Motor a gasolina de 2,5 litros soma-se aos elétricos em ambos, mas com projetos e resultados diferentes; o Toyota é mais rápido e claramente mais econômico
Motor e desempenho
Pode-se supor que os dois carros compartilham o conjunto mecânico, pois usam motor a gasolina de 2,5 litros em sistema híbrido. Engano: na verdade, as unidades de quatro cilindros são diferentes, assim como o número de motores elétricos (dois no NX e três no RAV4) e o rendimento de cada um.
Quem somar as potências dos motores chegará a cerca de 300 cv por modelo, sugerindo SUVs de alto desempenho — engano novamente. Eles são ajustados para se complementarem, ou seja, os elétricos atuam mais nas condições em que o motor a combustão tem pouco torque a oferecer. Quando este funciona a pleno, os elétricos trabalham menos. Assim, a potência combinada fica em 200 cv no Lexus e 222 no Toyota, o que se traduz em boas respostas no uso urbano, mas apenas medianas — mais contidas no caso do NX — quando se busca, por exemplo, ganhar velocidade rapidamente em rodovia.
Na pista de testes a vantagem do RAV4 ficou clara, como ao acelerar de 0 a 100 km/h em 8,1 segundos (ante 9,3 s) e retomar de 60 a 120 km/h em 8,4 s (contra 10 s). Onde o NX agrada mais é na suavidade do motor: o do Toyota, como o 1,8-litro de Prius e Corolla, tem uma operação áspera em certas condições.
Transmissão CVT dos dois carros permite seleção manual entre seis relações, mas usa alongamento gradual ao acelerar fundo para o melhor desempenho
As transmissões automáticas de variação contínua (CVT) permitem mudanças manuais entre seis marchas simuladas (só no NX há comandos no volante), para uma sonoridade mais esportiva e para produzir freio-motor ao desacelerar. Não é uma seleção exata da marcha, mas uma limitação: S5, por exemplo, só tira a sexta de ação. Nas acelerações a pleno é usado o alongamento gradual, como deve ser para melhor desempenho — não o arranjo que tem sido comum nas CVTs, com sua falsa sensação de potência.
Na pista de testes a vantagem do RAV4 ficou clara, como ao acelerar de 0 a 100 km/h em 8,1 segundos ante 9,3 s; onde o NX agrada mais é na suavidade do motor
Ambos os carros obtêm tração integral quando o motor elétrico traseiro entra em ação, de modo automático, o que dispensa cardã e elimina perdas mecânicas, e oferecem modos de condução Normal, Sport, Eco (econômico) e EV (apenas elétrico). A agilidade varia bastante entre eles, pois Sport faz os motores elétricos atuarem mais que os outros modos. O RAV4 traz ainda o programa Trail, com parâmetros de tração, frenagem e controle de tração adequados ao uso fora de estrada. Vale notar que, com bateria de pequena capacidade (1,6 kWh), eles conseguem rodar em modo elétrico por pouco tempo — um quilômetro, se muito, como informado no manual — e só com uso bem leve de acelerador.
Consumo
Imaginou que o mais rápido RAV4 teria maior consumo? Errado: ele foi mais econômico de forma consistente nas três condições de medição, com destaque para os excelentes 20,3 km/l no trajeto urbano leve — melhores que qualquer carro pequeno. Pode-se atribuir sua vantagem sobre o NX à combinação de injeções direta e indireta (cada uma usada no momento mais apropriado), ao projeto mais moderno (que provavelmente usa mais os motores elétricos que o rival nas situações de tráfego mais comuns) e ao peso do carro, 145 kg mais baixo.
Com plataforma mais moderna, o Toyota usa calibração mais confortável na suspensão sem prejuízo da boa estabilidade; pneus têm a mesma medida do Lexus
Como em rodovia o motor a combustão trabalha com mais frequência, os resultados de ambos foram piores que em cidade. Em todas as medições, tomamos o cuidado de que a carga indicada da bateria ao fim fosse similar à do começo do teste.
Comportamento dinâmico
Apesar de usarem os mesmos conceitos de suspensão, os “primos” não compartilham a plataforma: a do RAV4 é a moderna TNGA comum ao novo Corolla, enquanto a da geração anterior do SUV serviu de base para o NX. Outro aspecto que os diferencia é a calibração de suspensão: firme no Lexus, para uma sensação mais dinâmica, e suave no Toyota, que oferece mais conforto de rodagem usando pneus de medida idêntica.
O NX revela maior controle de movimentos e da inclinação em curvas, o que não significa atitude esportiva: ao tomar curvas realmente rápido, o carro perde a compostura e o controle eletrônico de estabilidade é chamado a cortar potência bruscamente. Por isso, preferimos o acerto do RAV4, que praticamente o acompanha em curvas. Nos dois a absorção de impactos poderia melhorar (sobretudo no Lexus, que ainda controla mal a distensão em lombadas), mas a direção está bem calibrada e os freios são eficazes. Só estranhamos no RAV4 o ruído quando os freios são acionados, ou seja, quando a regeneração de energia não basta para desacelerar — não ocorreu no NX ou mesmo no Corolla híbrido.
