Embora o acelerador engane, o Mobi não é potente (17 s para ir de 0 a 100 km/h) e consome bem mais que o Up: faz falta um motor mais moderno
Claro que um carro estreito, alto e com suspensão macia não seria um primor de estabilidade, mas o Mobi pode ser dirigido normalmente. Apesar de haver mais movimentos e inclinação de carroceria que em modelos mais baixos e/ou firmes, o motorista acostuma-se logo a suas reações — de novo, nada muito diferente do Uno em sua versão semelhante. Mesmo os freios dianteiros a disco sólido, não ventilado, não causam preocupação em um carro tão leve.
Afinal, o Mobi vale a pena? Depende: a resposta envolve uma breve comparação com alguns de seus adversários.
Concorrente mais direto, o VW Up é um carro mais moderno e eficiente em termos técnicos, como no econômico motor, e tem porta-malas bem maior
O mais direto, o Up, é um carro mais moderno e eficiente em termos técnicos, como no econômico motor de três cilindros com 75/82 cv ou no melhor comando de transmissão. São similares em espaço, mas o VW tem porta-malas maior em 70 litros (285 l). Diferença também em suspensão: mais firme, a do Up favorece a estabilidade, mas perde em conforto. A versão Cross Up, com adereços “aventureiros”, mantém a mecânica (suspensão inclusa) de outras versões, ao contrário do Mobi Way. Mais cara (R$ 47.690), ela tem conteúdo similar ao do Fiat avaliado e acrescenta fixação Isofix para cadeira infantil.
Outra opção, o Ford Ka, não oferece versão “aventureira” como o Way e o Cross. Seu comprimento quase 30 cm maior resulta em espaço adicional para passageiros, enquanto o porta-malas de 257 litros fica entre os desses modelos. Ponto alto é o motor mais potente da classe (80/85 cv), com desempenho superior ao do Mobi e consumo moderado, embora a vibração típica do três-cilindros fique bem presente.
Conforto do rodar em pisos de má qualidade e amplo vão livre do solo são destaques, mas a estabilidade se ressente da altura e da maciez do Way
Com menor altura de rodagem e pneus 195/55 R 15, o Ka SEL que avaliamos supera facilmente o Mobi em comportamento dinâmico, embora sem a mesma aptidão para pisos irregulares. Essa versão, que vem de série até com controle eletrônico de estabilidade, custa mais: R$ 48.140. O Ka mais próximo em preço ao Fiat testado seria o SE Plus (R$ 44.390), que traz a mais que o Mobi controle elétrico de vidros traseiros e fixações Isofix, deixando de fora faróis de neblina e rodas de alumínio.
Colocaríamos ainda entre as alternativas o Nissan March SV, também de três cilindros (77 cv) e com ajuste de suspensão voltado ao conforto. Não tão moderno quanto Up e Ka em desenho, está mais próximo do segundo em comprimento e espaço traseiro e oferece porta-malas razoável, 265 litros. Nossas medições apontaram desempenho comparável ao do Mobi e consumo bastante bom. O March custa R$ 44.690 sem rodas de alumínio. Vale notar que os três rivais trazem assistência elétrica de direção e preaquecimento de álcool para partida a frio, ausentes do Fiat.
O que se pode concluir das comparações? Se suas prioridades ao comprar um hatch pequeno forem dimensões bem compactas, rodar confortável, aptidão para terrenos de má qualidade e mecânica consagrada, o Mobi Way On pode ser boa opção. Mas é preciso aceitar sérias limitações de espaço traseiro e para bagagem, estabilidade só razoável e desvantagens consistentes em desempenho e consumo diante do Up, que compartilha a praticidade do reduzido comprimento. Se tamanho não for problema, alternativas como Ka e March reúnem bons argumentos sem se afastar da faixa de preço do novo Fiat.
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Comentário técnico
• Embora derivado da arquitetura do Uno, o Mobi tem muito pouco em comum com ele em termos de estrutura. Imagens apresentadas pela Fiat apontam que apenas uma seção dianteira, que inclui as longarinas, e os pontos de apoio da suspensão traseira são iguais.
• O conhecido motor Fire deixa de fora técnicas atuais como bloco de alumínio, quatro válvulas por cilindro e variação de tempo de abertura das válvulas. O acionamento do comando usa correia dentada. Seu ponto alto é a brilhante relação r/l de 0,23, uma das melhores do mercado, que resulta em operação muito suave.
• O cálculo de transmissão (para qualquer versão do Mobi, exceto a Easy, que tem pneus de menor diâmetro) prevê velocidade máxima em quarta marcha com o motor perto de 6.000 rpm, pouco abaixo da potência máxima (6.250 rpm). Essa definição permite regime moderado em quinta para um motor de 1,0 litro, como 3.850 rpm a 120 km/h.
• A suspensão do Way (com ou sem o sufixo On) é a única da linha com estabilizador dianteiro (atrás, nenhuma tem), decisão acertada para conter a inclinação da carroceria sem necessitar de molas mais firmes. Comparado ao Like, o Way tem 15 mm a mais de vão livre do solo, todos obtidos na suspensão, pois usa pneus iguais em medida 175/65 R 14 (e de mesmo tipo, para uso predominante em asfalto). Não há diferenças em relações de marcha e de diferencial. Conforme dados de fábrica, a versão obtém velocidade máxima 2 km/h menor que a do Like, pela perda aerodinâmica decorrente da maior altura, mas preserva os números de aceleração e de consumo pelos dados do Inmetro.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Material do bloco/cabeçote | ferro fundido/alumínio |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 2 |
Diâmetro e curso | 70 x 64,9 mm |
Cilindrada | 999 cm³ |
Taxa de compressão | 12,15:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 73/75 cv a 6.250 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 9,5/9,9 m.kgf a 3.850 rpm |
Potência específica (gas./álc.) | 73,1/75,1 cv/l |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | manual / 5 |
Relação e velocidade por 1.000 rpm | |
1ª. | 4,27 / 6 km/h |
2ª. | 2,32 / 11 km/h |
3ª. | 1,44 / 18 km/h |
4ª. | 1,03 / 25 km/h |
5ª. | 0,84 / 31 km/h |
Relação de diferencial | 4,20 |
Regime a 120 km/h | 3.850 rpm (5ª.) |
Regime à vel. máxima informada (gas./álc.) | 5.950/6.000 rpm (4ª.) |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco (257 mm ø) |
Traseiros | a tambor (185 mm ø) |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | hidráulica |
Diâmetro de giro | 10,0 m |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Estabilizador | dianteiro |
Rodas | |
Dimensões | 5,5 x 14 pol |
Pneus | 175/65 R 14 |
Dimensões | |
Comprimento | 3,596 m |
Largura | 1,685 m |
Altura | 1,55 m |
Entre-eixos | 2,305 m |
Bitola dianteira | 1,396 m |
Bitola traseira | 1,40 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | ND |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 47 l |
Compartimento de bagagem | 215 l |
Peso em ordem de marcha | 966 kg |
Relação peso-potência (gas./álc.) | 13,2/12,9 kg/cv |
Garantia | |
Prazo | 3 anos sem limite de quilometragem |
Carro avaliado | |
Ano-modelo | 2017 |
Pneus | Pirelli Cinturato P1 |
Quilometragem inicial | 1.500 km |
Dados do fabricante; ND = não disponível |