Novo Hyundai HB20: atributos para vencer a polêmica

O desenho causou discussões, mas a segunda geração evoluiu em conforto e ganhou motor turbo com caixa automática

Texto: Kelvin Silva e Fabrício Samahá – Fotos: divulgação

 

Fazia tempo que o lançamento de um carro não provocava tanta discussão. Dono de um desenho atraente desde que foi lançado, em 2012, o Hyundai HB20 apostou em um estilo controverso nesta segunda geração, o que levou muita gente a criticá-lo desde que as primeiras fotos foram anunciadas. Mas um carro é mais que sua aparência — que, de resto, depende da opinião pessoal — e por isso o Best Cars foi conhecê-lo na apresentação à imprensa na Ilha de Comandatuba, na Bahia.

A renovação da linha ocorre em simultâneo para o hatch, o sedã HB20S e o “aventureiro” HB20X. Todas as versões ganham novos nomes e composição de equipamentos (veja quadro abaixo com itens e preços). Entre os motores, a novidade é o 1,0-litro turboalimentado, que recebeu injeção direta para maiores potência e torque, além de vir associado à transmissão automática de seis marchas — antes, só à manual de mesmo número. Essas alterações reposicionam tal motor como opção de topo, embora o 1,6-litro aspirado seja até mais potente. Curiosamente, no HB20X apenas o 1,6 está disponível.

 

O novo desenho provocou polêmica, mas o carro traz boas evoluções; embora com a mesma plataforma, toda a carroceria foi redesenhada

 

A marca sul-coreana mostrou ousadia na escolha de desenho de um produto consagrado no mercado brasileiro. A carroceria ganhou curvas e vincos mais acentuados, caso daquele que contorna os faróis de neblina e do que faz uma quebra para baixo logo à frente das maçanetas traseiras. A grade dianteira em posição mais baixa trouxe uma aparência menos esportiva, mesmo com o bom efeito causado pelos faróis elipsoidais com luzes diurnas de leds na versão superior.

 

 

A coluna traseira ganhou um aplique plástico em forma de “X”, que segundo a Hyundai projeta a parte superior do carro como um teto flutuante, desconectando-o visualmente do resto da carroceria. A traseira parece ser seu ponto mais polêmico, pelas lanternas de forma incomum e em posição mais baixa. A mesma alteração vale para o sedã, que se inspirou no novo Elantra. Nele o formato fastback foi acentuado, sendo aplicado até um complemento entre o vidro e a tampa do porta-malas, que assim se tornou bastante curta. A placa de licença mudou para o para-choque. Fato curioso em toda a linha é haver uma só luz de ré no lado esquerdo — embora seja mais comum estar à direita, a posição adotada é a correta para nossa mão de direção.

O HB20X mantém elementos visuais próprios como apliques prateados nos para-choques, barras de teto (agora sem espaço abaixo delas) e molduras nos para-lamas, que ficaram bem mais largas para um aspecto robusto. As traseiras é que não se ligam às molduras laterais, parecendo um improviso. As dianteiras simulam uma entrada de ar frontal. Esse é o único modelo da linha com rodas de 16 polegadas, que do ponto de vista estético deveriam ser oferecidos aos outros: a sensação de rodas pequenas foi acentuada, sobretudo no sedã, pelo grande volume de chapas na metade traseira.

 

Interior ficou mais refinado; instrumentos são digitais, salvo o conta-giros; espaço aumentou e há cinto de três pontos para todos; acabamento pode vir em marrom

 

No interior a Hyundai optou por formas mais tradicionais, sem tantas curvas e arestas, em busca de um aspecto mais refinado. A central de áudio com integração a celular por Android Auto e Apple Car Play ganhou tela maior, de 8 pol em vez de 7, e posição destacada do painel. Os difusores de ar agora vêm abaixo dela, não o ideal para refrigeração. O quadro de instrumentos recebeu mostrador digital monocromático para velocímetro, computador de bordo e outras funções, deixando de fora o conta-giros analógico. O ajuste de altura do banco do motorista ganhou curso e passou a ser feito por alavanca, mais prática que o botão de girar.

 

A versão superior ganhou recursos pioneiros no segmento: frenagem autônoma ao detectar risco de colisão ou atropelamento e alerta para saída da faixa

 

A versão de topo Diamond Plus traz acabamento em tom marrom no hatch e cinza claro no HB20S, o que inclui a maior parte dos plásticos e não só o revestimento dos bancos. Já o HB20X usa tons escuros e detalhes em laranja, como molduras dos difusores e costura dos bancos. Apesar do acabamento em grande parte com plásticos duros, o interior mostra um ar de boa qualidade para a categoria e a central foi bem trabalhada quanto ao uso. O modelo fornece bom espaço nos bancos da frente, mas atrás persiste a acomodação escassa para as pernas. No sedã, devido ao formato do teto, os passageiros sofrem um pouco no espaço para a cabeça.

