Fabricado pela marca asiática dona da Volvo, o sedã médio
vem bem equipado a preço de compacto, mas requer algumas correções
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
Chega ao Brasil mais um fabricante chinês, com a promessa de comprovar que nem todo produto daquela origem tem baixa qualidade. A marca Geely (pronuncia-se djili), um dos maiores fabricantes independentes do país asiático, entre outras coisas é a atual dona da Volvo e da Manganese Brown, que produz os conhecidos táxis londrinos. Sua produção de automóveis é recente, iniciada em 1997, após 11 anos da fundação do grupo.
Capitaneada pelo grupo Gandini, responsável também pela importação da sul-coreana Kia, a Geely Motors do Brasil inicia com dois modelos: o sedã médio EC7 e o hatch compacto GC2, que chega em abril. Com importação via Montevidéu, Uruguai — a montagem no país membro do Mercosul isenta-o de Imposto de Importação —, a pretensão da Geely é vender 3.500 unidades na soma dos modelos até o fim do ano, período no qual espera também estar com 25 pontos de venda no Brasil, sobretudo no Sudeste, ante 15 da fase inicial. A garantia é de três anos ou 100.000 quilômetros.
O EC7 é apresentado em versão única de acabamento GS, com motor a gasolina de 1,8 litro, 16 válvulas e 130 cv e câmbio manual de cinco marchas. Foi anunciada a opção de caixa automática de variação contínua para 2015 (a Geely é dona de seu fabricante, a australiana DSI). O preço, ainda a ser confirmado até o início de vendas em março, deve ficar próximo de R$ 50 mil. A expectativa era de até R$ 55 mil em março do ano passado, quando a importação foi anunciada, e não seria surpresa se o valor final caísse um pouco mais.
O estilo do EC7 busca inspiração em carros europeus, como a solução de porta-malas
lançada pelo BMW Série 7; a frente tem faróis elipsoidais e a grade em preto fosco
O conteúdo de série abrange itens de conforto como ar-condicionado automático, revestimento dos bancos em couro, volante com regulagem de altura, computador de bordo, temporizador de faróis, retrovisor interno fotocrômico, comando a distância para travas e abertura do porta-malas, sensores de estacionamento na traseira, rádio/CD com MP3 e entradas USB e auxiliar e banco traseiro bipartido 60:40.
Percebe-se que o estilo do EC7 foi claramente inspirado nos sedãs europeus, sobretudo a traseira, cuja tampa do porta-malas lembra a do BMW Série 7
Na dotação de segurança há bolsas infláveis apenas frontais, freios a disco com antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica de força (EBD), cintos de três pontos para todos os ocupantes, suportes Isofix para cadeiras infantis, faróis e luz traseira de neblina, repetidores laterais de luzes de direção nos para-lamas, alarme antifurto e rodas de alumínio de 16 pol com pneus 215/55. No teste de colisão do instituto Euro NCap sua classificação foi de quatro estrelas, a primeira em um carro chinês.
Ao primeiro olhar, percebe-se que o estilo do EC7 foi claramente inspirado nos sedãs europeus, sobretudo a traseira, cuja tampa do porta-malas mais alta que os para-lamas lembra o BMW Série 7 e o Hyundai Azera de anos atrás. Os faróis baixos usam refletor elipsoidal. É um desenho que agrada sem ser cafona, apesar do logotipo discutível e da grade em preto fosco, que parece ter sido esquecida pelo departamento de pintura.
Simples nas formas, o interior destaca-se pelos equipamentos de conforto e tem
bom acabamento; motor 1,8 com variação de tempo de válvulas produz 130 cv
As dimensões colocam o EC7 entre os maiores carros médios, com 4,63 metros de comprimento e 1,79 m de largura, embora a distância entre eixos de 2,65 m seja apenas mediana. A marca anuncia bom coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,32.
No interior o acabamento é adequado para a faixa de preço prevista, mas nada há de inspiração no desenho, com um painel simples e retilíneo. Bons detalhes como ajuste elétrico dos faróis, porta-objetos variados, iluminação nos para-sóis, apoio de braço no banco traseiro e materiais suaves ao toque contrastam com falhas como o volante sem comandos de áudio, o computador que não indica consumo e as várias lacunas para teclas no console, à frente da alavanca de câmbio.
Ao sentar, uma insatisfação: a alta densidade da espuma dos bancos (revestidos de couro) deixa-os muito duros e, apesar de regulagens que incluem altura e apoio lombar, o motorista não fica tão confortável. É fácil encontrar uma boa posição, mas os pedais poderiam ter mais espaço entre eles e o volante, com ajuste em altura muito limitado, é fixo em relação à distância. Em contrapartida, o espaço para os passageiros do banco de trás é bem amplo e as portas abrem em bom ângulo.
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