Caixa automática de nove marchas dispensa a primeira no uso normal e raramente chega à nona; seletor controla três modos de uso da tração integral
Suspensão: bom compromisso
Uma das grandes expectativas era sobre a suspensão da Toro: como conciliar conforto, estabilidade e aptidão para carregar uma tonelada? Pois o compromisso obtido pela Fiat foi dos mais positivos. A Toro roda macio como uma boa picape derivada de automóvel e lembra uma versão ampliada da VW Saveiro — uma das melhores nesse quesito entre as pequenas, superando a Strada da própria Fiat. Pisos ondulados, lombadas e irregularidades em estrada de terra são absorvidos com conforto bem acima do esperado. Comparada à Ford Ranger turbodiesel que dirigimos em igual trecho durante sua avaliação, a Toro revelou-se muito mais agradável.
A Toro supera as limitações das picapes pequenas, mas consegue conforto de rodagem e comportamento superiores aos das médias
Seu comportamento dinâmico é bom, com controle eficaz de movimentos pelos amortecedores e aderência adequada dos pneus de uso misto Pirelli Scorpion ATR, mas a forte tendência ao subesterço leva o controle de estabilidade a intervir com frequência em um (improvável) uso vigoroso. Agrada o peso bem escolhido da direção tanto em baixa quanto em alta velocidade; o volante de aro espesso parece intencional para transmitir robustez ao comprador usual de picapes.
Não gostamos de dois aspectos da mecânica. Um, o enorme diâmetro de giro de 12,9 metros (uma Toyota Hilux, apesar de 40 cm mais longa, faz em 11,8 m), talvez por alguma limitação do projeto ao uso dos grandes pneus, o que impõe uma sucessão de manobras para estacionar e dificulta certos retornos. Outro, a calibração dos freios: até que se habitue à fraca resposta do começo de curso do pedal, o motorista tende a frear pouco e pisar em seguida com mais força, de que resulta excesso de frenagem.
A boa aptidão da Toro no fora de estrada: rodar confortável, vão livre do solo adequado
No trecho com lama e buracos, a Volcano mostrou-se tão confortável quanto valente. O vão livre do solo (mínimo de 206 mm) é suficiente para dar tranquilidade nesse tipo de uso, mesmo com certa carga na caçamba, e o modo 4WD Low mantém o motor em regimes de bom desempenho. Não chegamos a enfrentar subidas íngremes, que pusessem à prova a exigência de uma verdadeira reduzida, mas ficou a sensação de poder atender a pelo menos 90% de tudo o que uma picape média poderia fazer.
No cômputo geral, a Toro Volcano foi aprovada. Se ela serve como alternativa aos segmentos de picapes pequenas e médias? A resposta depende. Donos de modelos compactos podem ter dificuldades com seus 4,9 metros de comprimento no dia a dia dos grandes centros, além de torcerem o nariz ao preço tão mais alto, parte dele justificado pelo motor Diesel. Os fiéis a picapes maiores, por sua vez, podem não apreciar seu jeito de automóvel ao volante e a falta de caixa de transferência, além de ainda não sabermos como será sua resistência com o transporte prolongado de carga pesada.
Contudo, ao mesmo tempo em que supera as limitações das picapes pequenas (não ter motor Diesel nem tração 4×4, ficar longe de carregar uma tonelada), a nova Fiat consegue conforto de rodagem e comportamento superiores aos das médias do ponto de vista de quem gosta de automóveis. Portanto, oferece mais vantagens do que desvantagens sobre as duas categorias de que o mercado dispunha até então: é o que se considera bem-sucedido em um produto que vem se encaixar no meio do caminho.
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Comentário técnico
• Igual ao do Renegade até nos índices de potência e torque, o motor da Toro é um Fiat Multijet II italiano, equipado com turbina de geometria variável e injeção eletrônica Bosch de duto único, que opera com acumulador de alta pressão (1.600 bars) e até oito injeções por ciclo de combustão. Recirculação de gases de escapamento e filtro de partículas contribuem para baixas emissões poluentes. Saiba mais sobre os motores Diesel atuais.
• A caixa automática de nove marchas mantém as relações (incluindo a de diferencial) do Renegade, mas os pneus da Toro são um pouco maiores em diâmetro, o que eleva de modo sutil a velocidade por 1.000 rpm em cada marcha. Como no Jeep, é um escalonamento bem aberto, em que a relação da primeira dividida pela da última marcha resulta em 9,8. O alcance da primeira é bem pequeno (cerca de 30 km/h), razão para ela não ser usada na condução normal: entra apenas no modo 4WD Low ou por seleção manual.
• A tração integral sob demanda mantém todo o torque nas rodas dianteiras em condições normais de aderência, mas pode enviar até 60% dele às traseiras conforme a necessidade. Isso em modo automático: o 4WD fixa a repartição em 50% por eixo. Por sua vez, o modo 4WD Low não significa uma reduzida tradicional: apenas passa a usar a primeira marcha e controla as demais de modo a manter o motor em maior rotação.
• A suspensão traseira da Toro, independente multibraço, é mais sofisticada que a do próprio Renegade. Comparada à da Renault Duster Oroch, que também se intitula multibraço, ela se diferencia pelo braço de controle superior: sem tal elemento a da concorrente pode ser descrita como um conceito McPherson, o mesmo que ambas as picapes usam na frente.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Material do bloco/cabeçote | ferro fundido/alumínio |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 83 x 90,4 mm |
Cilindrada | 1.956 cm³ |
Taxa de compressão | 16,5:1 |
Alimentação | injeção direta de duto único, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 170 cv a 3.750 rpm |
Torque máximo | 35,7 m.kgf a 1.750 rpm |
Potência específica | 86,9 cv/l |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática / 9 |
Relação e velocidade por 1.000 rpm | |
1ª. | 4,70 / 7 km/h |
2ª. | 2,84 / 11 km/h |
3ª. | 1,91 / 17 km/h |
4ª. | 1,38 / 23 km/h |
5ª. | 1,00 / 32 km/h |
6ª. | 0,81 / 39 km/h |
7ª. | 0,70 / 45 km/h |
8ª. | 0,58 / 54 km/h |
9ª. | 0,48 / 66 km/h |
Relação de diferencial | 4,33 |
Regime a 120 km/h | 1.850 rpm (9ª.) |
Regime à vel. máxima informada | 3.450 rpm (8ª.) |
Tração | integral sob demanda |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado (305 mm ø) |
Traseiros | a tambor (295 mm ø) |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Diâmetro de giro | 12,9 m |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Estabilizador(es) | dianteiro e traseiro |
Rodas | |
Dimensões | 6,5 x 17 pol |
Pneus | 225/65 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,915 m |
Largura | 1,844 m |
Altura | 1,743 m |
Entre-eixos | 2,99 m |
Bitola dianteira | 1,549 m |
Bitola traseira | 1,579 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | ND |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 60 l |
Caçamba | 820 l |
Carga útil | 1.000 kg |
Peso em ordem de marcha | 1.871 kg |
Relação peso-potência | 11,0 kg/cv |
Garantia | |
Prazo | 3 anos sem limite de quilometragem |
Carro avaliado | |
Ano-modelo | 2016 |
Pneus | Pirelli Scorpion ATR |
Quilometragem inicial | 6.000 km |
Dados do fabricante; ND = não disponível |