 

Central de áudio cresceu; novos recursos são câmera traseira, chave presencial com botão de partida e comandos de marchas no volante; ar-condicionado não é mais automático

 

O HB20 recebeu novos equipamentos, de acordo com a versão, e alguns deles faziam falta no anterior: controlador e limitador de velocidade, chave presencial com botão de partida, câmera traseira de manobras, comandos no volante para trocas de marcha, apoio de braço central na frente, controle eletrônico de estabilidade e tração, cinto de três pontos e encosto de cabeça para o passageiro central atrás, monitor de pressão dos pneus.

 

 

A versão Diamond Plus ganhou ainda recursos pioneiros no segmento: frenagem autônoma ao detectar risco de colisão ou atropelamento, por meio de câmera no topo do para-brisa, e alerta para saída involuntária da faixa (sem intervenção no volante). Uma perda foi o ar-condicionado automático: agora tem mostrador digital nas versões superiores, mas com ajuste manual de temperatura e velocidade.

Próxima parte

 

Versões, preços e equipamentos de série

HB20 Sense 1,0 manual – R$ 46.490.

Ar-condicionado, banco do motorista com ajuste de altura, cintos de três pontos para cinco ocupantes, computador de bordo, controle elétrico de vidros dianteiros e travas, direção com assistência elétrica, espelhos nos para-sóis, fixação Isofix para cadeira infantil, limpador do vidro traseiro, rádio/MP3 com interface Bluetooth e comandos no volante.

HB20 Vision 1,0 manual – R$ 49 mil. • HB20S Vision 1,0 manual – R$ 55.390.

Como o Sense, mais alarme perimétrico, chave dobrável, controle elétrico de vidros traseiros, retrovisores com ajuste elétrico e luzes de direção, rodas de 15 pol (aço). Opcional: central de áudio Blue Media com tela de 8 pol e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play (R$ 50.490).

HB20 Vision 1,6 manual – R$ 58 mil. Automático – R$ 62.790. • HB20S Vision 1,6 manual – R$ 62.590. Automático – R$- 67.390.

Como o Vision 1,0, mais central Blue Media.

HB20 Evolution 1,0 manual – R$ 53.790. • HB20S Evolution 1,0 manual – R$ 58.390.

Como o Vision 1,6, mais ar-condicionado com ajuste digital, assistente de saída em rampa, central de áudio Blue Media, controle elétrico de vidros com função um-toque em todos e comando a distância para abrir e fechar, controle eletrônico de estabilidade e tração, lanternas traseiras diferenciadas, luz no porta-malas, quadro de instrumentos com tela digital, rodas de alumínio de 15 pol, sensores de estacionamento na traseira, sinalização de frenagem de emergência, tomada USB para carregar celular, volante com ajuste em altura e distância.

HB20 Launch Edition 1,6 automático – R$ 70 mil.

Como o Evolution 1,0, mais alarme volumétrico, banco traseiro bipartido 60:40, bolsas infláveis laterais dianteiras, câmera traseira de manobras, chave presencial para acesso e partida com botão, faróis automáticos, faróis de neblina, faróis elipsoidais com leds diurnos, luz no porta-luvas e nos para-sóis, retrovisores com rebatimento elétrico, rodas com face externa usinada.

HB20 Evolution 1,0 TGDI automático – R$ 67.190. • HB20S Evolution 1,0 TGDI automático – R$ 71.790.

Como o Evolution 1,0, mais controlador e limitador de velocidade, rodas com face externa usinada.

HB20 Diamond 1,0 TGDI automático – R$ 73.590. • HB20S Diamond 1,0 TGDI automático – R$ 76.890.

Como o Launch Edition 1,6 automático, mais comandos de trocas de marcha no volante, parada/partida automática do motor.

HB20 Diamond Plus 1,0 TGDI automático – R$ 78 mil. • HB20S Diamond Plus 1,0 TGDI automático – R$ 81.290.

Como o Diamond 1,0 TGDI automático, mais alerta de saída da faixa da via, bancos com couro marrom e acabamento na mesma cor, monitor de pressão dos pneus, monitor frontal com frenagem autônoma.

HB20X Vision 1,6 manual – R$ 63 mil. Automático – R$ 67.890.

