Ausente da categoria há anos, a japonesa traz dos EUA um sedã
bem-equipado e com grandes atributos mecânicos e de conforto
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Depois de longa ausência, a Nissan volta a buscar o segmento de luxo do mercado brasileiro com a importação do Altima, sedã grande produzido nos Estados Unidos. A marca japonesa andava de fora da categoria havia cerca de 10 anos, desde quando deixou de trazer o Maxima (na verdade um Infiniti rebatizado), tendo então focado em carros mais acessíveis. Agora, faltando pouco para que a divisão de luxo Infiniti seja lançada por aqui, a Nissan prepara terreno com um concorrente para o Ford Fusion.
O modelo da Ford, líder do setor com 30% de participação, é mesmo o alvo do Altima, que concorrerá também com Honda Accord, Hyundai Sonata, Kia Optima, Peugeot 508 e com o Volkswagen Passat em versão básica. Embora exista opção V6 de 3,5 litros com potência de 270 cv nos EUA, foi definida a importação apenas do SL quatro-cilindros de 2,5 litros e 182 cv, com caixa de câmbio de variação contínua (CVT) e pacote fechado de equipamentos.
Apesar da semelhança de estilo ao Sentra, o Altima tem porte suficiente para
impressionar; faróis, lanternas e retrovisores seguem os padrões europeus
Um bom pacote, aliás, que compreende itens de segurança como controle eletrônico de estabilidade e tração, monitor de ponto cego nas faixas adjacentes, alerta para mudança involuntária de faixa de rolamento, detector de movimento atrás do carro nas manobras de ré (embora não haja sensores de estacionamento convencionais), faróis de neblina, freios antitravamento (ABS) com distribuição eletrônica de força entre os eixos (EBD) e assistência adicional em emergência, cinto de três pontos e encosto de cabeça para os cinco ocupantes, monitor de pressão dos pneus, ancoragem Isofix para cadeiras infantis e bolsas infláveis frontais, laterais dianteiras e de cortina.
Ao encher os pneus, soa um alerta quando a pressão correta for atingida, dispensando lembrar o valor adequado ou confiar no calibrador
Os recursos de conforto envolvem ar-condicionado automático com duas zonas de ajuste, regulagem elétrica integral do banco do motorista (inclui apoio lombar), revestimento em couro, chave presencial para acesso e partida com comando para ligar o motor a distância, câmera traseira para manobras, aquecimento do volante e dos bancos dianteiros, controlador de velocidade, navegador no painel, retrovisor interno fotocrômico, teto solar com controle elétrico, volante com regulagem de altura e distância e controle elétrico dos vidros, travas e retrovisores. O sistema de áudio Bose traz rádio/CD, função MP3, entradas auxiliar e USB, tela colorida de 7 pol sensível ao toque, interface Bluetooth e nove alto-falantes; as rodas de 17 pol usam pneus 215/55. O carro tem garantia de três anos e oferece as cores preta, branca e prata.
Tudo isso custa R$ 99.800, preço tão competitivo (se considerado o Imposto de Importação de 35%, do qual o Fusion está isento) que chega a parecer subsidiado. Nos EUA a mesma versão custa US$ 29.650 sem frete, o que daria cerca de R$ 68 mil antes da montanha tributária que incide sobre os carros vendidos aqui. O principal adversário, o Fusion 2,5 Flex de 175 cv, custa R$ 93 mil sem o teto solar opcional; o Titanium Ecoboost 2,0 turbo de tração dianteira e 240 cv vai a R$ 102 mil, também sem teto. Os demais são mais caros: Sonata 2,4 a R$ 107 mil, Optima 2,4 a R$ 107.900, 508 1,6 turbo a R$ 110 mil, Passat 2,0 turbo a R$ 114.480, Accord EX 2,4 a R$ 119.900.
Sem ousadia, o interior cativa pelos materiais e a qualidade; os bancos dianteiros
são excelentes e o mostrador central dos instrumentos pode ser configurado
Embora praticamente desconhecido por aqui, o histórico do Altima nos EUA vem desde 1993, quando começou a ser fabricado em substituição ao Stanza. Novas gerações surgiram em 1998, 2002, 2007 e 2012, quando a atual foi apresentada sob o código de projeto L33. Fabricado apenas na América do Norte e na China, ele atende também a outros mercados asiáticos e ao Oriente Médio, mas não é vendido na Europa ou no Japão. Nos EUA está entre os três mais vendidos da categoria, em total superior a 300 mil unidades por ano.
A primeira impressão ao ver o novo Nissan é sua enorme semelhança de estilo com o recém-lançado Sentra, a ponto de parecerem ter o mesmo desenho em tamanhos distintos. São formas arrojadas em alguns detalhes, com vincos e curvas, mas tradicionais em seu conjunto — bem de acordo com o gosto predominante entre o público-alvo da Nissan, homens de 45 a 55 anos. Capô, teto e tampa do porta-malas são de alumínio; os faróis usam refletor elipsoidal no facho baixo, mas não têm lâmpadas de xenônio. O coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,307 é apenas razoável para um sedã de seu porte, pois valores ao redor de 0,28 têm sido frequentes.
O ambiente interno, de aparência sóbria, transmite ótima impressão pelos materiais e a qualidade de acabamento. Os bancos dianteiros, excelentes, usam o que a Nissan chama de tecnologia Gravidade Zero, baseada em estudos da Nasa, que consiste em espumas de diferente densidade (firmeza) em cada ponto do encosto para melhor apoio do corpo. No painel, bem legível com sua iluminação em branco, o mostrador digital no centro pode ser configurado para apresentar as informações desejadas.
Câmera traseira, navegador, bancos e volante aquecidos, chave presencial com partida a distância e ajuste elétrico do banco fazem parte do pacote único do Altima; capacidade de bagagem decepciona
Embora os grandes porta-copos e os para-sóis com extensão (para melhor isolamento do sol pela lateral) não deixem dúvida da origem norte-americana, o Altima vem ao Brasil com configurações europeias para faróis (com ajuste elétrico de facho), lanternas traseiras (luzes de direção em tom âmbar) e retrovisores (ambos convexos, sem advertência sobre isso no direito), o que demonstra capricho do fabricante. Não foi esquecida a faixa degradê no para-brisa e há conveniências como porta-óculos de teto e difusores de ar para o banco traseiro. Ao encher os pneus, soa um alerta quando a pressão correta for atingida, dispensando lembrar o valor adequado ou confiar no calibrador do posto. Uma falta é o limpador de para-brisa automático.
Os bancos amplos acomodam bem na frente; atrás há ótimo espaço para pernas, mas só regular para a cabeça e os ombros de três pessoas, considerando-se seu porte. O porta-malas, cuja capacidade de 436 litros é um tanto modesta para um sedã grande (ou teria sido usado um padrão de medição desfavorável?), traz inconvenientes braços que podem amassar a bagagem ao fechar a tampa. Ponto positivo é o estepe com roda de alumínio e pneu de medida integral.
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