Eficientes faróis de leds equipam os dois modelos, que são completos também em segurança passiva, com direito a bolsa inflável para os joelhos do motorista
Segurança passiva
Ambos estão muito bem dotados nesse quesito, com bolsas infláveis laterais dianteiras, de joelhos do motorista e de cortina, além dos recursos obrigatórios (encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos e fixações Isofix para cadeira infantil). O NX tem ainda uma bolsa inflável no assento do passageiro à frente, que complementa a do painel.
Custo-benefício
Custar 11,7% a mais não seria um problema para o NX 300 H, se ele apenas acrescentasse a marca de prestígio aos mesmos atributos do RAV4 — mas não é o que acontece. Primeiro porque, nessas versões mais próximas em preço, o Toyota vem com vários equipamentos a mais tanto de conforto quanto de assistência ao motorista. Segundo porque, tendo um projeto mais recente, o “primo pobre” conseguiu melhores resultados em desempenho, consumo e conforto de rodagem, além de oferecer mais espaço para bagagem.
A favor do Lexus, além do que o emblema na grade pode representar (cujo valor é muito pessoal), está apenas o estilo mais agradável. Não resta a menor dúvida: entre esses SUVs híbridos do mesmo grupo, o Toyota é aquele que oferece mais… e ainda custa menos.
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Nossas notas
NX | RAV4 | |
Estilo | 4 | 3 |
Acabamento e conveniência | 4 | 5 |
Posto do motorista | 4 | 4 |
Espaço interno | 4 | 4 |
Porta-malas | 4 | 5 |
Motor e desempenho | 3 | 4 |
Consumo | 4 | 5 |
Comportamento dinâmico | 3 | 4 |
Segurança passiva | 5 | 5 |
Custo-benefício | 3 | 4 |
Média | 3,8 | 4,3 |
Posição | 2º. | 1º. |
As notas vão de 1 a 5, sendo 5 a melhor; conheça nossa metodologia |
Desempenho e consumo
NX | RAV4 | |
Aceleração | ||
0 a 100 km/h | 9,3 s | 8,1 s |
0 a 120 km/h | 13,0 s | 11,2 s |
0 a 400 m | 16,7 s | 15,7 s |
Retomada | ||
60 a 100 km/h* | 5,9 s | 5,2 s |
60 a 120 km/h* | 10,0 s | 8,4 s |
80 a 120 km/h* | 7,3 s | 6,2 s |
Consumo | ||
Trajeto leve em cidade | 15,9 km/l | 20,3 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 8,4 km/l | 11,2 km/l |
Trajeto em rodovia | 11,0 km/l | 13,7 km/l |
Testes com gasolina; *reduções automáticas; melhores resultados em negrito; conheça nossos métodos de medição |
Ficha técnica
NX | RAV4 | |
Motor | ||
Posição | transversal | transversal |
Cilindros | 4 em linha | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 90 x 98 mm | 87,5 x 103,4 mm |
Cilindrada | 2.494 cm³ | 2.487 cm³ |
Taxa de compressão | 12,5:1 | 14:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial (RAV4: também injeção direta) | |
Potência máxima | 155 cv a 5.700 rpm | 178 cv a 5.700 rpm |
Torque máximo | 21,4 m.kgf a 4.400 rpm | 22,5 m.kgf a 3.600 rpm |
Sistema híbrido | ||
Potência dos motores elétricos | 143 cv | 120 cv |
Torque dos motores elétricos | 27,5 m.kgf | 20,6 m.kgf |
Potência combinada (motores elétricos e a combustão) | 200 cv | 222 cv |
Capacidade da bateria | 1,6 kWh | 1,6 kWh |
Transmissão | ||
Tipo de caixa e marchas | automática de variação contínua | |
Tração | integral sob demanda | integral sob demanda |
Freios | ||
Dianteiros | a disco ventilado | a disco ventilado |
Traseiros | a disco | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim | sim |
Direção | ||
Sistema | pinhão e cremalheira | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica | elétrica |
Suspensão | ||
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal | |
Traseira | independente, braços sobrepostos, mola helicoidal | |
Rodas | ||
Dimensões | 18 pol | 18 pol |
Pneus | 225/60 R 18 | 225/60 R 18 |
Dimensões | ||
Comprimento | 4,64 m | 4,60 m |
Largura | 1,845 m | 1,855 m |
Altura | 1,645 m | 1,685 m |
Entre-eixos | 2,66 m | 2,69 m |
Capacidades e peso | ||
Tanque de combustível | 56 l | 55 l |
Compartimento de bagagem | 475 l | 580 l |
Peso em ordem de marcha | 1.900 kg | 1.755 kg |
Desempenho e consumo | ||
Velocidade máxima | 180 km/h | 180 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 9,2 s | 8,4 s |
Consumo em cidade | 12,6 km/l | 14,3 km/l |
Consumo em rodovia | 11,2 km/l | 12,8 km/l |
Dados dos fabricantes; ND = não disponível; consumo conforme padrões do Inmetro |