Como o HB20 Vision, mais central de áudio Blue Media, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis de neblina, rodas de alumínio de 16 pol com face externa usinada, suspensão elevada.

HB20X Evolution 1,6 automático – R$ 69.890.

Como o HB20 Evolution, mais faróis de neblina, rodas de alumínio de 16 pol com face externa usinada, suspensão elevada.

HB20X Diamond 1,6 automático – R$ 75.190.

Como o HB20 Diamond, mais rodas de alumínio de 16 pol com face externa usinada, suspensão elevada.

HB20X Diamond Plus 1,6 automático – R$ 79.590.

Como o HB20 Diamond Plus, mais rodas de alumínio de 16 pol com face externa usinada, suspensão elevada. O revestimento é de couro cinza.

Próxima parte

 

Sedã HB20S buscou semelhança ao novo Elantra e ganhou em espaço de bagagem; interior segue as novidades do hatch, mas com acabamento em cinza claro

 

Injeção direta no motor turbo

Apesar da carroceria toda nova, o bastante para falarmos em segunda geração (entenda a diferença para reestilização), o novo HB20 baseia-se na plataforma anterior, reforçada pelo maior uso de aços de grande resistência. As medidas cresceram: 30 mm na distância entre eixos (para 2,53 metros), 20 mm no comprimento do hatch (3,94 m) e 30 mm no do sedã (4,26 m), 40 mm na largura (1,72 m), mantendo a altura. Por outro lado, o peso até diminuiu um pouco: o hatch mais equipado com motor 1,6 e caixa automática, por exemplo, caiu de 1.071 para 1.062 kg. Se ele preserva a capacidade de bagagem de 300 litros, a do HB20S passou de 450 para 475 litros.

 

 

O motor aspirado de 1,0 litro recebeu sistema de preaquecimento de álcool para partida a frio, enquanto o 1,6 (que já usava esse recurso) ganhou 1 cv com gasolina e 2 cv com álcool, passando a 123 e 130 cv, na ordem. A maior novidade é a injeção direta no 1,0-litro turbo, recurso que aumenta tanto a potência quanto a eficiência, ao permitir o aumento da taxa de compressão de 9,5:1 para 10,5:1. O item explica a sigla TGDI (Turbocharged Gasoline Direct Injection) e também dispensa tanque auxiliar para partida a frio.

Com a ajuda de variação do tempo de abertura das válvulas de escapamento (antes, só das de admissão), o motor turbo passou a produzir 120 cv e torque de 17,5 m.kgf a 1.500 rpm com qualquer dos combustíveis. Antes eram 98 cv e 13,8 m.kgf com gasolina e 105 cv e 15 m.kgf com álcool, com o pico de torque a 1.550 rpm. Como o 1,6 ainda oferece mais potência, é com ele que o HB20 acelera mais rápido com álcool: de 0 a 100 km/h em 10,5 segundos ante 10,7 s do TGDI, ambos automáticos. O manual de seis marchas é ainda mais ágil: 9,3 s.

 

Molduras largas nos para-lamas e rodas de 16 pol destacam o HB20X, que não recebeu o motor turbo; interior troca o acabamento marrom por escuro com detalhes laranja

 

Entre os automáticos sem parada/partida automática do motor, o TGDI é pouco mais econômico em cidade que o 1,6 e menos em rodovia conforme os padrões do Inmetro. Esse sistema (inédito no modelo) equipa as versões Diamond e Diamond Plus em toda a linha, sendo disponível no 1,6 apenas no HB20X. As suspensões foram mantidas, mas o “aventureiro” passou ao vão livre de 211 mm, mais 5 que antes. Os demais HB20 ganharam assistência elétrica de direção (só o “X” a usava), mais eficiente e prática em manutenção que a antiga hidráulica.

 

O HB20 TGDI deixa a sensação de carro “esperto”, com bom torque para o trânsito, e revela comportamento da suspensão que passa confiança em curvas

 

O Best Cars fez os testes oferecidos pela Hyundai na pista do aeroporto de Una-Comandatuba, com direito a provas de desempenho com um hatch TGDI. Foi possível acelerá-lo até 183 km/h indicados no painel (a velocidade final declarada é de 190 km/h), limitados pelo comprimento da pista, apenas 2 km. Seu funcionamento é suave, notando-se apenas em alta rotação as vibrações características dos motores de três cilindros. Também foram feitos testes de comportamento, em que o modelo se mostrou muito bem acertado e confirmou a utilidade do controle de estabilidade.

