Ótimos faróis nos três, com lâmpadas de xenônio no Audi e no Range Rover e leds no Volvo; todos têm correção automática de altura do facho
O alemão e o sueco são também devoradores de rodovias. Quem fizer de conta que está em uma Autobahn — as rodovias alemãs com alguns trechos ainda ilimitados em velocidade — os terá perfeitamente nas mãos. O Vogue fica atrás nesse aspecto: em trechos ondulados ou mudanças de direção em velocidade, a suspensão macia permite mais movimentos do que o ideal, mesmo que com o hábito se ganhe confiança.
O Best Cars é um site de automóveis, não de jipes, razão pela qual os carros não foram levados ao fora de estrada. Se o fossem, supõe-se que o Range Rover teria os melhores resultados ao associar reduzida, suspensão a ar com altura regulável, seletor de tipos de terrenos e até o citado sensor de profundidade da água. Afinal, mesmo que poucos compradores venham a explorá-la, a marca tem na capacidade para todo terreno um de seus baluartes.
As rodas traseiras esterçantes também beneficiam o Audi no uso urbano: a até 60 km/h apontam para o sentido oposto ao das dianteiras a fim de reduzir o diâmetro de giro: ele retorna em 11,4 metros, espaço típico de carro médio, bem menos que os concorrentes. Sua assistência de direção revela o melhor acerto: a do Range Rover poderia ser mais leve em cidade — seria intencional para dar impressão de carro parrudo, forte? — e a do Volvo fica algo pesada em curvas em modo Power, sem atingir a comunicação com o piso oferecida pelo alemão. Todos estão bem dotados de freios, com grandes discos que dissipam altas velocidades com rapidez e assistência de frenagem de emergência.
Em segurança ativa, sobretudo pela potência de frenagem, ou passiva, três modelos que representam o máximo do empenho de seus fabricantes
O XC90 traz faróis de leds; o Q7 e o Vogue, de xenônio (há opção de leds para o Audi), sempre para ambos os fachos e muito eficientes. Luzes diurnas com leds, faróis e luz traseira de neblina, ajuste automático de altura do facho, repetidores laterais das luzes de direção e retrovisores amplos (biconvexo no caso do esquerdo do Volvo) também constam dos três modelos. A visibilidade é ampla, com colunas dianteiras moderadas para os padrões de hoje.
No fora de estrada esperam-se do Range Rover os melhores resultados, com reduzida, suspensão regulável, seletor de terrenos e até sensor de profundidade da água
Como recursos adicionais de segurança, o Audi vem com sistema Pre-Sense que monitora o tráfego adiante. Em caso de risco de perda de controle, os cintos são tensionados e vidros e teto são fechados. Se a câmera detecta possível colisão frontal o motorista é alertado e, caso não reaja rapidamente, o carro inicia frenagem automática. Há ainda frenagem pós-colisão, que pretende evitar que o carro acidentado continue a se mover pela pista sem controle, com risco de novo impacto. E o alerta de desembarque monitora as laterais com motor desligado, para detectar veículos que poderiam colidir com a porta ao ser aberta — se houver risco, leds piscam e a ação das maçanetas pode ser inibida ou adiada.
Os itens de segurança passiva são de primeiro nível nos três: bolsas infláveis frontais, laterais dianteiras e de cortina, encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos os ocupantes, fixação Isofix para cadeira infantil.
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Comentário técnico
Raio X do Q7 TDI e o sistema que esterça as rodas traseiras: sentido pode acompanhar o das dianteiras ou ser o contrário, conforme a velocidade
• O motor V6 turbodiesel do Range Rover é uma das unidades herdadas do tempo em que a Land Rover esteve sob controle da Ford (pertence desde 2008 ao grupo indiano Tata). O 3,0-litros e sua versão 2,7 foram desenvolvidos entre a Ford e a PSA Peugeot Citroën, lançados de 2004 em diante e também aplicados a sedãs da Jaguar. Ele usa dois turbocompressores paralelos com geometria variável. No Q7 está o V6 lançado em 2010 e amplamente revisto para esta segunda geração.
• O quatro-cilindros de 2,0 litros do XC90 é da família apresentada em 2013, sempre dotada de turbo e injeção direta, mas com diversos patamares de potência: 190, 220 ou 245 cv apenas com o turbo, 302 ou 320 cv com o auxílio de compressor Roots. A combinação de compressor e turbo é rara na indústria: entre os raros casos houve um motor de 1,4 litro do grupo Volkswagen, que chegou ao Brasil no Audi A1, e o 1,8-litro do Lancia Delta S4, usado em rali nos anos 80 e em sua versão de rua para homologação.
• O novo Q7 recebe a arquitetura MLB Evo (Modularer Längsbaukasten, matriz modular longitudinal em alemão), a mesma dos novos A4, A5 e A8, do Bentley Bentayga e do novo Porsche Cayenne. Para expressiva redução de peso (até 325 kg de acordo com a versão) foi empregado alumínio em todos os painéis de carroceria, nas portas completas, em algumas partes estruturais e da suspensão e até no pedal de freio — o material responde por 41% do carro. O Range Rover passou em 2013 pelo mesmo processo: alumínio em toda a estrutura e a carroceria eliminou 180 kg, que alcançam 350 kg no peso total do carro com o mesmo motor.
• A tração integral permanente da Audi, dotada de diferencial central, atua com 40% do torque enviado às rodas dianteiras e 60% às traseiras em condições normais, mas pode passar a 70:30 ou 15:85 de acordo com as necessidades. No Range Rover a divisão-padrão é de 50% para cada eixo, também variável, e existe reduzida na transmissão — que pode ser acionada em movimento a até 60 km/h.
• Primazia do Q7 na categoria, o sistema de rodas traseiras esterçantes atua de duas maneiras. Até 60 km/h essas rodas podem esterçar em até 5 graus no sentido oposto ao das dianteiras, o que reduz o diâmetro de giro em 1 m. Em velocidades mais altas seu esterçamento vai até 3,5 graus no mesmo sentido das dianteiras, a fim de aumentar a capacidade de curva e de manobras evasivas e reduzir a possibilidade de a traseira “escapar”. O acionamento das rodas é elétrico.
XC90: recarga externa

O XC90 T8 foi o primeiro carro híbrido que avaliamos com a capacidade de recarregar a bateria em tomada externa (plug-in). A conexão do carregador é feita no para-lama dianteiro esquerdo: uma vez acoplado, ele permanece travado até que o carro seja destrancado. Uma luz indica se a recarga está ocorrendo, foi concluída ou se há algum problema.
Para recarregar a bateria de 400 volts e 9,2 kWh é necessária uma tomada de 230 volts com aterramento — sem ele, o sistema rejeita a corrente. O tempo de recarga completa varia conforme a corrente disponível: com 6A requer seis horas; com 10A, três horas e meia; com 16A, duas horas e meia. Mas a bateria nunca descarrega por inteiro para se preservar. No Brasil o carregador é adaptado para o padrão de três pinos largos para alta corrente. Os compradores recebem consultoria especializada para eventuais adaptações na residência ou condomínio, que são custeadas pela Volvo — só não está incluso o carregador de alta capacidade existente em algumas estações.
Ninguém deixará de usar o sistema híbrido, porém, por falta de tomada apropriada. Na tela do painel estão os comandos Hold (retenção), que deixa de consumir a carga existente; e Charge (carregar), que usa o motor a combustão para carregar a bateria, sem falar na energia obtida com regeneração. Assim, pode-se chegar com certa carga a uma zona restrita a carros elétricos ou qualquer local em que se queira rodar sem emissões.