Alto desempenho e muito conteúdo com preço menor que os dos rivais de marcas de prestígio? Sim, mas não todos
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
O Ford Edge entra em nova fase no mercado brasileiro com a estreia da versão ST, a primeira na gama local da marca a usar a sigla para Sports Technology. Diante da maior tributação ao utilitário esporte importado do Canadá, que o fazia menos competitivo ao rival mexicano Chevrolet Equinox, a fábrica do oval azul decidiu concentrar sua oferta na opção de alto desempenho, dotada de motor Ecoboost V6 de 2,7 litros com dois turbocompressores, potência de 335 cv e o robusto torque de 54,5 m.kgf.
São aumentos generosos (51 cv e 20 m.kgf) sobre o V6 de aspiração natural e 3,5 litros da antiga versão Titanium. Com esses índices e o preço sugerido de R$ 299 mil, o Edge ST sobressai pela relação custo-desempenho em uma categoria repleta de marcas de prestígio: Audi Q5 Ambition (2,0 litros, turbo, 252 cv, R$ 310 mil) BMW X3 XDrive 30i X-Line (2,0 turbo, 252 cv, R$ 309.950), Jaguar F-Pace Prestige (2,0 turbo, 250 cv, R$ 326.700), Mercedes-Benz GLC 250 Sport (2,0 turbo, 211 cv, R$ 304.900). Pedra no sapato da Ford, realmente, é haver o Volvo XC60 T8 R-Design híbrido (2,0 com turbo e compressor mais motor elétrico, 407 cv) por R$ 299.950. Todos os modelos têm tração integral.
O ST marca a chegada ao Brasil da reestilização aplicada ao Edge no ano passado, que renovou esta segunda geração com uma frente mais esportiva e integrada ao visual da família Ford. O pacote inclui rodas de 21 polegadas em preto, faróis e lanternas traseiras 100% em leds e duas saídas de escapamento. No interior, o revestimento dos bancos combina couro e camurça sintética e há detalhes o bastante para lembrar que se trata da versão, com o logotipo ST no volante, nos encostos dianteiros e na tela da central de áudio e o nome Ford Performance nas soleiras de porta. Os bancos são amplos e o espaço farto para motorista e passageiros.
O ST passa a ser o único Edge no Brasil; com motor V6 biturbo de 335 cv e um conjunto de equipamentos apreciável, ele tem preço de R$ 299 mil
A Ford definiu um elevado conteúdo de conveniência (veja a relação no quadro abaixo), que inclui bancos dianteiros com ventilação e aquecimento (este também no de trás), carregador de celular por indução, acionamento elétrico da tampa traseira (também por movimento do pé sob o para-choque), partida do motor a distância, sistema de áudio B&O (Bang & Olufsen, marca dinamarquesa que equipa os Audis mais refinados) com 12 alto-falantes e duas telas de 8 pol nos encostos de cabeça com fones de ouvido sem fio e conexões USB, HDMI e para cartão SD. O quadro de instrumentos com as seções laterais configuráveis, bem conhecido na marca, traz indicações de pressão dos turbos e da distribuição de torque entre os eixos.
O conjunto de assistências ao motorista, chamado de Copiloto 360, abrange controlador de distância à frente com função para-anda, monitor frontal com frenagem automática, assistentes de faixa, de faróis e para estacionamento, alertas para veículo em ponto cego e em tráfego cruzado por trás e um auxílio a manobras evasivas. Este atua na direção, em caso de desvio de emergência, para conduzir o motorista ao movimento ideal no volante, sem falta ou excesso. O assistente de faixa vai além das correções do Edge anterior, sendo agora capaz de manter o carro centralizado como uma operação semiautônoma.
De 0 a 100 em 6,2 segundos
Primeiro motor superalimentado em um utilitário esporte da Ford no Brasil, o Ecoboost do Edge ST usa dois turbos e injeção direta para obter potência (335 cv) e torque (54,5 m.kgf) muito bons para a cilindrada de 2,7 litros. O bloco é feito de ferro grafite compactado, tecnologia rara em motores a gasolina de grande produção e que reduz peso. Apesar dos 2.116 kg na balança, o SUV anuncia aceleração de 0 a 100 km/h em 6,2 segundos — por esse aspecto, não seria exagero chamá-lo de Mustang dos SUVs — e velocidade máxima (limitada pela central eletrônica) de 209 km/h. O Edge Titanium 3,5 alcançava 196 km/h e levava 8 s na aceleração.
Interior ganhou comando rotativo para transmissão; bancos ventilados, teto solar e telas de vídeo para os passageiros de trás são itens de série no ST
A transmissão automática de fabricação Ford passa a ter oito marchas (antes seis) e seleção por um comando giratório, como o do Fusion, sendo possíveis trocas manuais por alavancas junto ao volante. Outra novidade no trem de força é que a tração integral, capaz de direcionar até 100% do torque para um só eixo, desconecta a ligação às rodas traseiras para ganhar eficiência quando a considera desnecessária — decisão que leva em conta até mesmo o uso de faróis e limpador de para-brisa.
