Fiat Cronos não é anti-Virtus, mas um bom anti-Prisma

Interior do Precision agrada pelo acabamento e oferece muitas conveniências; espaço para pernas atrás poderia ser maior; muito bom o porta-malas de 525 litros

 

Motores e comportamento, como no hatch

Os motores do Cronos repetem os do Argo. O de 1,35 litro tem bloco de alumínio (no 1,75 é de ferro fundido) e ambos usam variação de tempo de válvulas; o 1,75 traz ainda coletor de admissão com geometria variável. O primeiro fornece potência de 101/109 cv e torque de 13,7/14,2 m.kgf, e o outro, 135/139 cv e 18,8/19,3 m.kgf, sempre na ordem gasolina/álcool. Mais adiante deve ser lançado um motor turbo, provavelmente desenvolvido sobre o 1,35.

 

O motor de 1,35 litro satisfaz no desempenho em cidade, mas poderia melhorar em suavidade, e incomodam as mudanças hesitantes da caixa automatizada

 

Pelos dados oficiais conforme padrões do Inmetro, o Cronos automatizado é o carro mais econômico da categoria, tanto em cidade quanto em rodovia, com gasolina ou álcool (veja dados na ficha técnica abaixo). Além da eficiência do pequeno motor, contribui o tipo de transmissão: concorrentes como Prisma, Etios e Virtus usam caixa automática com conversor de torque, que consome mais energia. Por outro lado, a automatizada está sujeita a interrupções de potência durante as mudanças que a deixam menos suave.

O conjunto mecânico do sedã não traz novidades em relação ao hatch: mantém a suspensão traseira por eixo de torção, os freios a disco apenas na frente e a assistência elétrica de direção. Apenas a suspensão foi recalibrada para a nova distribuição de peso e a bitola traseira teve ampliação. Controle eletrônico de estabilidade e tração e assistente de saída em rampa são de série, salvo no 1,35 manual.

 

Motor de 1,35 litro e até 109 cv (em cima) oferece caixa automatizada com operação por botões; no de 1,75 litro e até 139 cv, opção é por automática de seis marchas

 

O Best Cars dirigiu o Cronos nas versões Drive com ambas as transmissões e Precision automática, por cerca de 20 quilômetros cada, em uso urbano no Rio de Janeiro, RJ. O motor de 1,35 litro, que deve responder pela maior parte das vendas, satisfaz no desempenho em cidade — favorecido, no caso do Rio, pela maior pressão atmosférica ao nível do mar. Poderia melhorar em suavidade: notam-se vibrações até no assoalho.

 

 

No caso da caixa manual a alavanca tem curso grande, mas é macia e fácil de engatar, com pedal de embreagem suave e também de longo curso. O que incomoda, como registramos no Argo GSR, são as mudanças hesitantes da caixa automatizada. A Fiat bem poderia buscar outra solução, fosse a mesma caixa automática do Precision (é o que usam Prisma e HB20S, afinal), fosse uma de variação contínua (CVT) como a do Versa.

Passando ao Precision 1,75-litro a sensação de potência melhora muito, como esperado, embora a resposta inicial do acelerador tenha um atraso inconveniente. A calibração da caixa automática visou ao menor consumo, com as trocas em baixos regimes. Os destaques são o baixo nível de ruídos e vibração e a suspensão bem calibrada.

 

Motores dão bom desempenho, cada um em sua categoria; apesar do ar esportivo sugerido pelas rodas de 17 pol, o Precision tem rodar confortável

 

Em um trecho bem esburacado e com ondulações fortes, ela absorveu as irregularidades de forma suave, mas firme, com bom compromisso entre conforto e desempenho nas curvas. Com as rodas de 17 pol, sente-se um pouco o pneu de perfil mais baixo, que em trechos de calçamento passa um pouco de trepidações ao volante. Ponto positivo é a direção com assistência elétrica, bem leve em manobras. Quanto ao acabamento, nessa versão é agradável, mas o revestimento de tecido simples dos bancos não condiz com sua proposta mais refinada.

No todo, o Cronos deixou boas sensações no primeiro contato. Pode decepcionar quem esperava um concorrente direto para o Virtus: faltam-lhe espaço traseiro, um motor com a vivacidade do 1,0-litro turbo da VW e algum refinamento técnico. A Fiat, não por acaso, concentra-se em Prisma e HB20 como principais adversários. Diante deles, o sedã do Argo mostra bons atributos e pode oferecer ao mercado o que o Grand Siena já não conseguia.

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