Em seguida a avaliação foi feita em rodovia em trecho de 90 quilômetros. Ao primeiro contato agrada a sensação de carro “esperto”, com o regime de torque bem trabalhado para o trânsito — o conversor de torque da caixa automática ajuda nessa impressão, amenizando eventual retardo até o turbo pressurizar. O HB20 revelou bom comportamento da suspensão e da direção, que passam confiança em curvas e alta velocidade com a sensação de controle do carro nas mãos. A suspensão trabalha bem tanto em irregularidades de altas frequências quanto em baixas, mas ao passar mais rápido em lombadas se mostra um pouco rígida.

 

Câmera determina frenagem automática e alerta de saída de faixa; injeção direta deu ao motor turbo mais potência e torque; ele agora vem com caixa automática

 

Em rolagem ele é silencioso e isola bem os ruídos externos. Apesar do bom arranjo do motor, a transmissão automática poderia ser mais rápida em retomadas: algumas vezes é lenta para responder. Por outro lado, as aletas atrás do volante permitem uma condução mais precisa e divertida que o antigo sistema limitado às trocas na alavanca. Não pudemos dirigir o sedã, enquanto o HB20X estava ausente da frota de avaliação.

 

 

A boa imagem criada pela marca para o HB20 tem um desafio com a nova geração: mostrar que o estilo pode, com o tempo, obter aceitação tão ampla quanto a de seu antecessor. É certo que o carro melhorou em vários aspectos — sobretudo em itens de segurança —, corrigiu algumas omissões em conveniências e aumentou um pouco o espaço interno, além de manter o argumento da ampla garantia de cinco anos. Contudo, terá pela frente o reforço de seu arquirrival Chevrolet Onix, que avançou mais em segurança e aplicou motor turbo em toda a linha do sedã Plus. Será uma boa competição pelo consumidor.

Mais Avaliações

 

Ficha técnica

HB20 1,0 HB20 1,6 HB20 1,0 TGDI
Motor
Posição transversal transversal transversal
Cilindros 3 em linha 4 em linha 3 em linha
Comando de válvulas duplo no cabeçote duplo no cabeçote duplo no cabeçote
Válvulas por cilindro 4, variação de tempo 4, variação de tempo 4, variação de tempo
Diâmetro e curso 71 x 84 mm 77 x 85,4 mm 71 x 84 mm
Cilindrada 998 cm³ 1.591 cm³ 998 cm³
Taxa de compressão 11,5:1 11,0:1 10,5:1
Alimentação injeção multiponto sequencial injeção direta, turbo, resfriador de ar
Potência máxima (gas./álc.) 75/80 cv a 6.000 rpm 123/130 cv a 6.000 rpm 120 cv a 6.000 rpm
Torque máximo (gas./álc.) 9,4/10,2 m.kgf a 4.500 rpm 16,0/16,5 m.kgf a 4.500 rpm 17,5 m.kgf a 1.500 rpm
Transmissão
Tipo de caixa e marchas manual, 5 manual ou automática, 6 automática, 6
Tração dianteira dianteira dianteira
Freios
Dianteiros a disco ventilado a disco ventilado a disco ventilado
Traseiros a tambor a tambor a tambor
Antitravamento (ABS) sim sim sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira pinhão e cremalheira pinhão e cremalheira
Assistência elétrica elétrica elétrica
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira eixo de torção, mola helicoidal
Rodas
Dimensões 5 x 14 pol ou 5,5 x 15 pol 5,5 x 15 pol 5,5 x 15 pol
Pneus 175/70 R 14 ou 185/60 R 15 185/60 R 15 185/60 R 15
Dimensões
Comprimento 3,94 m 3,94 m 3,94 m
Largura 1,72 m 1,72 m 1,72 m
Altura 1,47 m 1,47 m 1,47 m
Entre-eixos 2,53 m 2,53 m 2,53 m
Capacidades e peso
Tanque de combustível 50 l 50 l 50 l
Compart. bagagem 300 l 300 l 300 l
Peso em ordem de marcha 989 kg 1.030 kg* 1.091 kg
Desempenho e consumo (gas./álc.)
Velocidade máxima 158/161 km/h 185/190 km/h* 190 km/h
Acel. 0 a 100 km/h 15,4/14,5 s 9,7/9,3 s* 10,7 s
Consumo em cidade 12,8/9,1 km/l 12,5/8,6 km/l* 12,2/8,6 km/l**
Consumo em rodovia 14,6/10,1 km/l 14,7/10,3 km/l* 13,9/10,3 km/l**
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro; *caixa manual; **com parada/partida automática

 

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