O Edge ST combina conforto e desempenho: revela competência para longas viagens em família, com espaço de sobra, e para empolgar pela aceleração e o som do motor
O comando Sport (S) na transmissão afeta tanto suas mudanças quanto a curva de resposta do acelerador, o som do motor e os instrumentos — surge um conta-giros com marcador de pressão dos turbos. A alteração de som do motor, porém, não é promovida no escapamento: o ST usa cancelamento eletrônico ativo de ruídos, que serve tanto para anular sons indesejáveis do motor, em uso moderado do carro, quanto para amplificar o “ronco” pelos alto-falantes a bordo.
A suspensão do Edge, McPherson à frente e multibraço na traseira, recebeu molas 10% mais rígidas na frente e 20% atrás, barra estabilizadora dianteira de maior diâmetro e amortecedores traseiros monotubo. Nesse tipo de amortecedor, o cilindro é único e dividido em duas partes, a área do fluido e a câmara de gás. Ele dispensa ar ou óleo na área do fluido e a câmara de gás, de alta pressão, fica separada daquela área, o que cria uma área de expansão para o fluido durante a compressão. Quando o amortecedor sofre maior movimento, o pistão flutuante é empurrado para dentro da câmara de gás, o que aumenta a pressão do gás e a força de amortecimento.
Aceleração do Edge impressiona e suspensão mostra bom controle em curvas; nos trechos de terra e cascalho, rodar suave revela que o ST não é bom só no asfalto
Para a avaliação da imprensa, a Ford promoveu um breve trajeto rodoviário entre Porto Feliz e Tatuí (ambas no interior de São Paulo) e, no mesmo município, um trecho fora de estrada em seu Campo de Provas. No asfalto, com quatro pessoas a bordo, o ST agradou pela combinação entre conforto e desempenho: revela competência tanto para longas viagens em família, com espaço de sobra e ótimo isolamento acústico, quanto para empolgar pela aceleração e o som vigoroso do motor.
A suspensão pareceu acertada, com rodar firme e bem controlado, mas grande absorção de irregularidades. Um circuito de curvas fechadas no Campo permitiu notar o fácil comando e a pouca inclinação da carroceria para um SUV. No trajeto com estradas de terra e cascalho, o Edge confirmou que a versão esportiva não invalida o uso fora de estrada leve, como no caminho para um sítio ou praia. Os impactos do terreno são bem absorvidos e, mesmo abusando de vez em quando, os controles eletrônicos mantêm tudo sob controle.
O Edge ST nos convenceu como alternativa aos SUVs de marcas de luxo. Pode não ter na grade um emblema tão prestigiado quanto o dos concorrentes citados, mas oferece uma eficaz associação de conforto, desempenho e segurança a um preço interessante. Só mesmo o XC60 T8 nos faria pensar duas — ou mais — vezes antes de optar por esse novo Ford.
Equipamentos e preço
• Edge ST (R$ 299 mil) – Abertura das portas por código, acionamento elétrico da tampa traseira sem as mãos, ar-condicionado automático de duas zonas, assistentes de faixa, de faróis e de estacionamento; auxiliar de manobras evasivas, banco traseiro bipartido com aquecimento, bancos dianteiros com ajuste elétrico e ventilação; bancos revestidos em couro e camurça sintética, bolsas infláveis (frontais, laterais dianteiras, de joelhos para o motorista e o passageiro ao lado e de cortina), câmera dianteira com visualização de 180°, câmera traseira de manobras, carregador sem fio para celular, chave presencial para acesso e partida, controlador de velocidade e distância à frente, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis e lanternas traseiras de leds, faróis e limpador de para-brisa automáticos, freio de estacionamento elétrico, memória de ajuste dos bancos e volante, monitoramento de ponto cego com alerta de tráfego cruzado, monitoramento de pressão dos pneus, navegador, partida remota do motor, rodas de 21 polegadas, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, sistema de áudio Bang & Olufsen, com 12 alto-falantes e central Sync 3 (compatível com Apple Car Play e Android Auto) com tela de 8 pol, telas de DVD nos encostos de cabeça dianteiros, teto solar panorâmico.
• Garantia – Três anos sem limite de quilometragem.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 6 em V |
Comando de válvulas | duplo nos cabeçotes |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 83 x 83 mm |
Cilindrada | 2.694 cm³ |
Taxa de compressão | 10:1 |
Alimentação | injeção direta, 2 turbocompressores, resfriador de ar |
Potência máxima | 335 cv a 5.550 rpm |
Torque máximo | 54,5 m.kgf a 3.000 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática, 8 |
Tração | integral |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco ventilado |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente multibraço, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 21 pol |
Pneus | 265/40 R 21 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,808 m |
Largura | 1,828 m |
Altura | 1,736 m |
Entre-eixos | 2,849 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 70 l |
Compartimento de bagagem | 602 l |
Peso em ordem de marcha | 2.116 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | 209 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 6,2 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |