Os 182 cv dão desempenho em boa medida ao Altima, sem qualquer sensação de
falta de potência, para o que concorre o peso similar ao de alguns médios
Suspensão no ponto exato
Denominado QR25DE, o motor do Altima não é tão novo — está em uso desde a geração de 2002 —, mas usa técnicas atuais como bloco de alumínio, quatro válvulas por cilindro com variação do tempo de abertura para admissão e de escapamento e coletor de admissão com geometria variável. Há arvores de balanceamento para anular vibrações e uma corrente aciona os comandos de válvulas. A potência de 182 cv e o torque de 24,8 m.kgf estão bem situados na categoria e adequados ao peso de 1.469 kg, pouco mais alto que o de sedãs médios de projeto recente. A fábrica anuncia velocidade máxima de 210 km/h e consumo bastante moderado, que lhe rendeu nota A no programa Conpet do Inmetro. É curioso não estar disponível a aceleração de 0 a 100 km/h, mas testes nos EUA indicam a faixa de oito segundos.
A sensação dominante no Altima é de conforto, sobretudo pelo nível de ruído bastante baixo, seja da mecânica ou da rodagem
O câmbio CVT, o mesmo XTronic de nova geração adotado pelo Sentra, possui operação simples. A posição D (drive) pode trabalhar no programa normal ou no esportivo, que mantém o motor em rotação mais alta, mas não limita a velocidade (pode-se ir até a máxima nesse modo). Outra posição, DS, simula sete marchas por meio de pontos de parada do mecanismo variador. Não há qualquer comando manual de “marchas”, nem mesmo pela alavanca seletora. Foram previstos dois procedimentos na calibração: a rotação não cai de imediato ao deixar de acelerar, para maior agilidade se o motorista recomeçar uma ultrapassagem, e “reduções” são feitas ao usar os freios, como em uma entrada de curva.
As suspensões avançadas, com sistema multibraço na traseira, não precisaram de grandes alterações para rodar no Brasil: a altura de rodagem cresceu em só 6 mm e adotaram-se novas buchas e estabilizadores. A assistência eletro-hidráulica de direção é que parece fora do contexto atual, no qual a elétrica domina.
O motor de 2,5 litros com técnicas modernas “casa” bem ao câmbio CVT, que
oferece modos normal, esportivo e o DS, com simulação de sete marchas
Na avaliação pela imprensa rodamos 50 quilômetros ao volante do Altima na região entre São José dos Campos e Guararema, no Vale do Paraíba, interior paulista, em um percurso de rodovias variadas. O desempenho mostrou-se bastante adequado a um carro de sua proposta: se não traz esportividade, também não falta potência em qualquer situação, como uma ultrapassagem apertada ou uma longa subida de rodovia. O motor muito suave e silencioso pode ser explorado sem incômodos e a variação contínua de relação contribui para o conforto, quando se roda tranquilo (menos de 2.000 rpm a 120 km/h), e para a agilidade quando se requer desempenho.
Com a alavanca em D, a aceleração a pleno é típica de CVT: a rotação sobe de maneira gradual, alcança 6.200 rpm por volta de 100 km/h e ali estaciona até a velocidade máxima. O programa esportivo não altera esse comportamento, mas mantém rotação mais alta no uso normal e não a deixa cair rápido ao desacelerar, o que é útil em declives e percursos sinuosos. Na posição DS o câmbio comporta-se de maneira parecida, com oscilação de giros suave — nada das mudanças bem definidas de um automático tradicional —, mas sob aceleração total provoca sucessivas quedas de 6.200 para 5.500 rpm, como se estivesse trocando de marchas.
A sensação dominante no Altima é mesmo de conforto, sobretudo pelo nível de ruído bastante baixo — seja da mecânica ou da rodagem, mérito tanto do isolamento acústico quanto dos pneus Michelin Primacy LC. Ao rodar sobre paralelepípedos nas pequenas cidades visitadas, não se notava mais que leve reverberação. A estrutura parece bastante sólida e traz até barra de amarração na frente. Impactos mesmo, só na via de terra muito esburacada do acesso ao restaurante de apoio da Nissan… mas foi só sair dali com outro carro, um novo Fiesta, para perceber que o piso era muito mais precário do que o Altima fazia parecer.
Conforto e silêncio de marcha são os maiores destaques do novo Nissan: motor e
suspensão acertados para deixar os ruídos e irregularidades de fora do carro
No asfalto nem sempre liso da Rodovia Carvalho Pinto, o rodar é silencioso todo o tempo e o grande Nissan desliza sem esforço ou sensação de velocidade. O monitor de faixa alerta com uma sineta caso se mude sem usar a luz de direção, sem chegar a dar toques na direção como o do Fusion. Em um trecho sinuoso a suspensão revelou controle de amortecimento muito bem dosado, que evita grandes oscilações sem causar qualquer desconforto em pisos irregulares — um acerto melhor que o do próprio Fusion, que tem amortecedores macios demais.
Não resta dúvida de que a Nissan tem em mãos não só um carro grande, mas um grande carro. O Altima pode não cativar os adeptos do visual mais arrojado do concorrente da Ford, mas tem boa presença, um pacote de equipamentos bem definido e notáveis atributos em todo o conjunto mecânico. É mesmo um retorno com os argumentos certos.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 89 x 100 mm |
Cilindrada | 2.488 cm³ |
Taxa de compressão | 10:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima | 182 cv a 6.000 rpm |
Torque máximo | 24,8 m.kgf a 4.000 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | automático de variação contínua |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | eletro-hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 17 pol |
Pneus | 215/55 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,865 m |
Largura | 1,83 m |
Altura | 1,47 m |
Entre-eixos | 2,775 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 68 l |
Compartimento de bagagem | 436 l |
Peso em ordem de marcha | 1.469 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | 210 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND |
Consumo em cidade | 10,1 km/l |
Consumo em rodovia | 13,1 km/l |
Dados do fabricante; ND = não disponível; consumo conforme padrões do Conpet/Inmetro |