-lamas, o para-choque dianteiro e até a caçamba ao conjunto. Restou apenas uma dissonância entre os para-choques, pois o traseiro continua de aço cromado, típico de picapes, ao contrário do dianteiro similar ao de um automóvel.
As dimensões externas — exceto altura — são iguais para as versões de cabines simples e dupla, pois a primeira aproveita para oferecer uma caçamba bem mais longa. Em relação ao Ranger antigo o comprimento aumentou em 208 milímetros, a largura em 54 mm (sem retrovisores), a altura em 83 mm (para cabine dupla com tração 4×4) e a distância entre eixos em 28 mm. A caçamba tem capacidade de 1.180 litros com cabine dupla (bem mais que os 844 de antes) e nada menos que 1.800 litros com cabine simples (antes, 1.455).
As diferenças entre as versões incluem as rodas de alumínio — de 16 pol para XLS e de 17 pol para XLT e Limited — e o elemento de proteção da caçamba, o popular “santantônio”, que tem forma tubular no XLT e um desenho mais elaborado e integrado ao conjunto no Limited. A Ford informa capacidade de carga de 1.219 kg com cabine simples e entre 1.002 e 1.092 kg com a dupla, para versões a diesel. Com motor flexível os limites são bem mais altos: 1.457 kg no modelo simples e de 1.261 a 1.341 kg na versão dupla. O tanque de combustível, antes variável de 60 a 75 litros conforme o motor, foi padronizado em 80 litros.
Interior de automóvel No interior, tudo é novidade. No lugar do antiquado painel, em uso desde 1995 com poucas alterações, vem um mais atraente com visual típico de automóvel e iluminação em azul. O conforto começa nas regulagens elétricas do banco do motorista do Limited, com revestimento de couro, e prossegue com apoio de braço para os passageiros do banco de trás, porta-copos (são 23 porta-objetos dentro da cabine dupla) e outras conveniências como controle de áudio pelo volante, ar-condicionado automático com duas zonas de ajuste e compartimento refrigerado no console para seis latas.
O sistema de áudio traz interface Bluetooth para telefone celular e conexões USB e para Ipod. A tela de cristal líquido no painel central é maior (5 pol) na versão Limited, na qual abriga um navegador por GPS, que nos demais acabamentos (4,2 pol). As imagens da câmera traseira da versão de topo não aparecem ali, mas sim no retrovisor interno, que é fotocrômico. Uma conveniência não foi esquecida: o controle elétrico dos vidros com função um-toque para todos permite abertura e fechamento globais com controle a distância.